Dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que, entre 2000 e 2023, a proporção de idosos (60+) na população brasileira quase duplicou, passando de 8,7% para 15,6%. Em 2070, cerca de 37,8% dos habitantes do País serão idosos, ou seja, um terço da população. “Até 2070, nossa pirâmide populacional estará totalmente invertida”, afirma o pesquisador Márcio Mitsuo Minamiguchi, do IBGE.
No próximo mês, em 1º de outubro, serão celebrados o Dia Internacional das Pessoas Idosas e o Dia Nacional do Idoso, datas que trazem a reflexão sobre a importância de promover uma qualidade de vida digna e confortável para a população idosa. Em um cenário em que o envelhecimento da população é uma realidade crescente, muitos idosos estão optando por viver em condomínios, atraídos pelas vantagens que esses ambientes oferecem, como segurança, acessibilidade e facilidades que atendem às suas necessidades específicas.
“Transformar o condomínio em um ambiente acolhedor melhora não só a qualidade de vida dos idosos, mas também cria um ambiente inclusivo e seguro que pode beneficiar todos os moradores do condomínio e que, inclusive, também chegarão a essa fase da vida”, explica o presidente da Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo (AABIC), Omar Anauate.
No contexto da mobilidade, entre os pontos principais estão a instalação de rampas de acesso em substituição às escadas, respeitando as normas técnicas de inclinação máxima; pisos antiderrapantes para evitar escorregões e quedas; corrimãos em ambos os lados das escadarias, e a adaptação das portas, que devem ser largas o suficiente para a passagem de andadores ou cadeiras de rodas, além de banheiros nas áreas comuns com barras de apoio.
Iluminação suficiente e bem-posicionada em áreas comuns, escadas e entradas também se faz necessária para evitar acidentes. Alarmes de emergência em áreas comuns e botões de chamada em unidades residenciais para emergências também é uma medida importante.
A comunicação também precisa de atenção, com sinalização clara e legível nas áreas comuns e em elevadores, com fontes grandes e contrastantes. Na questão de conforto e bem-estar, áreas externas bem cuidadas, com bancos e caminhos acessíveis proporcionam um ambiente agradável ao ar livre.
A adequação nos condomínios, no entanto, é um desafio. O presidente da AABIC ressalta que promover a acessibilidade não é tarefa simples, especialmente em unidades mais antigas, pois exige um investimento considerável e pode gerar transtornos durante o período de obras. Ele ressalta que essas ações demandam um planejamento de curto, médio e longo prazo, e o sucesso do empreendimento depende do engajamento de todos. “É importante criar uma cultura de acessibilidade entre os funcionários e os moradores, para que todos entendam que as adaptações não são apenas uma obrigação legal, mas um dever social e uma atitude de empatia”, diz.
De olho no futuro
Muitas construtoras já estão investindo em acessibilidade nos novos projetos, antecipando-se às demandas futuras. “Essa iniciativa não apenas evita a necessidade de reformas posteriores, como também assegura que os condomínios estejam prontos para acolher moradores de todas as idades com segurança e dignidade. Ao incorporar elementos como rampas, elevadores adaptados, barras de apoio em banheiros e áreas comuns acessíveis desde o início do planejamento, as construtoras atendem a uma expectativa crescente dos consumidores por espaços que promovam qualidade de vida e autonomia”, pontua Anauate.
O executivo também destaca que é fundamental que o mercado da construção civil compreendam que a acessibilidade não é apenas uma obrigação legal, mas uma demanda real do mercado. “Os compradores de imóveis estão cada vez mais conscientes e buscam espaços que ofereçam qualidade de vida e autonomia, especialmente para seus familiares idosos”, diz.
Acessibilidade é para todos
Muitas pessoas acreditam que, por não serem idosas, a acessibilidade não diz respeito a elas. No entanto, esquecem-se de que, a qualquer momento, podem sofrer um acidente, uma doença ou mesmo enfrentar limitações temporárias que exigem adaptações no ambiente ao seu redor. “Além disso, todos nós temos entes queridos que, com o tempo, podem enfrentar desafios de mobilidade. Portanto, criar ambientes acessíveis é garantir que todos, em qualquer fase da vida, possam desfrutar plenamente de suas casas e da convivência em comunidade. A acessibilidade deve ser uma prioridade para todos nós, não apenas para aqueles que já precisam dela”, conclui o presidente da AABIC.
O presidente reforça que a acessibilidade é um tema que envolve a todos, pois em diferentes momentos da vida podemos enfrentar situações que nos levem a precisar de ambientes adaptados. Embora muitos pensem que a acessibilidade está relacionada apenas a idosos ou pessoas com deficiência permanente, imprevistos como acidentes, doenças ou limitações temporárias podem afetar qualquer pessoa. “Além disso, familiares ou amigos próximos também podem vir a necessitar de adaptações em algum momento. Por isso, ao criarmos ambientes acessíveis, garantimos que todos possam usufruir deles com conforto e segurança, independentemente da fase da vida em que se encontrem. ‘A acessibilidade é uma questão relevante para toda a sociedade, não apenas para quem já enfrenta essas necessidades”, endossa o presidente da entidade.