Acidentes envolvendo elevadores ganharam evidência em 2024 devido a diversos casos noticiados — alguns com resultados fatais — que destacaram a necessidade de mais atenção aos serviços de manutenção, ao estado dos aparelhos e à necessidade de peças de qualidade nos equipamentos para oferecer maior segurança aos usuários.
Segundo o Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, até o início de agosto deste ano, foram registrados 31 acidentes, envolvendo 69 pessoas e resultando em 22 mortes. Todos relacionados a elevadores.
Diante desses incidentes, é essencial que os administradores de prédios comerciais e residenciais adotem medidas proativas para garantir a segurança de moradores, profissionais e visitantes. Porém, também cabe ao usuário do dia a dia estar atento e seguir boas práticas para evitar acidentes.
Responsabilidade do usuário
Para quem utiliza elevadores frequentemente (em prédios comerciais ou residenciais), além de ter atenção ao estado dos aparelhos, também é válido conhecer algumas dicas valiosas que podem fazer a diferença nos momentos mais críticos.
- Prestar atenção: É importante verificar se o elevador está realmente parado no respectivo andar. Ficar no celular pode tirar o foco sobre o meio de transporte à frente, então vale evitar.
- Respeitar os limites: Todo elevador tem um limite de quantidade de pessoas e de peso. Ultrapassar o número indicado pode fazer com que o equipamento apresente falha nessa condição.
- Aguardar pelo técnico: É comum querer sair por conta própria ou forçar a porta quando o elevador fica travado. Entretanto, especialistas afirmam que essa não é uma boa ideia e o correto é usar o botão de emergência e esperar por ajuda.
- Observar o nivelamento: O correto é que o elevador fique nivelado ou no máximo a um centímetro e meio de diferença do piso, caso contrário, algo pode estar errado. Se verificar essa condição, é válido acionar imediatamente o responsável do prédio.
- Observar sons e movimentos: Se o equipamento está fazendo barulhos estranhos ou se há trepidações incomuns, é válido contatar a manutenção.
Importância da manutenção preventiva e da modernização dos equipamentos
Vale lembrar que a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) recomenda que todo elevador receba manutenção preventiva mensalmente. Essa recomendação é ainda mais crucial quando consideramos que a maioria dos elevadores no Brasil é antiga, com mais de 500 mil unidades em operação, das quais cerca de 70% têm mais de 20 anos. A idade avançada desses equipamentos aumenta a necessidade de manutenção regular para garantir a segurança e o bom funcionamento.
Com tudo isso em mente, cabe às autoridades reforçar o cumprimento das regras para que os acidentes se tornem cada vez mais raros no país. É indispensável contar com produtos de qualidade que atendam às mais variadas normas técnicas, além de oferecerem o melhor em modernidade e tecnologia.
Para os usuários, uma vigilância constante ao lado de uma cobrança recorrente são pontos valiosos para garantir maior velocidade no atendimento de chamadas e melhor desempenho na manutenção por parte de quem fornece o serviço. No fim das contas, todos estão juntos neste desafio.
Responsabilidade do síndico
Vale ressaltar que muitos especialistas no segmento de elevadores (consultores, empresários do ramo, autoridades) tem atribuído aos síndicos boa parte da responsabilidade por esse elevado número de acidentes, afinal é ele o responsável pela contratação do serviço de manutenção, bem como aprovar os orçamentos de trocas de peças. Ocorre que em muitos casos a contratação do prestador de serviços é feita exclusivamente pelo critério do mais barato, e a consequência é que a qualidade do serviço geralmente é proporcional ao valor pago mensalmente. O síndico precisa ter uma gestão participativa na conservação do elevador, e sempre provisionar recursos para manter os equipamentos atualizados nas normativas em vigor, além disso conferir periodicamente a qualidade da manutenção preventiva.
A manutenção de elevador é serviço essencial, tem custo operacional elevado para a empresa de Conservação, e por isso o critério para escolher o prestador de serviço deve considerar em primeiro lugar os aspectos técnicos:
- Qual a estrutura da empresa?
- Número de técnicos?
- Frota de veículos?
- Tempo médio de atendimento?
- Plantão 24 horas?
- Estoque de peças?
- Engenheiro mecânico responsável?
- A empresa é credenciada nas associações representativas?
- A empresa tem acervo técnico?
- Tem boa reputação no mercado?
Para garantir a segurança dos usuários de elevadores, é crucial que administradores e síndicos priorizem a manutenção preventiva e a modernização dos equipamentos, além de escolherem prestadores de serviço qualificados. A colaboração entre autoridades, gestores e usuários é essencial para reduzir acidentes e promover um ambiente mais seguro para todos.
*Por Sergio Cardoso é consultor técnico da Schmersal, empresa fornecedora de sistemas de segurança para elevadores e membro da diretoria técnica da ABEEL – Associação Brasileira das Empresas de Elevadores