A valorização do imóvel é uma preocupação constante para quem deseja adquirir uma unidade em um empreendimento, seja para morar ou investir. Muitas vezes, no calor da emoção e com o desejo de conquistar um novo patrimônio, o comprador avalia aspectos gerais da negociação, mas não se atenta à saúde financeira e operacional do condomínio — fator extremamente relevante, que impacta diretamente no valor do imóvel no mercado.
Um condomínio com pintura desgastada, sem manutenções preventivas, ou que não investe em melhorias, tende a desvalorizar as unidades. Esses problemas são frequentemente causados por má gestão ou, em casos mais graves, por fraudes.
Então, o que fazer para garantir que o condomínio tenha uma saúde financeira e operacional estável no momento da compra? Veja seis dicas importantes que podem ser seguidas antes de fechar negócio:
- Analise a prestação de contas do condomínio: Pergunte se o condomínio possui prestação de contas digital em tempo real. Pastas físicas de prestação de contas estão mais suscetíveis a fraudes. Embora esse formato esteja em desuso, muitos condomínios ainda o utilizam. A prestação de contas monitorada em tempo real permite que os moradores verifiquem frequentemente os gastos e acompanhem a saúde financeira do condomínio.
- Atenção aos detalhes da estrutura: Mesmo sem ser um técnico em engenharia, é possível aplicar um senso comum ao condomínio durante a visita. Observe detalhes como a pintura, limpeza das áreas comuns, estado das paredes, qualidade do portão, e se há trincas ou rachaduras no prédio. Esses sinais podem indicar uma má gestão. Um condomínio bem gerido realiza manutenções preventivas e mantém as áreas comuns em boas condições.
- Verifique o saldo das contas bancárias: Confira quanto o condomínio tem em caixa. Uma boa referência é que o condomínio tenha em fundos o equivalente a três arrecadações mensais. Por exemplo, se a arrecadação mensal é de R$ 100 mil, o condomínio deveria ter pelo menos R$ 300 mil em conta para garantir uma estabilidade financeira mínima.
- Converse com a administração: Fale com os membros da administração do condomínio, além do síndico (que pode ter conflito de interesses ao falar da própria gestão). Converse com conselheiros, moradores e, se possível, corretores. Um alerta a tempo pode evitar um mau negócio.
- Auditoria preventiva mensal: Verifique se o condomínio tem auditoria preventiva implantada. Esse procedimento reduz consideravelmente os riscos de fraudes. Se houver auditoria, peça o relatório do último período, pois ele fornecerá uma visão clara sobre a saúde financeira e operacional do condomínio.
- Administradora: Pesquise sobre a administradora do condomínio. Verifique sua reputação, o formato da prestação de contas e pergunte à gestão sobre o atendimento. A administradora desempenha um papel crucial na qualidade de vida dos moradores, impactando os principais aspectos operacionais do dia a dia.
Ao adquirir um imóvel, não basta apenas se encantar com a estrutura ou negociar o melhor preço. É essencial investigar a saúde financeira e operacional do condomínio para garantir um bom investimento a longo prazo. Seguindo essas dicas, você poderá tomar decisões mais seguras e evitar surpresas desagradáveis no futuro. Lembre-se: um condomínio bem gerido é um forte aliado para manter o valor do seu patrimônio e garantir uma boa qualidade de vida. Não hesite em questionar e verificar todos os detalhes antes de assinar o contrato, pois uma compra bem informada faz toda a diferença.
Por Marco Bole é sócio-diretor da SGEx Consulting Group. Responsável pela divisão de
auditorias e investigações de fraudes de condomínios e associações.