Viver em condomínio tem sido cada vez mais priorizado por brasileiros na hora de escolher sua opção de moradia. Seja pela praticidade ou pela segurança, mais de 10 milhões de famílias elegeram este tipo de residência, um aumento em 68,7% nos últimos 10 anos, segundo levantamento realizado pelo IBGE.
Com o período de reclusão que vivemos desde início de 2020, naturalmente eles se tornaram o centro das atenções, já que mais pessoas estão passando o dia no lugar em que moram. Mas, nem tudo são flores, pois os gastos com as áreas coletivas são elevados por conta da mão de obra, serviço de limpeza e manutenção, aos quais são somadas as despesas de energia e água.
Tudo isso faz com que a taxa condominial represente cerca de 30% a até 70% do valor do aluguel. E diante da crise financeira que o país está passando, os síndicos vêm buscando alternativas para reduzir os custos e muitas delas são ancoradas nas tecnologias de informação.
Portaria hightech
Um exemplo disso é a adoção de portaria remota, em que o contato com o morador é feito por telefone por um profissional distante que monitora a entrada por câmeras. Fechaduras eletrônicas e com biometria também entram nesse pacote, garantindo o acesso dos moradores e até visitantes cadastrados.
Encomenda sem estresse
Outra comodidade que os condomínios vêm implementando são as áreas de entregas de encomendas e alguns possuem até geladeira para alimentos, dispensando qualquer contato humano até que o morador possa fazer a retirada.
Contratação de serviços digitalmente
Além disso, os condomínios estão utilizando marketplaces de serviços de manutenção, obras e reformas, como a Engelink, a maior do setor no Brasil. Ou mesmo contratando fornecedores previamente escolhidos por empresas que fazem serviços de gestão. ‘A ideia é ter acesso a preços mais baixos pelo ganho em escala proporcionado pela administradora’, explica o gerente de condomínios da APSA, Edgar Poschetzky.
Novas formas de gestão
Outro meio de economia está no investimento em administradoras ou empresas de gestão que utilizem tecnologias de informação, pois a automatização reduz os custos. Entre as empresas que apostaram nesta via está a incorporadora SKR, que lançou o Apepê, uma plataforma de ativação e integração entre moradores e condomínios, oferecendo desde serviços que fazem parte da dinâmica condominial, como gestão de portaria, até comodidades como, mercado, lavanderia, limpeza, entre outros. “Ele conseguiu conectar os moradores com o condomínio com a comunidade e os serviços que eles precisam. E como síndica, consigo entender o fluxo e uso do condomínio pela plataforma, bem como também me comunicar com todos. Ficou bem mais fácil e inteligente a nossa rotina”, explica a síndica profissional Camila Indes, de Moema, São Paulo.
Quem também apostou nesse caminho foi a APSA. “Hoje, tudo é muito mais rápido e simples também. Ganha-se também na facilidade com que os trabalhos cotidianos de gestão são feitos. O síndico e os conselheiros analisam os documentos, comentam e aprovam a prestação de contas com total transparência, pela via digital. Envio de documentos ou todas as informações necessárias para os pagamentos podem ser feitas pelo aplicativo, além do sistema no site. Há facilidade na disponibilização das cotas em cobrança, com opção de gerar a segunda via do boleto. Há agilidade para acompanhar os recebimentos e pagamentos do condomínio, pois todos os extratos ficam disponíveis”, explica Edgar Poschetzky.
Oportunidades e responsabilidades que a tecnologia traz
Com a chegada do 5G, além dos serviços que o condomínio pode desfrutar, a tecnologia traz a oportunidade de faturar com o aluguel do topo de prédios para antenas. “Com a necessidade de aumentar os investimentos em antenas, a tendência do mercado é buscar, também, soluções mais eficientes relativas ao custo. Nesse sentido, o principal impacto para os condomínios tende a ser a redução de áreas locadas, o que pode trazer consequentemente uma redução dos valores nominais dos aluguéis”, aponta Daniel Solis, advogado do escritório Nelson Wilians Advogados com 20 anos de experiência em contencioso empresarial.
Outro benefício que é uma mão na roda na vida do síndico é o blockchain, que aumenta a segurança na gestão de todas as informações e dados do condomínio, criando um histórico confiável dos dados e mais dificuldade nas fraudes. O resultado é mais transparência em questões espinhosas como prestações de contas e registros de atas de assembleias e outros documentos, por exemplo. “As principais vantagens que o síndico precisa ter em mente – sobre o blockchain – são a facilidade no registro de todos os contratos, documentos e acordos digitais celebrados. Isso acontece pela tecnologia de livro-razão distribuído, onde todos os participantes da rede têm acesso ao livro-razão distribuído e ao seu registro imutável de transações”, explica o professor de Direito da PUC-SP, André Salgado Felix.
Outro ponto que Felix destaca é a opção de criar contratos inteligentes, que aceleram as transações. “O conjunto de regras estipulado pelo condomínio é armazenado na blockchain e é executado automaticamente. Um contrato inteligente pode definir condições para execução de contratos, incluir termos para o pagamento dos mais diversos seguros do condomínio, entre outras automações”, aponta.
Mas, o uso da tecnologia no dia a dia do condomínio também trouxe responsabilidades para os síndicos quanto às informações sobre os moradores e visitantes, pedindo a atenção à LGPD. Atenta a isso, a APSA optou desenvolver um sistema completo de dados. “Até mesmo quando a taxa condominial é muita alta, a administradora consegue identificar o desvio comparando com valores praticados com condomínios similares na mesma região. E aí esmiuçamos tudo até chegar aos problemas e corrigi-los. Somos hoje uma empresa de dados na área condominial. E com eles, conseguimos identificar oportunidades de cortar custos em excesso”, complementa o gerente geral de condomínios, Giovani Oliveira.