O conceito de premiumização, já consolidado em setores como o da beleza, vem ganhando força no mercado imobiliário e transformando o modo de viver nas grandes cidades. A tendência está associada à busca por conveniência, tecnologia e bem-estar, atributos que passaram a compor a nova definição de luxo urbano. No centro desse movimento, o modelo multifamily, em que edifícios são desenvolvidos e operados exclusivamente para locação, ganha escala e consolida um novo padrão de moradia.
Mais do que um novo tipo de empreendimento, ele simboliza uma mudança de mentalidade. O público-alvo é composto majoritariamente por jovens profissionais e famílias das classes A e B, que priorizam localização, praticidade e flexibilidade e experiência. “Assim como em outros setores, o imobiliário vive um processo de sofisticação e personalização. A moradia deixou de ser apenas um ativo físico para se tornar um serviço”, afirma Vitor Costa, country manager da Greystar Brasil, empresa global especializada no segmento.
A tecnologia tem papel central nessa transformação, com aplicativos que permitem ao morador reservar espaços comuns, agendar manutenções e interagir com a equipe do edifício. Já a gestão profissional garante manutenção constante, atendimento ágil e padronização de serviços, elevando o patamar de qualidade do aluguel urbano.
Outro destaque do modelo é a curadoria de espaços comuns, que vão desde academia, coworking e espaços pet até sala de podcast e music room, e a oferta de atividades integradas, como aulões de yoga e degustações gastronômicas, que ampliam o senso de comunidade e aproximam o modelo de hospitalidade, criando o que especialistas chamam de novo morar urbano. “A curadoria de espaços reforça o conceito de exclusividade, com áreas compartilhadas que estimulam convivência e o networking”, complementa Costa.
Embora o mercado de moradia por locação ainda represente apenas 28% no Brasil, o número revela um grande espaço para expansão quando comparado aos 34% dos Estados Unidos, onde todo esse percentual já está concentrado nesse modelo. A diferença evidencia o quanto o setor brasileiro ainda tem a evoluir, especialmente diante da mudança de comportamento do consumidor e da busca por experiências de moradia mais flexíveis e completas.
“Em vez de substituir o modelo tradicional, o multifamily tende a redesenhar o mercado de locação, elevando o padrão de qualidade e consolidando o aluguel como uma escolha de estilo de vida e não apenas uma alternativa à compra”, destaca Costa.
Mercado em expansão
O avanço do multimfaily e da premiumização está diretamente ligado à maturidade do mercado de locação. Com a Selic ainda em 15%, o aluguel se torna uma alternativa mais racional do que a compra financiada, especialmente nas capitais. Ao mesmo tempo, investidores institucionais e fundos imobiliários começam a enxergar na locação de longo prazo uma fonte previsível de receita e valorização patrimonial, com riscos diluídos e gestão profissional.
De acordo com dados da Siila, o setor de cresceu 3,5% no primeiro trimestre de 2025. Atualmente, mais de 12 mil unidades estão em operação no país, refletindo o amadurecimento do modelo e o interesse crescente de investidores e moradores. Antes concentrado em São Paulo, o movimento se expande para outras cidades, com novos empreendimentos no Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Curitiba.
