No dia 30 de novembro comemora-se no Brasil o Dia do Síndico, figura essencial para o bom funcionamento de um condomínio. Só quem exerce a função sabe as dores e as delícias de ser um profissional que além de prezar pela organização do local tem que lidar com os conflitos do dia a dia e cuidar para que haja sempre harmonia e boa convivência entre os moradores. A data foi criada oficialmente em 1984, pelo então governador do Rio de Janeiro, Leonel Brizola, para homenagear esses profissionais. Algumas cidades, como o Rio de Janeiro, comemoram também a data no dia 23 de abril.
Tendências para gestão condominial 2023
Lucia Helena Assis Fernandes da Costa, síndica orgânica com pós em Direito e Gestão condominial e está no segundo mandato, no qual ficará por mais 02 anos no Condomínio Conjunto Residencial Olímpia-Niterói, acredita que os síndicos vão continuar se atualizando para melhor atender os condôminos. “Observo que o assunto condomínio está em evidência em busca de melhorias e capacitação para gestores. Houve muitos eventos nos últimos anos. Acredito que em 2023 mais profissionais estejam se capacitando para uma melhor. gestão. Minha expectativa é buscar ainda mais conhecimento para aplicar melhorias constantes e melhor atender nossos clientes(condôminos)”.
David Santos, síndico profissional, há oitos anos, na Apsa, com formação em Engenharia Ambiental e com pós em Administração Estratégica, atua em condomínios residenciais e comerciais. Um deles é o residencial Volp 40 localizado em Botafogo. Ele pretende levar mais entretenimento para os condôminos em 2023. “Eu espero que cada vez mais os condomínios, se tornem locais mais autônomos, no sentido de clube. Já levamos para o nosso condomínio queijos e vinho, por exemplo. O objetivo é proporcionar mais eventos para que os moradores tenham de tudo dentro do condomínio”, diz
Desafios
A síndica revela que o momento mais desafiador para a gestão foi durante a pandemia de Covid-19. “Gestão de gente e conflitos, durante a pandemia, foi o maior desafio para os gestores, pois não somos treinados para esse obstáculo. Ela acredita que quanto mais conhecimento sobre o ramo condominial, melhor. “Quem já tem experiência com Recursos Humanos consegue com maior desenvoltura lidar com esses acontecimentos e fica mais fácil gerenciar.No meu caso, a mudança aconteceu através da minha busca em conhecimento”,acredita. Lúcia diz que resolveu voltar a estudar para entender melhor como funcionava um condomínio em sua integralidade.
Para David o maior desafio ainda é o comportamento dos moradores. “Meu maior obstáculo continua sendo o comportamental. Seja no residencial ou comercial. Cada morador tem sua ideia, sua filosofia e sua criação. Muitos não têm a vivência de um condomínio, pois vieram de casa. No caso do comercial, são proprietários da primeira loja, e não estão adaptados às regras. Aplicar as regras é fácil, pois está escrito, na convenção, no regimento interno”, diz. David diz ainda, que as novas leis como a que o síndico pode até expulsar um condômino por má conduta e a da assembleia permanente, ajudam na administração, mas ainda tem muita coisa para melhorar, pois as pessoas ainda precisam aceitar que o coletivo prevalece e como na política, muitos não aceitam as decisões tomadas pelas maioria ”, explica.
Condomínio e suas particularidades
Segundo estimativa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística a população brasileira envelheceu (IBGE), população total do país foi estimada em 212,7 milhões em 2021, o que representa um aumento de 7,6% se comparado a 2012. Nesse período, a parcela de pessoas com 60 anos ou mais saltou de 11,3% para 14,7% da população. Em números absolutos, esse grupo etário passou de 22,3 milhões para 31,2 milhões, crescendo 39,8% no período. Lúcia Helena é síndica de um condomínio composto por 48% de condomínio com maiores de 60 anos.
Questionada sobre os desafios enfrentados ao lidar com condôminos nessa faixa etária, ela diz que os desafios são físicos.”Atender a demanda na adaptação das necessidades de acessibilidade em estrutura com mais de 50 anos sem elevadores que não foi planejado para atender esse público é um dos obstáculo que eu enfrento na gestão”, diz.
Como gerir crises e ter uma gestão de pessoas satisfatória
Não tem como fugir das crises. Lidar com pessoas diferentes é uma habilidade que se aprende com o dia a dia. Nesse ano, houve alguns casos de profissionais que foram alvos de agressão por parte de moradores que não aceitaram seguir regras de boa convivência. Mas como gerenciar uma crise e conseguir uma gestão de pessoas que deixem os dois lados satisfeitos? Bruno Gouveia, coordenador da Cipa Síndica, diz que “a melhor forma é com atuação técnica, comunicação constante e transparência”. Para a síndica Lúcia Helena, o diálogo ainda é o melhor caminho para gerenciar uma crise.
David Santos, síndico profissional, também acredita na conversa para administrar uma crise. “Mostrar para a pessoa que o que você está fazendo é imparcial, é uma das maneiras de gerenciar uma crise. Por isso, cada vez mais, condomínios pedem síndicos profissionais,para que ele tenha essa imparcialidade de mostrar para o condomínio que ele descumpriu uma regra, não criada por ela mas que está no regimento”, explica.
Para uma gestão de pessoas satisfatória Lúcia Helena acredita que ser acessível aos condôminos é um dos caminhos.“Estar receptivo e ouvir. Essas são as ferramentas que utilizo para ajudar na gestão. Transparência é fundamental para confiabilidade em suas ações na busca de resultados para toda comunidade”, orienta a síndica.
Bruno Gouveia tem a mesma opinião. “Uma gestão satisfatória de pessoas se dá ouvindo, dando atenção, apresentando sugestões ao que foi proposto/sugerido e comunicando aos moradores cada fase do processo ou planejamento”, explica o coordenador. E acrescenta: “A tecnologia pode ajudar nesse processo. Na Cipa, temos nosso aplicativo que é próprio, ou seja, que foi desenvolvido pela nossa equipe de TI, onde nossos clientes possuem a facilidade de ter todas as informações do seu condomínio na palma da sua mão ou através do nosso site. Logo, a informação é que gera transparência e traz uma maior segurança aos nossos condôminos”.