A segurança em condomínios residenciais fechados é um fator decisivo para a compra. Sabendo disso, e considerando o crescente número de crimes, administradores de condomínios estão buscando novas formas de reforçar a proteção oferecida aos seus moradores.
Em meio a esse cenário, a Came do Brasil registrou um aumento de 60% na procura por equipamentos de alta segurança por condomínios residenciais nos nove primeiros meses do ano, em comparação ao mesmo período de 2021. “Estamos vendendo bollards, garras de tigre (dilaceradores de pneus) e road blockers, que estão sendo utilizados em áreas residenciais não só pelos bens que as pessoas querem resguardar em suas casas, mas também para proteger a própria integridade física e a vida dessas pessoas”, afirma Marco Barbosa, diretor da empresa que é líder mundial em produtos de automação de acesso.
A maior preocupação em reforçar a segurança pode ser explicada pela subida dos índices de criminalidade. De acordo com dados confirmados pela Secretaria de Segurança Pública (SSP), os furtos e roubos a condomínios aumentaram 11,09% no estado de São Paulo no primeiro semestre em relação ao mesmo período de 2021. Houve o registro de 2.494 ocorrências nos seis meses iniciais de 2022, depois das 2.245 entre janeiro e junho do ano passado.
Especialista em segurança, Marco Barbosa lembra que a preocupação com a criminalidade não é uma realidade vivida apenas em solo paulista. “Estamos vendendo equipamentos para condomínios em São Paulo, Cotia, Goiânia e outros lugares do país que estão se preparando de uma forma diferente do que faziam anteriormente, para reforçar a segurança em vários aspectos, por exemplo, para evitar a entrada de quadrilhas nesses lugares”, enfatiza.
O diretor da Came também vê que o modelo de proteção adotado pelos conjuntos residenciais está mudando em relação ao que se via até pouco tempo atrás. “Antes a segurança nos condomínios era aquela básica, com câmera de monitoramento e cancela, um padrão mínimo exigido. Hoje, não. Além do controle de acesso, estão sendo procurados equipamentos de alta segurança que muitas vezes são usados por grandes empresas e que em outros países são utilizados apenas contra o terrorismo”, afirma Barbosa.
A escalada dos crimes contra o patrimônio no Brasil também pôde ser constatada nos anos anteriores a 2022. De acordo com dados divulgados na última edição no Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o número de roubos a residências no país cresceu 5,45% em 2021 na comparação com 2020. Houve uma subida de 32.158 ocorrências para 33.911 no período seguinte. Já apenas no estado de São Paulo, a elevação no intervalo entre esses dois ciclos anuais foi de 4,79%, com 4.611 registros saltando para 4.832 no ano passado.
“Recebemos relatos quase que diários de crimes praticados contra condomínios. A gente acaba vendo essas imagens dos atos criminosos registrados pelas câmeras de segurança nesses locais e como isso vem acontecendo. É lamentável que a gente ainda tenha de conviver com esse tipo de coisa”, diz o diretor da Came, que enxerga a procura por alta segurança nos condomínios como uma consequência também da impunidade proporcionada pela falta de leis criminais mais severas para os bandidos.
“Enquanto não tivermos uma solução mais definitiva sobre as políticas de governo e principalmente as ações do judiciário em relação à segurança pública, isso vai ser uma tendência. Você não pode confiar no judiciário, pois muitas pessoas acabam ficando impunes por causa da atual legislação brasileira. As pessoas precisam se garantir e não podem conviver com a insegurança. Em termos de criminalidade, embora tenham diminuído um pouco nos últimos tempos, os índices são muito altos ainda”, analisa o especialista.