Um evento diferente, de adaptação. Assim pode ser resumido o Carnaval de 2022, o primeiro desde o início da pandemia devido ao coronavírus, em 2020. Por causa do aumento do número de casos, diferentes cidades, como Rio de Janeiro e São Paulo, já anunciaram que as festividades, incluindo os desfiles das escolas de samba, serão adiadas para abril, no feriado de Tiradentes.
No entanto, o feriado de Carnaval – nas cidades nas quais a data é feriado – não será adiado. Ele foi mantido para terça-feira, dia 1º de março. Com isso, a tendência é que eventos particulares e festas privadas, inclusive em condomínios, ganhem força para que as celebrações ocorram com certa normalidade, apesar dos casos de Covid-19. Com a doença ainda em alta no Brasil, os cuidados não podem ser dispensados e precisam ser redobrados, como afirmou Rodrigo Santos, sócio da Smart Administradora.
“De fato, a alteração de data das festividades de Carnaval apresenta uma tendência de maior permanência de condôminos nos condomínios durante o feriado. Diante disso, estamos sugerindo a adoção dos critérios de redução de quantidade e verificação da condição de saúde dos moradores durante a participação no evento. Claro que, sempre em observação às determinações dos órgãos oficiais de saúde para uma eventual maior restrição”, explicou Santos.
Em algumas cidades, eventos privados estão adotando o passaporte vacinal para que a entrada das pessoas seja permitida. Para isto, os convidados precisam apresentar a carteirinha de vacinação, disponível no aplicativo Conecte SUS, do Ministério da Saúde, com, pelo menos, duas doses da vacina já tendo sido aplicadas. A medida, é claro, levou a outro problema, que foi a falsificação de cartões de vacinação, que já está sendo investigada pelas autoridades.
Dessa forma, mesmo sem a obrigatoriedade em todas as cidades, eventos privados enxergam no passaporte vacinal uma forma de manter baixo o risco de contágio por Covid-19. Apesar de oferecer uma defesa maior ao vírus, a medida não impede o contágio. Em entrevista ao Condo.News, a doutora Ana Sodré, médica epidemiologista, explica que o comprovante vacinal “não garante salvo conduto, devido às características dessa cepa viral” e recomenda aos condomínios, que forem realizar eventos, manterem outras medidas de segurança de saúde, como afastar pessoas gripadas das celebrações.
“Seria de bom tom os condomínios fazerem uma avaliação das famílias. Nas reuniões de condomínio, estabelecerem as informações para o funcionamento e a organização de como serão feitas as festas carnavalescas, orientando sobre os protocolos e como agir em caso de pessoas sintomáticas”, destacou a médica.
Ademais, a doutora Ana Sodré reforçou a necessidade de informação clara e de boa qualidade para que as pessoas possam combater o contágio do vírus, admitindo, por outro lado, que o vírus “vai espalhar devido à alta infectividade dessa cepa viral”. Apesar da atual redução do número de óbitos, a taxa de infecção pelo Covid-19 continua muito elevada. Até o momento, o Brasil já registrou mais de 25 milhões de casos de coronavírus e mais de 630 mil mortes.
Como organizar um evento com segurança
“Os eventos estão sendo pensados e executados com cautela. Desde o início da pandemia, momento em que houve a paralisação total do uso das áreas comuns dos condomínios, os critérios que sugerimos sempre foi cautela e bom senso, uma vez que, apesar de entendermos como muito importante a utilização das áreas comuns pelos condôminos, não podemos deixar de considerar os riscos que a pandemia trouxe a todos. Dessa forma, então, a execução dos eventos está sendo realizada com as cautelas de quantidade, identificação e verificação de condição de saúde dos condôminos e convidados ao permanecerem nas áreas comuns, de modo a tentar garantir ao máximo a segurança de todos”, destacou Rodrigo Santos.
Além da preocupação com a saúde neste período pandêmico, outras situações precisam ser analisadas e estudadas ao organizar um evento para todo o condomínio. Santos explica que há situações nas quais os condôminos organizam as festividades, enquanto, em outros momentos e locais, a organização parte do síndico e do conselho, podendo, inclusive, contratar uma empresa externa para a execução do planejamento.
“Entendemos que para realizar um evento que agrade a maior parte dos condôminos, devem ser observadas regras básicas de uso das áreas comuns, como lotação adequada para cada ambiente, cuidado com o conteúdo e gênero das músicas, vídeos e vestimentas de festa, de modo a manter a adequação para o público de todas as idades. E, por fim, propiciar a integração de todos que participam da festa buscando realizar atividades e brincadeiras que os envolvam enquanto estão no evento”, reforçou o sócio da Smart Administradora.
Luciano Viana, CEO do Grupo Foxx, empresa especializada na organização de eventos em condomínios, também compartilha da preocupação de Rodrigo Santos, tanto em relação ao período pandêmico quanto o cuidado para atender todos os condôminos envolvidos nas festividades, inclusive pessoas com deficiência (PcD). Viana destaca a importância de ter profissionais qualificados para dar atenção às pessoas com necessidades especiais, para que elas possam participar de quaisquer eventos.
“Cuidado é sempre ter uma atividade na qual, realmente, qualquer evento dê para entreter tanto os adultos quanto as crianças. Quando o evento é muito focado no adulto, a gente sempre faz uma adaptação para as crianças. Quando o evento é para criança, a gente faz alguma adaptação para os pais que estejam ali, o que eles têm que fazer. Sempre rola uma estratégia para estar agradando todos os públicos”, afirmou Viana.
Por fim, com a expertise de produzir mais de 50 eventos por ano com o seu sócio Adriano Klingelbt, Luciano Viana apontou que uma das principais preocupações na hora de realizar eventos no período pandêmico é evitar aglomeração, além da adoção dos equipamentos de segurança, como máscaras e álcool em gel, e da orientação para que os participantes das festividades mantenham o distanciamento social.