Nas grandes cidades brasileiras, onde buzinas, obras e sirenes fazem parte da paisagem sonora, o silêncio dentro de casa tornou-se um desafio – e um item essencial de saúde. A poluição sonora urbana, muitas vezes invisível, é considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) um problema de saúde pública: níveis de ruído acima de 65 decibéis em áreas residenciais podem causar insônia, estresse crônico, dificuldades de concentração e até doenças cardiovasculares.
“O excesso de ruído tem diversas implicações para a saúde. A poluição sonora do cotidiano pode produzir consequências de longo prazo. O estresse ocasionado pelo barulho aumenta o risco de desenvolvimento de hipertensão, distúrbios do sono, ansiedade, dentre outras condições crônicas. Além disso, determinadas condições, como autismo e enxaqueca, podem cursar com hipersensibilidade sensorial – e garantir ambientes silenciosos na casa é parte essencial do cuidado”, afirma o psiquiatra da Universidade Federal de São Paulo, Dr. Lucas Martins.
Uma pesquisa feita pelo Laboratório de Acústica Ambiental do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal do Paraná, por exemplo, apontou que 74% dos moradores de Curitiba se sentem incomodados com o barulho, principalmente causado por trânsito e obras. Para mitigar esse impacto, arquitetos e designers têm incorporado cada vez mais soluções de conforto acústico em projetos residenciais que vão além das tradicionais janelas antirruído
A madeira como aliada do conforto acústico
A boa notícia é que a solução para um ambiente mais silencioso pode estar na arquitetura de interiores. Painéis de madeira MDF e MDP, antes vistos apenas por sua função estética, têm se destacado como materiais eficientes para o isolamento e a absorção sonora.
“Muitas pessoas não sabem, mas os painéis de MDF e MDP são compostos por partículas ou fibras de madeira compactadas que formam estruturas densas e homogêneas que ajudam tanto na absorção sonora quanto no bloqueio do som. Quando aplicados como revestimento em paredes ou tetos, eles criam uma camada extra de proteção que ajuda a filtrar os ruídos externos”, explica a gerente de Marketing da Duratex, Patrícia Cisternas. “Além de bloquear o som que vem de fora, eles também melhoram a qualidade acústica interna, diminuindo a reverberação e tornando o ambiente mais agradável para conversas, trabalho ou relaxamento”.
A versatilidade do material permite seu uso em diferentes frentes: em divisórias internas, funcionam como barreiras acústicas entre cômodos, ideais para escritórios, consultórios ou residências que buscam privacidade sonora. No mobiliário planejado, como estantes, armários e painéis decorativos, quando bem-posicionados em paredes que dividem espaços com vizinhos ou com a rua, atuam como barreiras adicionais, absorvendo e bloqueando sons.
“O segredo é pensar no projeto de forma integrada. Unir a estética à funcionalidade é a grande tendência do morar contemporâneo. Um painel de madeira não é apenas um item de decoração, mas uma ferramenta para criar espaços que promovam bem-estar e qualidade de vida. E tudo isso com a vantagem de ser um material sustentável, vindo de florestas certificadas”, complementa Cisternas.
Com programas como o PSIU (Programa de Silêncio Urbano) da Prefeitura de São Paulo registrando índices acima do limite recomendado pela OMS em diversas regiões da capital, cresce a urgência por soluções que possam ser incorporadas ao cotidiano.