A preservação e os cuidados com áreas de jardinagem em condomínios trazem diversos benefícios. Além de questões como a valorização do empreendimento, a estética, climatização e qualidade de vida são valores agregados atribuídos às boas técnicas de jardinagem e paisagismo.
Mas, para que um jardim fique bonito e saudável, é importante a contratação de jardineiros e paisagistas, profissionais habilitados, como também a escolha ideal das espécies de plantas e as melhores maneiras para regá-las e cultivá-las.
O paisagista deve ser o primeiro contato para a realização do planejamento do jardim. Possuindo o conhecimento técnico de como criar e planejar da melhor forma, o profissional poderá orientar o jardineiro as melhores maneiras de cuidar das plantas e manter o jardim vigoroso.
Monica Pinto, paisagista há 20 anos e professora de Paisagismo e Jardinagem no SENAC-RJ, comenta que entre os erros comuns na atividade de jardinagem em condomínios são os usos de planta não adequadas para o local que está localizado o jardim e forma de molhar as plantas, de acordo com a profissional “O pior erro é pensar que gostar de planta é o mesmo que planejar um jardim e cuidar com conhecimento técnico. Muitas vezes os jardins são deixados para o faxineiro ou o porteiro cuidarem, além disso os moradores plantam suas mudinhas de forma desorganizada, essas situações geram um jardim não harmônico e difícil de manter.” completa a paisagista.
Escolha das espécies
A seleção de plantas para o jardim deve ser bem pensada. De forma harmônica e inteligente, a escolha deve ser realizada levando em consideração as suas necessidades e características, como por exemplo se a planta é mais adepta à luz ou sombra, as maneiras de plantio e seus determinados aspectos diante as épocas do ano. Além disso, Monica Pinto atenta a relação da localização do jardim com a escolha das plantas, para que se evitem escolhas de espécies pontiagudas ou com espinhos perto de áreas de fácil acesso para crianças ou de recreação infantil.
Periodicidade de manutenção
Questões como tempo e custo são variáveis de acordo com o tamanho do jardim, as espécies escolhidas e a finalidade do espaço, mas para a especialista Monica, duas vezes no mês é o recomendado para a manutenção. “O tamanho do jardim e o tipo de plantas determinará o tamanho de horas para realizar a rotina de manutenção do jardim pelo jardineiro. Manter significa não esperar ficar feio e/ou em situações precárias para então pensar em fazer algo. Recomendo no mínimo duas vezes por mês, uma a cada quinze dias, pois do contrário o jardineiro não estará mantendo o jardim, mas, como costumo dizer para os meus alunos e clientes, o jardineiro chega para apagar incêndio e não para realizar manutenção.”
Outros cuidados importantes para se manter o espaço sadio é lembrar da utilização de fertilizantes e defensivos contra pragas e doenças que possam surgir na área. Adubos para fortificar a alimentação das plantas e para uma rotina de manejo de áreas de jardinagens, o síndico deve lembrar ao responsável de manter algumas situações em dia, como:
- Poda de limpeza;
- Poda de formação;
- Controle de pragas e doenças;
- Afofamento e descompactação do solo para manter sua aeração;
- Rega e dentre outros.
A atenção aos métodos de regagem devem ser outro ponto que devemos estar de olho, a falta de conhecimento técnico para a execução da tarefa pode acabar devastando o jardim e as plantas presentes. “Não é simplesmente colocar a mangueira e deixar a água escorrer ou, pior, molhar com um jato forte. Regar as plantas, por mais simples que pareça, demanda conhecimento.” acrescenta a profissional.
Vetores e Pragas
O controle de vetores, pragas e animais indesejados para o condomínio deve estar alinhado junto com a dedetização do ambiente em dia. Mas para a ajuda a preservação do espaço, a contribuição de condôminos é essencial. Jogar lixo no lugar determinado e não poluir a área de jardinagem é uma ótima iniciativa para a colaboração do crescimento do jardim sem a presença desses vetores como ratos, moscas, etc. Campanhas de conscientização falando sobre a importância da preservação e limpeza na área comum de jardinagem podem ser criadas para que evitem que o lixo pare em lugares não determinados.
Mas nem sempre os insetos, mesmo que indesejáveis, são prejudiciais para as plantas. De acordo com a paisagista, Monica Pinto, “É fundamental compreender que esses pequenos seres -percevejos, lagartas, caramujos, lesmas, etc. – fazem parte do ecossistema de um jardim, florestas e/ou lavouras, e sua existência e permanência gera equilíbrio.”
Mudanças climáticas
Para Monica, o clima predominantemente quente e chuvoso ao longo do ano inteiro, ao menos no Sudeste, propicia que os cuidados nas diferentes estações sejam praticamente os mesmos, não possuindo invernos rigorosos que obriguem à adoção de manejos muito diferentes. Com mudanças climáticas não sendo bem definidas, a paisagista considera importante saber que em períodos mais frios algumas plantas entram em estágio de dormência e isso significa perda de folhas, redução de flores, crescimento mais lento, necessidade de regas mais espaçadas, mas não necessariamente sendo uma regra para todas as plantas, onde algumas necessitam justamente desse período para o florescimento. “É necessário conhecer a planta, o solo, o clima, a insolação predominante ao longo do ano, para determinar os procedimentos a serem adotados.” finaliza.
Adubos, compostagem e sustentabilidade
O processo de adubação pode ser realizado de duas maneiras diferentes: a orgânica e a química sintetizada. O modelo orgânico de adubação consiste em uma técnica mais consciente e econômica para a administração e meio ambiente, já que é realizada através do processo de compostagem, onde o substrato do adubo vem do lixo produzido pelo próprio condomínio, trazendo uma economia com compras de fertilizantes, substratos e sacos de lixo.
Esse modelo de prática saudável exige uma conscientização e engajamento maior por parte da gestão e dos seus condôminos. A prática da compostagem traz contribuições para um solo mais permeável, redução de ilhas de calor e a redução de gastos para os caixas do condomínio, além de contribuir para a diminuição do volume de lixo em aterros sanitários.
Um case de sucesso com a utilização do processo de adubo orgânico, o shopping Eldorado, localizado em São Paulo, em 2012 criou um dos primeiros telhados verdes para a destinação do lixo gerado na praça de alimentação. A iniciativa sustentável utiliza o processo de compostagem orgânica transformando o lixo gerado pelo próprio shopping em adubo para as hortas cultivadas no terraço do shopping, que gera cerca de 164 toneladas de lixo mensalmente.
Ajuda profissional
Como dito antes, a contratação de paisagista e jardineiro para a manutenção dos jardins é primordial. Com a orientação do paisagista, o jardineiro ficará capacitado para a realização das manutenções ideais e quando as realizar de forma correta, garantindo que todas as espécies mantenham seus nutrientes e tenham seus cuidados atendidos independente do clima vigente. Dessa forma, grandes perdas são evitadas e a gestão não precisa investir novamente para a reconstituição das áreas verdes do patrimônio.
“A melhor economia é investir em pessoas capacitadas para criar e manter o jardim. Alguém que conheça as ferramentas necessárias para a manutenção, que conheça e goste de plantas, e saiba lidar com as inevitáveis doenças e pragas que surgirão no jardim. Como sempre digo aos meus alunos e clientes, plantas são seres vivos e às vezes adoecem mesmo quando bem cuidadas, o quê fará a diferença será a resistência que o esse organismo saudável e bem cuidado terá para enfrentar essas inevitáveis doenças ou pragas. Assim como nós!” finaliza a professora e paisagista.