O movimento sustentável nas grandes cidades faz com que o uso de bicicletas, e consequentemente a necessidade por bicicletários, seja cada vez mais requisitado em toda parte do globo. O que levou a muitas metrópoles ao redor do mundo fundamentarem suas políticas de mobilidade urbana na amplificação desse meio de transporte.
E no Brasil não poderia ser diferente, com o setor vivendo um dos seus melhores momentos comerciais, com o país ocupando o quarto lugar de produção e um aumento de 34% das vendas no primeiro semestre de 2021 em relação aos anos pré-pandemia.
A Aliança Bike (Associação Brasileira de Setor de Bicicletas) em um levantamento mostra que as estimativas de vendas no comércio de 2021 tenham sido de 5,8 milhões de unidades.
Os mais variados motivos levam pessoas a substituírem seus veículos por bicicletas no seu dia a dia:
- Engarrafamentos extensos;
- Poluição
- Alto preço dos combustíveis;
- Contribuição para o meio ambiente;
- Prática de atividade física;
- Deslocamento para compromissos.
Estes e outros fatores fazem com que as bicicletas estejam mais presentes nas ruas. Em casos específicos este meio de transporte se mostra os mais rápidos para chegar ao destino, permitindo uma autonomia maior na hora de escolher os caminhos pelo qual irá percorrer.
Para acompanhar a demanda e tendência das novas formas de mobilidade urbana, bicicletários em condomínios, sejam eles residenciais ou comerciais, se tornaram essenciais. Em algumas cidades como São Paulo, novos condomínios são obrigados por lei municipal a possuírem espaço destinado à bicicletários.
Segundo o decreto, os bicicletários localizados na capital paulista devem seguir os seguintes determinantes:
- localização em bolsões isolados das vagas de veículos automotores, como automóveis e motocicletas;
- facilidade de acesso, com localização no piso mais próximo do logradouro público e acesso garantido aos usuários do estacionamento;
- instalação de suportes para prender as bicicletas, com distância mínima de 0,75m entre eles;
- comprimento mínimo de 1,80m, em espaço com pé direito mínimo de 2,00m.
No entanto, nem todos os condomínios atendem a norma. Aqueles que não possuem área de estacionamento, localizados em vias nas quais o tráfego de bicicletas é proibido pelo órgão municipal de trânsito e situados no alinhamento de vias públicas e que não possuam área com acesso para estacionamento são exceções.
A importância da inserção de bicicletários em condomínios
Um bom síndico deve estar atento às tendências sociais na hora de realizar uma gestão em prol dos moradores. Com isso, é notória a extensão da demanda de bicicletas, fazendo com que muitos condôminos se adequem para esta opção de locomoção.
Rosangela Alves, 59, diz que o bicicletário foi algo benéfico em seu condomínio, ainda que ela não faça uso. “Pela minha idade, não tenho andado de bicicleta, mas tenho meus netos que vêm me visitar com frequência. A bicicleta facilita o lazer deles e ajuda quando preciso de algo da padaria ou do mercadinho, localizados em ruas próximas ao condomínio. Geralmente minha sobrinha que mora comigo faz o trajeto de bicicleta e chega mais rápido.”
Toda pessoa deseja morar em um lugar onde ofereça recursos modernos, que facilitem suas vidas e acompanhe o processo de desenvolvimento social. Por isso, atender as necessidades dos condôminos é importante para estabelecer uma relação de confiança entre ambas as partes.
Contudo, dona Rosângela conta que nem sempre foi assim. Houve época em que se ter um espaço específico para bicicletas no condomínio era uma ideia totalmente fora de cogitação e que foi preciso conversas longas com o antigo síndico Rubens, cunhado dela, para que fosse implementado a nova área.
É inegável a valorização do local através da implementação de um espaço adequado. Afinal, não basta um morador ter o desejo de adquirir uma bicicleta, ele precisa ver que o residencial também possui espaços adequados para comportar o meio de transporte.
O bicicletário também é uma grande ferramenta quando o assunto é captação de novos moradores ou locação de unidades. Além de um atrativo, o espaço se torna um diferencial se comparado a outros lugares que ainda não fazem o uso dele.
A implantação de um espaço voltado a bicicletas só é possível após a convocação de uma assembleia de condomínio para que o assunto seja debatido. Em locais onde não há necessidade de alteração nas áreas comuns, é necessário que a proposta seja aceita pela maioria dos participantes. Já para lugares que apresentem a necessidade de alterações em áreas comuns para a implantação do bicicletário, o processo é um pouco diferente: dois terços dos moradores devem aceitar a proposta, e a configuração segue as normas da convenção de condomínio.
Rubens Aguiar, 67, hoje aposentado, foi o antigo síndico do condomínio e conta que demorou a entender a necessidade de ter um espaço que comportasse as bicicletas.
“Na época eu fui mudando de ideia conforme aumentava a demanda de pedidos para que fosse instalado um bicicletário. As pessoas me abordavam e me apresentavam diferentes motivos. Não tive como fugir disso”
É importante que o síndico ou administrador de condomínio esteja preparado para esta reunião, evidenciando pontos que ajudem a compreensão do condômino sobre a temática:
- Orçar diferentes tipos de bicicletários;
- Sugerir um período teste, com equipamentos temporários e identificar a adesão;
Caso seja aprovado, é necessário, assim como em outros departamentos da vida condominial, organizar de forma favorável e segura sobre o funcionamento do bicicletário. A implantação de regulamentos específicos para o ambiente, definição de normas e cuidados a serem tomados por aqueles que irão utilizar. Além de check-ups regulares para manutenção para evitar possíveis problemas.
Quando Rubens foi perguntado se houve resistência em relação a uma possível cota extra para a instalação, ele prontamente respondeu que “não”.
“As pessoas queriam isso por tanto tempo, que se disponibilizam até a arcar com os custos. Claro que não permiti que isso acontecesse. Levei a questão à administração e juntos realizamos a obra para a implantação do bicicletário. Hoje vejo que é algo muito utilizado pelos moradores, principalmente os mais jovens.”
Tipos de bicicletário
Existem diferentes tipos de bicicletários disponíveis para a utilização em seu condomínio, tudo vai depender do espaço disponibilizado e de quanto o seu condomínio irá querer investir nesse setor. Cada um tem características de segurança e praticidade diferenciadas.
A arquiteta Thais Dias diz que tudo depende do espaço e verba disponível, mas existem diversos modelos no mercado que podem ser utilizados. Thais ainda deixa a sua preferência pelos bicicletários metálicos, de chão e pirâmide, pois além de terem baixo custo, são de fácil instalação e voláteis.
Se tratando de novos empreendimentos ela indica uma configuração mais elaborada, como um espaço específico dentro da própria garagem, por exemplo.
“O ideal é ele ficar em local coberto, na intempérie eu creio que ele enferruje com o tempo, mas ele é tão baratinho que não se torna um transtorno ter que trocar de tempos em tempos, caso seja necessário.”
Além do bicicletário de chão, indicado pela arquiteta, que oferece uma grande facilidade para estacionar as bikes e tem uma fácil instalação, temos outros modelos comuns vistos por aí
U: também conhecido como semi-círculo, é uma estrutura reforçada que oferece estabilidade, fixada no chão em forma de U invertido.
Suspenso: Ocupa menos espaço, mas nem sempre é o mais prático. Geralmente instalado diretamente na parede, o bicicletário suspenso mantém todas as bicicletas na vertical, lembrando um varal.