A partir das décadas de 1960 e 1970, as varandas passaram a ganhar destaque e se consolidaram como um padrão na construção civil brasileira. Paralelamente, as cozinhas passaram a ser integradas às salas de estar e jantar, reforçando o conceito de ambientes sociais ampliados.
Com a expansão imobiliária, esses espaços assumiram um papel central nos apartamentos. No período de 2000 a 2020, período marcado pelo avanço e pela ampla adesão a soluções conectadas, equipamentos modernos como geladeiras duplex, cervejeiras, grills, lava-louças, adegas, churrasqueiras e coifas entre outros, além de estarem presentes em varandas e cozinhas, passaram a ter conectividade, as chamadas varandas e cozinhas inteligentes.

Esses espaços inteligentes são sinônimo de eletrodomésticos conectados à internet – IoT ou Internet das Coisas, que podem ser controlados por meio de smartphones ou tablets. São sistemas que proporcionam ambientes confortáveis e o uso eficiente de energia e água.
Com uma rede bem estruturada e planejamento, algumas construtoras entregam a infraestrutura para a automação futura, permitindo a compatibilização dos sistemas aos dispositivos como
Alexa ou Google Assistant.
Mas, a optar por sistemas de automação residencial, ou sem automação, sobretudo em reformas, exigem cuidados específicos e atenção rigorosa à segurança e à infraestrutura.
Desde a fase de projeto, é fundamental que a infraestrutura considere quais equipamentos, utilizados na varanda e na cozinha, sejam integrados ao sistema de automação. Isso determinará a
robustez ou a simplicidade do projeto que deverá ser executado por empresas especializadas.

Tão importante quanto a infra para a conectividade é a infraestrutura elétrica, garantindo o dimensionamento adequado de todos os equipamentos, evitando que futuramente moradores realizem extensões improvisadas — as famosas “gambiarras”, podendo comprometer a segurança do apartamento e do condomínio.
Quanto ao projeto de infraestrutura elétrica é imprescindível considerar itens como disjuntores e fiação adequados, disjuntores termomagnéticos, aterramento eficiente entre outros itens comentados nas normas técnicas vigentes para instalações elétricas.
Equipamentos de alta potência, como os citados, exigem uma capacidade de carga maior e circuitos dedicados exclusivos evitando sobrecargas.
De acordo com Lucas da Titan Eletro para o projeto e a instalação de churrasqueiras elétricas, são necessários: ponto elétricos dedicados no quadro do apartamento, disjuntor com potência entre 20A ou 25A, circuito exclusivo, tomada 220V, pois a maioria das churrasqueiras elétricas utilizam essa voltagem, fiação mínima 4 mm2, ventilação frontal livre, aterramento eficiente e outras informações que deverão seguir as recomendações do fabricante, garantindo o funcionamento
seguro e duradouro.
Essa atenção também deve existir nas áreas comuns, quando a construtora reserva o espaço para que as futuras instalações sejam realizadas pelo condomínio, tendendo a ser tecnicamente
inadequadas.
Outro ponto essencial é a prevenção contra incêndios, frequentemente negligenciada. As instalações devem estar alinhadas às normas regulamentadas e às instruções técnicas do Corpo de Bombeiros. Equipamentos que geram calor ou consomem muita energia elevam o risco de incêndio, tornando indispensável manter o Plano de Prevenção e Combate a Incêndio atualizado, testar mensalmente sistemas de detecção e alarme, disponibilizar extintores adequados e realizar manutenção elétrica e limpeza regular de exaustores para evitar acúmulo de gordura, pois gordura é altamente inflamável.
Da mesma forma, portas corta-fogo devem estar sempre em perfeito funcionamento para impedir a propagação de chamas entre pavimentos.
Quando o assunto é alternativa de cocção, as churrasqueiras a gás se destacam como uma solução segura e prática, desde que utilizem gás natural – GN ou encanado, e não botijões. Para assegurar o funcionamento adequado e a segurança do ambiente, as instalações deverão ser realizadas por profissional credenciado, prevendo dutos de ventilação, nichos com dimensões adequadas e revestimentos resistentes ao calor.
O GN depende da rede de distribuição na região, devendo ser verificada junto à concessionária. Em novos empreendimentos, essa configuração se torna cada vez mais comum, oferecendo economia, eficiência e redução de emissões poluentes. Segundo a Comgás, após um estudo de soluções técnicas, no sistema podem ser incluídas outras instalações do condomínio, proporcionando economia de energia e redução de emissões poluentes.
Mas, e as churrasqueiras a carvão nas varandas? Em alguns empreendimentos, a flexibilização de planta permite ao comprador escolher entre instalar a churrasqueira a carvão ou abrir mão dela,
ampliando a área social. Embora os modelos elétricos e a gás sejam mais adequados para apartamentos, devido à baixa geração de fumaça, existem churrasqueiras a carvão com menor emissão, que podem ser utilizadas, desde que cumpram requisitos específicos.
Nesse caso, os projetos e as instalações também devem ser desenvolvidos por profissionais e empresas experientes, garantindo um sistema eficiente, com exaustor próximo à cobertura, dutos bem dimensionados, filtragem ou lavagem de gases e um item importante, as vezes ignorado, o controle de ruído e vibração para a máquina do exaustor que deverá ser montada sobre coxins.
Independentemente do modelo de churrasqueira, todos os projetos e instalações elétricas e mecânicas devem ser realizados por profissionais e empresas qualificadas e, quando necessário,
credenciados pelas concessionárias da região responsáveis pelo sistema a gás. Além disso, é obrigatório solicitar a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) ou o Registro de Responsabilidade Técnica (RRT), assegurando a conformidade e a responsabilidade técnica do projeto e da execução.
Outro equipamento muito presente nas cozinhas e varandas, especialmente aquelas com churrasqueira, independentemente do modelo, é o ar-condicionado. Para garantir conforto térmico e desempenho eficiente, o projeto e a instalação devem ser realizados também por empresas e profissionais especializados, garantindo a compatibilização entre os sistemas, sem comprometer a eficiência de nenhum dos equipamentos e, principalmente, sem alterar a fachada com a necessidade da instalação das condensadoras, sendo necessária uma aprovação prévia do condomínio.
Não há legislação que proíba churrasqueiras em varandas, mas existem códigos municipais, normas técnicas e o regimento interno do condomínio com observações importantes que deverão ser rigorosamente consideradas.
Seguindo essas orientações, seu churrasco na varanda não apenas será possível, como também se transformará em um momento de celebração agradável, seguro e cheio de boas lembranças para compartilhar com familiares e amigos!
*Por Ana Paula Capuano é arquiteta, especialista em acessibilidade, professora universitária e mestre em Ciências Ambientais.
