A escolha do síndico deixou de ser apenas uma formalidade das assembleias para se tornar uma decisão estratégica. A complexidade crescente dos empreendimentos, a multiplicidade de serviços e a sofisticação das áreas comuns transformaram o cargo em algo próximo a uma gerência executiva. Hoje, não se discute apenas quem ocupará a cadeira, mas qual modelo de gestão melhor atende à realidade de cada condomínio, se o síndico morador, eleito entre os condôminos, ou o profissional contratado.
O síndico morador representa a tradição democrática da vida condominial. Ele convive diariamente com os vizinhos, conhece os detalhes da infraestrutura e, em muitos casos, tem mais facilidade para perceber problemas e resolvê-los rapidamente. Sua presença cotidiana cria confiança e fortalece o senso de pertencimento.
O síndico morador precisa manter o distanciamento e a imparcialidade em situações de conflito, conciliar a sindicatura com sua vida pessoal.
O síndico profissional surge como uma opção à nova realidade do mercado. A cada ano, o espaço para os profissionais contratados vem aumentando, refletindo a diminuição do interesse dos moradores em assumir um cargo tão exigente e do aumento da complexidade administrativa dos empreendimentos. Condomínios com múltiplas torres, áreas de lazer que funcionam como clubes e dezenas de contratos ativos demandam gestão especializada, domínio da legislação e capacidade de planejamento financeiro.
De qualquer maneira, independentemente do modelo escolhido, há um ponto em comum: nenhum síndico, morador ou profissional, consegue entregar resultados sozinho. O apoio da administradora de condomínios é imprescindível para dar suporte jurídico, financeiro e operacional, reduzindo riscos e garantindo eficiência. Mais do que nunca, a governança condominial se tornou um trabalho de equipe, que exige processos claros, transparência nas contas e participação dos moradores
A decisão da assembleia, portanto, deve ir além da comparação simplista entre “custo do morador” e “salário do profissional”. É preciso avaliar o grau de engajamento da comunidade, a complexidade da estrutura e a maturidade da governança interna.
Ser síndico, em qualquer modelo, significa assumir responsabilidades que combinam liderança, técnica e resiliência. Ao deliberar sobre o formato de gestão, a assembleia não está apenas escolhendo quem “tem a caneta na mão”, mas definindo a forma como a comunidade se organiza, protege seu patrimônio e constrói seu futuro coletivo.
*Por Omar Anauate, presidente da AABIC