A 17ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgada pelo Fórum de Segurança Pública deste ano, mostra que em 2022 tivemos uma redução de 2,4% no número de mortes violentas no Brasil, em relação ao ano anterior. É um dado que precisa ser comemorado, pois aponta uma luz no fim do túnel. Entretanto, esse percurso ainda é muito longo e tortuoso para sairmos do buraco onde ainda estamos.
Apesar da melhora, ainda temos 47.398 vítimas de assassinato no ano passado. Em uma conta simples, chegamos a mais de cinco mortes por hora causadas por violência em nosso país. No total, 76,5% delas foram cometidas com o uso de arma de fogo.
São números muito altos, se comparados com os dos países mais desenvolvidos. Para se ter uma ideia, nos Estados Unidos, que enfrentam uma grande crise de segurança pelo crescimento dos índices de violência, foram pouco mais de 20 mil homicídios em 2021, o dado mais recente divulgado pelo FBI. A taxa deles é de 6,9 por 100 mil habitantes, enquanto a nossa bate os 23,3.
Por isso, é preciso destacar reduções em alguns indicadores, que já vinham ocorrendo desde 2020, pois no ano passado foram poupadas 937 vidas, na confrontação com os dados da edição anterior do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicada em 2022. Entretanto, é necessário analisar profundamente também como podemos salvar ainda mais pessoas.
Os números do anuário publicado neste mês apontam os grupos da população mais expostos a essa criminalidade. Entre os afetados, 91,4% são homens, 76,5%, negros, e 50,2% integram a faixa etária entre 12 e 29 anos. Esse é o perfil da população que merece atenção das políticas públicas. Por que essas camadas do povo brasileiro hoje são os principais alvos? O que pode ser feito para mudar esse quadro em 2023 e nos próximos anos?
É necessário pensar em estratégias de curto, médio e longo prazo para atacar o problema e diminuir o risco que estes homens, negros e jovens sofrem todos os dias. Estamos falando de uma população mais carente em sua maioria, que precisa da ajuda do Estado para fugir da criminalidade. Educação, moradia, saúde devem estar no foco para gerar oportunidades para essa faixa menos favorecida. Esse ciclo virtuoso impacta diretamente na diminuição da violência.
Somente assim poderemos comemorar de forma completa as estatísticas de segurança do nosso país, sem seguir chorando pelas suas vítimas.