Grupos de WhatsApp de condomínios já viraram memes, brigas e até processos na justiça. Não é para menos. Diariamente, são dezenas — às vezes centenas — de mensagens sobre a música alta, a bituca de cigarro jogada pela janela, o lixo colocado na hora errada ou o tapete fora do lugar.
Isso acontece porque, para economizar, vários condomínios tentam utilizar o WhatsApp para fazer sua gestão, colocando todos os envolvidos em um mesmo grupo. Apesar de ser uma opção atrativa, pela familiaridade e gratuidade do aplicativo, o WhatsApp se mostra uma alternativa ineficiente de gestão: o grande volume de mensagens, a maioria promovendo alguma discussão ou reclamação, faz com que comunicados importantes se percam; mensagens urgentes passem despercebidas; sem falar na falta de pastas para a organização de documentos.
Para piorar a situação, pessoas são expostas, o fluxo de caixa e informações fica prejudicado, moradores ficam perdidos sobre as contas, desconfiados sobre os pagamentos e fundos de reserva, dados pessoais são compartilhados, além de a situação potencializar atritos desnecessários que afetam a boa convivência. Até quem não tem nada a ver com o lixo ou pet alheio acaba sofrendo com uma enxurrada de mensagens e notificações.
O que era pra ser gratuito e prático, acaba saindo muito caro. Custa a paz e também pode trazer muitos outros problemas. A gestão de condomínios precisa ser transparente ao mesmo tempo em que preserva os envolvidos. Quando lidamos com algo que reúne absolutamente todos os dados, inclusive financeiros, referentes a um condomínio, sabemos que é necessário redobrarmos a atenção. Os diversos episódios de vazamento de dados vêm assustando a comunidade global e provocando desconfiança com relação aos avanços tecnológicos.
Em 2018, foi a vez do Facebook ser acusado de manipular a opinião pública nos EUA durante as eleições de 2016 ao permitir que a empresa de marketing político Cambridge Analytica tivesse acesso aos dados pessoais de, aproximadamente, 87 milhões de usuários. No Brasil, cerca de 223 milhões de registros de CPFs e CNPJs foram vazados em 2019, de acordo com a Polícia Federal, que segue investigando o caso na Operação Deepwater.
Para que situações como essas sejam mitigadas, em 2020 o Brasil criou a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), nº 13.709, que impõe a segurança de dados e a privacidade dos cidadãos, com sanções administrativas de até R$ 50 milhões para empresas que descumprirem com as normas.
Antes mesmo de a lei existir, isso já era uma prioridade para mim e meus sócios na criação da uCondo. Usamos a tecnologia não só para proporcionar funcionalidades para as situações cotidianas dos condomínios, como recebimento de entregas, entrada de visitantes, comunicados e reclamações, como também para promover uma gestão e movimentação financeira transparentes, enquanto informações sigilosas são preservadas através de uma plataforma completa e acessível que pode ser contratada por todos.
A tecnologia aplicada à gestão dos condomínios deve ser levada a sério e precisa ter um alto nível de confiabilidade. Isso implica no uso de criptografia avançada, autenticação dos usuários, firewalls, proteção contra malwares e outras certificações, além do compromisso no tratamento e conservação de dados. Tudo isso para ajudar as administradoras e os síndicos a terem mais segurança no dia a dia.
Confiar em empresas idôneas, reconhecidas no mercado e que possuem autorizações legais para atuarem, é o segredo do sucesso da parceria entre clientes e fornecedores, ou, no caso, moradores e administradoras. Assim, além de segurança de dados, é possível promover o objetivo primeiro das tecnologias de gestão condominial: facilitar os processos, propiciar tranquilidade aos moradores e a boa convivência. Sem falar que todo mundo agradece por ter um grupo a menos no WhatsApp!
*Marcus Nobre é CEO e cofundador da uCondo, startup de gestão de condomínios