O Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2022, desenvolvido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que foi atualizado recentemente, aponta uma mudança de dinâmica nos crimes contra o patrimônio no Brasil. As tecnologias de segurança avançam e a criminalidade busca formas de sobreviver. Com isso, os estelionatos digitais ganharam força nas capitais, enquanto os assaltos e crimes físicos cresceram nas cidades menores do interior.
Nas capitais, a moda é o roubo de celulares, onde os criminosos conseguem acessar contas e aplicativos. Foram registrados mais de 1,2 milhão de casos de estelionato digital em 2021, um aumento de 179% em relação a 2018. A cada um minuto, 1,6 celular é roubado ou furtado no Brasil.
Mas os crimes físicos continuam existindo e migraram mais fortemente para o interior. O aumento da segurança eletrônica, principalmente nas grandes metrópoles, empurrou ações para dentro do Brasil.
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública também mostra que houve um aumento, em 2021, do roubo a estabelecimentos comerciais (+ 6,5%), residências (+ 4,7%) e instituições financeiras (+ 11%) em relação ao ano anterior. Esse último é o grande destaque. São as práticas conhecidas como “novo cangaço”, aquelas ações cinematográficas, onde os bandidos, fortemente armados, cercam uma cidade toda, fazem reféns e levam altas quantias dos bancos locais. Desde 2015, essas quadrilhas já roubaram mais de 120 milhões de dólares.
Só no ano passado, casos do novo cangaço foram registrados em Ourinhos, Araçatuba e em Botucatu, no interior de São Paulo, Varginha, em Minas Gerais, e Nova Bandeirantes, no Mato Grosso.
Esses dados nos mostram a importância que a evolução das soluções tecnológicas possui no combate à violência no Brasil. O acesso a novas possibilidades de gestão de segurança integradas em diversas plataformas (câmeras, portarias inteligentes, catracas, cancelas, dispositivos de alta segurança etc.) e controladas de forma on-line dificulta as ações dos criminosos.
Com a chegada do 5G no Brasil, a interiorização dessas tecnologias também deve ser maior e trazer alternativas para a contenção desses crimes contra o patrimônio nas cidades menores. É preciso usar de todas as armas disponíveis para impedir o avanço da criminalidade.
A inteligência do Estado também deve avançar para a criação de políticas de segurança personalizadas por região. A modalidade dos crimes muda cada vez mais rápido e de forma diferente, levando em consideração o perfil da população local. Se é mais urbana, tende para crimes virtuais, enquanto nas zonas mais rurais, os casos são mais físicos. Outro ponto importante é a informação circular mais entre as polícias de cada cidade e estado. Os bandidos não enxergam limite geográfico e agem cada vez mais em todo o país. As facções se pulverizaram. A chegada da internet mais veloz também deve auxiliar nessa integração nacional.
Precisamos estar atentos a essas novas dinâmicas para manter sempre em queda os índices de criminalidade, como vem acontecendo nos últimos anos. Esse é um dos grandes desafios dos novos governantes, sejam eles estaduais ou federais.