Nos últimos meses, a cidade do Rio de Janeiro testemunhou uma série de acidentes trágicos envolvendo elevadores em condomínios e prédios públicos, destacando uma questão crítica de segurança que afeta moradores, visitantes e trabalhadores. Apenas em julho, três acidentes distintos resultaram em duas mortes e um ferido grave, levantando preocupações sobre a manutenção, operação e fiscalização desses equipamentos essenciais.
Casos recorrentes e fatalidades
No mês de julho, Sérgio Gabriel, de 28 anos, ficou preso no elevador do Hospital Municipal Salgado Filho por 16 minutos após a porta descarrilar. Infelizmente, ele não resistiu aos ferimentos e faleceu no local. Em resposta, a direção da unidade de saúde anunciou a abertura de uma sindicância para investigar o ocorrido e determinar as falhas que levaram a essa tragédia.
No mesmo período, o técnico de manutenção Alex Fernandes sofreu um acidente fatal enquanto trabalhava em um elevador de um prédio residencial em Copacabana. O elevador despencou até o poço, causando sua morte instantânea. Esse incidente evidencia os riscos enfrentados pelos profissionais de manutenção, que representam uma parcela significativa das vítimas em acidentes com elevadores.
Ainda em julho, na Secretaria Estadual de Fazenda, uma servidora ficou ferida após o elevador subir descontroladamente até o 20º andar e colidir com o teto. Ela foi socorrida e levada ao Hospital Souza Aguiar, onde está em recuperação. A Sefaz suspendeu o atendimento em sua sede e a Subsecretaria de Administração do setor iniciou uma investigação interna para descobrir o motivo do acidente.
Análise das causas e medidas preventivas
O advogado especializado em direito condominial, Dr. Issei Yuki, destaca que os acidentes com elevadores, embora frequentemente atribuídos a falhas mecânicas, geralmente resultam de uma combinação de fatores técnicos e humanos. A manutenção inadequada ou irregular é um dos principais culpados. Elevadores antigos, que muitas vezes não são modernizados com tecnologias de segurança atualizadas, representam riscos adicionais.
O fechamento inadequado de portas e a interferência dos passageiros no funcionamento do elevador são causas comuns de incidentes. Além disso, a superlotação e o uso indevido do equipamento contribuem significativamente para a ocorrência de acidentes. A fiscalização insuficiente das autoridades também desempenha um papel crucial, permitindo que práticas de manutenção deficientes passem despercebidas.
Mecanismos de segurança e confiabilidade
Desde a invenção dos freios de segurança por Elisha Otis na década de 1850, os elevadores têm sido equipados com sistemas que travam a cabine nos trilhos laterais em caso de rompimento dos cabos. Cada elevador é sustentado por vários cabos de aço, cada um capaz de suportar muito mais peso do que o aviso interno indica, tornando a queda livre um evento extremamente raro.
Entretanto, acidentes envolvendo o movimento anormal do elevador, como subidas descontroladas ou quedas parciais, ainda ocorrem. Tais incidentes ressaltam a importância de sistemas de controle e manutenção rigorosa para prevenir falhas catastróficas.
O papel dos síndicos, administradoras e das autoridades
As administradoras de condomínios têm a responsabilidade de garantir que os elevadores sejam mantidos de acordo com as normas de segurança vigentes. Isso inclui a contratação de empresas qualificadas para a realização de manutenções periódicas e a modernização de equipamentos antigos. A educação dos moradores sobre o uso correto dos elevadores também é essencial para prevenir acidentes.
As autoridades, por sua vez, devem intensificar a fiscalização, garantindo que todas as normas de segurança sejam cumpridas rigorosamente. Em casos de negligência, é fundamental que as empresas de manutenção e as administradoras sejam responsabilizadas.
Os recentes acidentes no Rio de Janeiro destacam a urgência de uma abordagem mais rigorosa e proativa para a segurança dos elevadores. “A combinação de manutenção regular, modernização de equipamentos, educação dos usuários e fiscalização eficaz é crucial para garantir a segurança dos elevadores e prevenir futuros incidentes. As tragédias recentes devem servir como um alerta para a necessidade de ações imediatas e eficazes, assegurando um ambiente seguro para todos os usuários de elevadores em condomínios e edifícios públicos”, conclui o advogado Issei Yuki.