Dados do Centro Brasileiro de Análises e Planejamento (Cebrap) apontam que o Brasil tem hoje 386 mil pessoas trabalhando como entregadores de aplicativos. Este contingente realiza, diariamente, milhares de entregas nos condomínios em todo o país. Segundo o gerente de Novos Negócios da Cipa, Bruno Queiroz, falta desenvolver um protocolo de segurança mais uniforme para evitar que o delivery se transforme num calcanhar de Aquiles na segurança das unidades.
“Houve um aumento da circulação de pessoas estranhas nos condomínios. O serviço de entrega se desenvolveu rapidamente com a pandemia e veio para ficar. Por isso, os síndicos precisam criar mecanismos uniformes de segurança para diminuir esse acesso e conscientizar o morador de que a ida de diversos entregadores até a porta de cada apartamento pode gerar insegurança e a impossibilidade de uma resposta mais efetiva caso haja alguma ocorrência”, explica Queiroz.
O representante da Cipa também afirma que algumas medidas podem ajudar a melhorar o controle de acesso às áreas comuns dos prédios. “O que vem sendo recomendado por especialistas em segurança é que a mercadoria seja entregue ao porteiro. O morador pega o seu pedido na portaria ou solicita que ela seja colocada no elevador. Isso, claro, pode gerar incômodo, mas é melhor que permitir um acesso quase irrestrito a um número enorme de pessoas estranhas ao local”, aconselha Queiroz.
Para o CEO da J A Consultoria de Segurança, João Alberto Britto, a grande maioria dos entregadores são profissionais honestos e que buscam uma forma de levar o sustento para suas famílias. Ele apenas ressalta que, como em qualquer atividade, existem também aqueles que buscam nesse trabalho meios de acessar com facilidade áreas residências e descobrir as falhas no sistema de segurança dos condomínios.
“No caso dos condomínios que não renunciam à entrada dos entregadores, aconselhamos a proibição do acesso com o uso do capacete, que deve ser deixado na portaria, assim como da bag onde a mercadoria fica acondicionada. Além disso, é importante que o porteiro mensure o tempo de permanência do entregador nas dependências do condomínio”, alerta Britto.
No caso de condomínios sem porteiro, o aconselhável é que o morador desça para pegar a mercadoria ou que seja instalado um equipamento de passa volume. O próprio IFood reforça que seus colaboradores não são obrigados a fazer a entrega diretamente no apartamento. As motivações são várias, incluindo obediências às regras dos condomínios, segurança e a falta de local adequado para o entregador estacionar sua moto.
“Tivemos casos de moradores atacando entregadores e vice-versa nesse contexto em que os condomínios precisam ser mais assertivos. Ter medidas claras e bem comunicadas aos moradores ajuda e evitar tais situações. Os administradores precisam pensar em soluções para manter um ambiente seguro e que atenda às necessidades do morador”, explica Queiroz.