Quando se trata de condomínios residenciais, a preparação de um ambiente seguro durante períodos de férias exige um planejamento minucioso capaz de antecipar vulnerabilidades e estabelecer rotinas claras de prevenção.
Residências e condomínios tendem a permanecer parcial ou totalmente vazios nesses períodos, tornando-se alvos potenciais para furtos, invasões e incidentes relacionados à ausência de vigilância. Segundo pesquisa do Instituto Real Time Big Data, realizada no ano passado, 73% dos brasileiros se preocupam com o alto índice de roubos e furtos em residências no período das férias.
Para tornar esses ambientes mais seguros durante esses períodos, é importante chamar a atenção para algumas situações comuns que podem revelar vulnerabilidades como o recebimento de entregas de última hora, a gestão das chaves deixadas com terceiros e o uso de sistemas de monitoramento por câmeras.
O gerenciamento de entregas tem ganhado relevância à medida que o comércio eletrônico se tornou parte do cotidiano. Um imóvel temporariamente desocupado, mas com circulação de entregadores, representa um risco operacional se não houver controle minucioso. Protocolos recomendados incluem a centralização das entregas em portarias com registro formal, uso de lockers inteligentes em condomínios, ou, no caso de residências, autorização prévia para que encomendas sejam encaminhadas a vizinhos de confiança ou pontos de retirada.
Sistemas de aviso automático, integrados a aplicativos de segurança, também são importantes instrumentos de proteção, pois permitem que o responsável acompanhe remotamente cada tentativa de entrega, o que reduz o risco de interação direta entre entregadores e áreas vulneráveis.
A gestão de chaves durante as férias também é um tema sensível e, frequentemente, negligenciado. A prática de deixar chaves com parentes, vizinhos ou funcionários deve ser acompanhada de critérios rigorosos. O ideal é trabalhar com chaves codificadas ou com fechaduras eletrônicas que permitam acessos temporários — senhas que expiram, registros de entradas e saídas e até bloqueio imediato em caso de uso indevido.
Quando o uso de chaves físicas é inevitável, recomenda-se adotar envelopes selados com registro de entrega, devidamente documentado, além de restringir o acesso ao menor número de pessoas possível. Outros cuidados complementares incluem evitar esconder chaves em locais comuns — como vasos, caixas de energia ou tapetes — que são amplamente conhecidos por criminosos.
O uso inteligente do monitoramento por câmeras também é um elemento importante para auxiliar na segurança dos imóveis. Em áreas esvaziadas, o sistema de vigilância não deve apenas registrar imagens, mas funcionar como ferramenta ativa de detecção. A adoção de câmeras com sensores de movimento, visão noturna e análise inteligente de comportamento permite que alertas sejam enviados em tempo real ao responsável ou ao serviço de segurança contratado.
Locais críticos, como acessos secundários, garagens, depósitos e áreas de circulação pouco iluminadas, devem receber atenção especial. O posicionamento estratégico das câmeras, aliado a placas de aviso visíveis, tem efeito de dissuadir os criminosos, reduzindo a probabilidade de tentativa de invasão. Se o condomínio contar com empresa de segurança especializada, é de bom grado sugerir a intensificação de rondas no local, para o monitoramento do ambiente.
Essas recomendações formam a espinha dorsal de um plano de segurança de férias moderno e eficaz. A integração entre protocolos operacionais, tecnologia e boas práticas de gestão garante a proteção do patrimônio e a tranquilidade do usuário durante períodos prolongados de ausência. A segurança, nesse contexto, deixa de ser reativa e passa a ser uma estratégia preventiva, em que cada decisão é orientada pela antecipação de riscos e pela mitigação de oportunidades para ações mal-intencionadas.
*Por Vinicius Freitas é diretor de Operações do Grupo GR
