A confiança dos empresários do setor imobiliário fechou com estabilidade o ano de 2022 e os executivos estimam que as vendas na incorporação imobiliária tenham uma alta nos próximos 12 meses e, nos três primeiros meses de 2023, mantenham-se no mesmo nível do último trimestre de 2022, é o que aponta o Indicador de Confiança do setor Imobiliário Residencial, realizado pela Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias) em parceria com a Deloitte.
A nova edição da pesquisa, realizada com 51 empresas construtoras e incorporadoras do setor imobiliário residencial entre 10 e 23 de janeiro revela, ainda, que os preços de imóveis residenciais continuam em crescimento: no último trimestre de 2022, a valorização foi de 8,1% ante o período anterior. Entretanto, o trimestre também apresentou um arrefecimento na alta dos custos de construção, devido à variação do INCC (Índice Nacional de Custo da Construção) que caiu para 9,4% em dezembro de 2022. O valor dos insumos vem contribuindo para esse movimento e o custo de mão de obra passou a crescer mais do que o dos materiais, invertendo o comportamento registrado nos últimos anos. As expectativas de aumento nos preços para o segmento Médio e Alto Padrão (MAP) apontam para uma taxa de crescimento menor que a de preços para o Minha Casa Minha Vida (MCMV) ao longo dos próximos 12 meses.
O índice de procura de imóveis se manteve em alta para o segmento MCMV no último trimestre de 2022, enquanto MAP teve demanda retraída neste mesmo período. No geral, o indicador voltou a cair depois da leve recuperação registrada no terceiro trimestre de 2022.
Após o bom crescimento no terceiro trimestre, o índice de vendas geral registrou retração neste trimestre de -5,3%, voltando aos patamares do final de 2021. Este indicador tem sido pressionado pelo desempenho de vendas de imóveis do segmento de MAP, que teve seu menor registro da série histórica no 4º trimestre de 2022. Já o desempenho do mercado de imóveis residenciais registrou um leve recuo no 4º trimestre do ano passado, em comparação com o trimestre anterior, pressionado, sobretudo, pelo médio e alto padrão, que teve uma ligeira baixa na procura e vendas de imóveis. O contexto doméstico, de juros elevados, também se mostra como um cenário desafiador para 2023. Nesse sentido, houve leve redução na expectativa geral de empresas que pretendem adquirir terrenos para futuros empreendimentos de imóveis residenciais. Mesmo com um cenário mais otimista no segmento de menor renda, o cenário geral é resultado da pressão em MAP.
Por outro lado, a expectativa de lançamentos de imóveis está otimista, no âmbito geral para os próximos 3 a 12 meses. O estudo aponta também que, a expectativa para lançamentos se encontra em bons patamares neste trimestre frente ao anterior, tanto para o segmento MCMV quanto para o MAP, de 93% no 3º trimestre para 96%. Além disso, houve uma leve redução na expectativa de empresas que pretendem adquirir terrenos para futuros empreendimentos de imóveis residenciais. Mesmo com um cenário mais otimista no segmento de menor renda (alta de seis pontos percentuais no MCMV), o cenário geral é resultado da pressão em MAP, que registrou queda de sete pontos percentuais na comparação.
“As mudanças implantadas no Casa Verde e Amarela ao longo de 2022, aliada a grande capacidade de empréstimo da Caixa na área de habitação, com a elevação do prazo máximo de financiamento de 30 para 35 anos, foram fundamentais para ampliar o acesso à moradia para famílias de baixa renda. Com as novas medidas do governo anunciadas em fevereiro para o Minha Casa Minha Vida, acreditamos que o setor deve continuar com um bom desempenho neste ano, gerando empregos e contribuindo para que muitos brasileiros possam realizar o sonho da casa própria. O retorno do programa tem um papel fundamental neste cenário, pois amplia o acesso das famílias mais carentes à moradia, contribuindo no combate ao déficit habitacional e na inclusão social para a população de menor renda”, analisa o presidente da Abrainc, Luiz França.
O levantamento usa uma metodologia diferenciada para interpretar os resultados e facilitar a leitura entre os trimestres. Desse modo, os percentuais de respostas foram transformados em notas variando de 1 (para forte redução) a 3 (para forte aumento) e cada segmento foi classificado dentro desse padrão. As respostas dos participantes da pesquisa indicaram se houve redução, manutenção ou aumento em relação ao trimestre anterior para os itens procura, vendas, e preços dos imóveis. Além da variação do trimestre apurado, os respondentes indicam as expectativas.
Indicador de confiança do setor imobiliário residencial
“O mercado imobiliário segue sendo um forte indutor da roda econômica no país, entretanto, o desempenho do setor tem sido afetado frente às incertezas econômicas. Apesar de o indicador de vendas de imóveis residenciais não ter sofrido grandes variações, sustentado pelo índice de procura e aquisição no segmento MCMV, a procura e as vendas de imóveis de forma geral desaceleraram neste trimestre, indicando que as condições de financiamento atuais, aliada a tendência de alta nos preços podem impactar decisões de compra nos curto e médio prazos”, destaca Claudia Baggio, sócia de Financial Advisory e líder da prática de Real Estate da Deloitte.
Resultados do 4º trimestre e expectativas
Procura de imóveis (Nota 1,78 = Redução) – Houve redução da demanda por imóveis residenciais no 4º tri/2022 em relação ao anterior. O segmento de Médio e Alto Padrão (MAP) vem pressionando os indicadores, de modo geral. Por outro lado, o mercado sentiu uma manutenção na procura por imóveis do segmento Minha Casa Minha Vida no final do ano passado.
Vendas (Nota 1,84 = Manutenção) – Apesar da queda na procura, em geral, houve manutenção nas vendas de imóveis residenciais no 4º tri/22, sustentadas por MCMV, já que MAP registrou redução. As expectativas apontam que o MAP pode ter manutenção nas vendas ao longo do ano, enquanto o segmento MCMV pode se aquecer nos próximos trimestres.
Expectativas para vendas (Nota 2,02 = Manutenção) – Os executivos do setor imobiliário residencial esperam manutenção nas vendas para o 1º trimestre de 2023 (nota = 2,02), e aumento nos próximos 12 meses (nota = 2,28).
Preço de imóveis (Nota 2,57 = Aumento) – Mesmo com um cenário de demanda e vendas menos otimistas, sobretudo em MAP, os preços de imóveis continuam com tendência de aumento para os próximos trimestres e, também, em longo prazo.
Expectativa para os preços dos imóveis (Nota 2,49 = Aumento) – As expectativas para os preços dos imóveis residenciais seguem com aumento para o 1º trimestre do ano (2,49), com forte aumento para os próximos 12 meses (nota 2,82) e para os próximos cinco anos (nota 2,97).