Com o crédito mais restrito e os juros ainda em patamares elevados, jovens brasileiros têm recorrido ao consórcio imobiliário como alternativa para iniciar a construção do próprio patrimônio. A tendência, que se intensifica entre investidores iniciantes e conectados digitalmente, revela uma mudança no comportamento financeiro, ao evitar o financiamento tradicional, esse público busca opções que conciliam planejamento de longo prazo com flexibilidade e menor exposição a riscos.
Segundo Juciel Oliveira, CEO da Monteo Investimentos, empresa especializada em estratégias de alavancagem patrimonial por meio de consórcios, o número de jovens interessados nessa modalidade aumentou de forma expressiva nos últimos anos. “O consórcio permite começar pequeno, com parcelas viáveis, utilizando os rendimentos de outras aplicações para custeá-las. Isso viabiliza a alavancagem patrimonial sem comprometer a liquidez”, afirma o executivo.
Dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcio (ABAC) confirmam o avanço, o setor movimentou R$ 191,11 bilhões em créditos no segmento de imóveis em 2024, o que representa um crescimento de 35% em relação ao ano anterior.
O perfil dos novos consorciados rompe com a ideia de que investir é privilégio de quem já acumulou capital. Levantamento do Google indica que quatro em cada dez brasileiros que ainda não investem têm interesse no tema, mas enfrentam barreiras como a linguagem técnica, a falta de orientação e a percepção de que o mercado financeiro é restrito a pessoas ricas. “O que afasta as pessoas não é a falta de vontade, mas sim a forma como o investimento é apresentado. Quando a linguagem é travada e o processo é desenhado para quem já entende, esse público fica de fora. Nosso papel é abrir essa porta”, destaca Juciel Oliveira.
A lógica por trás da estratégia é simples, com uma carteira de R$500 mil rendendo 0,7% ao mês, por exemplo, é possível direcionar os R$3.500 de rendimento para o pagamento de parcelas de uma carta de R$1 milhão. O investidor mantém os ativos aplicados e, ao ser contemplado, adquire um imóvel que pode gerar renda com aluguel ou valorização.