A Minha Coleta é uma plataforma tecnológica muito importante para o cenário do mercado de reciclagem no país. Com grande atuação em condomínios, é uma startup fluminense que trabalha nacionalmente e interliga empresas, residências, cooperativas de catadores e poder público no processo de gestão e coleta seletiva e de resíduos comuns.
Possui uma força gigante no ramo e está cada vez mais captando investimentos para ajudar a organizar o crescimento. Pois engloba a rede de coleta seletiva e logística reversa de forma democrática e rastreável. Apesar de ter concorrentes como as empresas: Eu Reciclo, Comlurb, Renova Lixo, TriCiclos, Molécoola e Trashin, o cofundador e CEO, Eduardo Nascimento, afirma o que torna a Minha Coleta especial: “Somos os únicos que cuidamos de todo processo da cadeia com gamificação e eficiência de resíduos na gestão dos pontos de coleta. Usando essa metodologia de engajamento ligamos a indústria até o consumidor final”.
Durante a organização da cleantech foi necessário adaptar o modelo de negócios, criando uma rede de parceiros chaves e centros de reciclagem, que ajudaram a crescer mais rápido. Em 2021 fizeram um impacto de mais de 1000 toneladas de recicláveis. Isso é, entre as startups do ramo, o segundo maior volume do período. Tem parcerias com outras empresas especializadas em soluções ambientais para ampliar sua atuação e ganhar mais centros de reciclagem em outros estados brasileiros. É uma startup que já passou por programas de aceleração de negócios com empresas renomadas como o BNDES Garagem, Braskem Labs e Inovativa Brasil.
O portfólio da Minha Coleta conta com cerca de 200 condomínios atendidos na região Sudeste, além de elevar a capacidade de reciclagem para 3 mil toneladas por ano. Desta forma, a área de atuação triplicou e recebeu o Selo Ilmpact, criado pelo Innovation Latam e a Fundação Dom Cabral, que reconhece negócios de impacto socioambiental na América Latina.
Atualmente, a cleantech trabalha em coworking, possui 133 clientes e mais de 11 mil apartamentos impactados. Opera no Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo e conta com 10 depósitos parceiros. Além do volume de recicláveis também coletam e descartam de forma sustentável diversos tipos de resíduos extraordinários. Com o volume de lixo reciclado nos dois últimos anos, colaborou para a redução do consumo de 453.200l de petróleo, desmatamento de 27.255 árvores e economia de 58.064 m³ de água e 1.481.227 KW de energia elétrica.
Confira o bate-papo com Eduardo Nascimento, cofundador e CEO da Minha Coleta:
O que é sua startup e como surgiu a ideia?
Eduardo Nascimento: A Minha Coleta é a forma mais eficaz de se fazer coleta seletiva em condomínios residenciais.
Os condomínios, através de uma assinatura, recebem nossos contêineres e o nosso sistema de gestão, no qual os moradores se engajam através de missões e assim acessam diversos benefícios. A separação passa a ser feita apenas entre resíduos recicláveis e orgânicos.
Liberamos rotas periódicas de coleta para motoristas de caminhão cadastrados em nosso app. Que registram o recolhimento do resíduo e levam para galpões parceiros cadastrados.
Os galpões recebem e pesam esse resíduo e em seguida fazem a separação por tipo, usando mão de obra de ex-catadores e ex-cooperados, dando condições melhores de trabalho e qualidade de vida para a categoria.
Depois de separado os volumes são lançados em nosso sistema e vendemos para indústria recicladora, garantindo altos padrões de qualidade deste resíduo. Os ganhos da venda serão compartilhados em toda cadeia aumentando o valor agregado da operação.
Nosso processo é rastreado de ponta a ponta, possibilitando a comercialização dos créditos de logística reversa para marcas fabricantes, aproximando-as dos condomínios cadastrados e seus moradores através das missões.
Qual problema ela resolve?
Eduardo Nascimento: Apenas 4% dos resíduos recicláveis são destinados corretamente no Brasil. No estado do Rio de Janeiro, aproximadamente 288 MI de quilos de resíduos são gerados em condomínios e 194 MI de quilos nas empresas sem ter a destinação correta. Estamos jogando fora aproximadamente R$ 333 Mi/ano só no estado do Rio de Janeiro. Esse cenário se repete em suas proporções para todos os estados.
A Minha Coleta consegue dar escala a logística de coleta seletiva. Nosso sistema de coleta dentro de geradores residenciais e empresariais, garante a simplicidade na separação e o volume necessário para que torne a coleta viável. O sistema também cadastra diversos motoristas que recebem as rotas diárias e traz escala para coleta seletiva.
Qual o perfil dos fundadores?
- Eduardo Nascimento – Cofundador e CEO da Minha Coleta – Graduado em Administração e especialista em Marketing. Empreendedor há 12 anos, dedica toda sua carreira ao desenvolvimento e construção de negócios com soluções inovadoras e focadas na centralização do cliente e personalização do consumo. Responsável por novos negócios, marketing e planejamento da Minha Coleta.
- Rodrigo Faria – COO – Profissional com mais de 20 anos de experiência com o mercado de resíduos recicláveis e sete anos de experiência com o serviço de coleta, transporte e destinação de resíduos de empresas. Responsável pela parte operacional e logística da Minha Coleta.
- Michelle Lacerda – CFO – Graduada em Psicologia e pós-graduada em Gestão Empresarial e Gestão Estratégica de Pessoas. Experiência de seis anos em Gerenciamento de Equipe e no setor financeiro. Responsável por toda a parte financeira da Minha Coleta.
- Alessandro Maio – CTO – Graduado em Ciências Atuariais e MBA em Gestão de Negócios com foco em Competências Comportamentais. Profissional com 25 anos de experiência no gerenciamento e colaboração de equipes e empresas de TI e telecomunicações. Responsável pela tecnologia da Minha Coleta.
Por que decidiu empreender?
Eduardo Nascimento: Aos 4 anos de idade pedi para minha mãe comprar uma caixa de chocolates Baton. Ela disse não, porque se comesse bombons ficaria com cárie. Como um garoto persistente disse que não era para comer, mas que gostaria de vender bombons. Minha mãe, surpresa com minha resposta, concordou em comprar e comecei meu primeiro empreendimento. Depois disso vendi pipas, criei clubes de leitura, camisetas, perfumes, jornal e até apartamentos.
Iniciei meu primeiro curso aos 16 anos, Gestão Industrial, com foco em petróleo e gás. Desde então, me apaixonei pelas disciplinas de gestão e descobri o conceito de empreendedorismo. Desde criança sempre empreendi, mesmo sem saber! A todo momento estava vendendo algo para ganhar dinheiro. A partir daí, decidi que seria isso que faria para o resto da vida. Durante a faculdade, participei do Desafio Sebrae, em 2006.
Aos 17 anos, abri minha primeira empresa, aproveitei a estamparia que meu pai tinha e montei uma marca de roupas, grife de rua. A empresa faliu em dois anos. Nesse processo, descobri o verdadeiro conceito de marketing e que já usava empiricamente. Então, montei uma agência de publicidade, que também quebrou em dois anos. Ao longo dos primeiros quatro anos da minha vida empreendedora adulta, aprendi muito através dos meus erros, e o principal erro foi a ansiedade em querer já começar o negócio, sem planejamento.
Como sempre tive muita dificuldade com a prática da gestão, resolvi encarar uma segunda faculdade em 2010, para me aprofundar nos conceitos de Administração. Estudei muito, porque precisava me destacar na faculdade para que eu tivesse visibilidade para montar uma empresa júnior – EJ – dentro da universidade. Então, escolhi participar do DUE- Desafio Universitário Empreendedor, em 2014. Ganhar o prêmio daria a visibilidade que eu precisava e foi o que aconteceu. Depois de ganhar o prêmio, consegui montar uma EJ que não parou de crescer e hoje tem contas como ViaRio e AquaRio.
Nunca tinha saído do Rio de Janeiro, como havia ganhado a competição estadual fui à Brasília representando o meu estado para participar da final. Fiquei muito entusiasmado com a possibilidade de vencer a competição e também conhecer jovens universitários como eu, de todo o Brasil, e colocar em prática diversos conceitos que estudava na faculdade. Queria aplicar tudo que aprendia, pois sentia falta da validação dos conceitos e me sentia inseguro se estava no caminho certo.
Qual foi o primeiro passo para tirar a ideia do papel?
Eduardo Nascimento: Iniciamos uma validação com um parceiro para tentar conseguir receita e realmente iniciar os testes de coleta de condomínios. Ficamos testando conceitos do negócio do meio de 2017 até fim de 2018. Fizemos uma modelagem e iniciamos a validação com condomínios em 2019. Em maio de 2019 lançamos a Minha Coleta conforme construímos na modelagem. No mesmo dia que iniciamos no BNDES Garagem. Fizemos uma ação de lançamento no whatsapp no domingo e na segunda tínhamos 70 leads. Fechamos maio com 13 condomínios.
Por que escolheu o mercado no qual está inserido?
Eduardo Nascimento: Segundo IBGE (2010) no Rio de Janeiro existem cerca de 2.145.379 moradias, gerando cerca de 802 toneladas por dia de resíduos recicláveis, o que representa 24,16% do resíduo total. Existem cerca de 396.161 empresas gerando 540 toneladas de recicláveis. Atualmente na cidade do Rio de Janeiro apenas 5 kg de resíduo reciclável per capita são recolhidos de forma certa por ano.
Qual o modelo de negócios considera inovador e traz lucros?
Eduardo Nascimento: Assinatura de condomínios e empresas geradores de resíduos. Comercialização de programas de logística reversa, comissão de serviços.
Qual o maior desafio a ser superado?
Eduardo Nascimento: A conquista de novos depósitos parceiros com a estrutura de logística e separação para rodar nossa plataforma foi o maior desafio. Saímos de 1 para 10, mas estamos validando e testando diversas soluções para atacar os problemas e ajudar a aumentar o número de depósitos e cooperativas aptos.
Já recebeu prêmios?
- 10 melhores empresas do BNDES Garagem módulo criação. – 2019;
- Campeão do eixo sustentabilidade do Desafio Santa Luzia. – 2020;
- Campeão do prêmio CLP Liderança Pública como melhor negócio de impacto para soluções em parcerias com governo. – 2020;
- Quatro melhores startups Desafio Inovadoria – Danone e Leroy – 2020;
- 20 Startups de impacto seladas no Inovativa de Impacto ciclo 2020.1;
- Startup Acelerada – Braskem Labs – 2021;
- Top 3 startups na ODS 11 do Selo Impact Latam – 2021.
Já receberam investimentos e qual plano para buscar mais?
Eduardo Nascimento: Já tivemos investimentos dos próprios sócios no valor de R$430 mil.
Iniciamos uma rodada de captação em janeiro. A captação será para acelerar e ajudar a organizar o crescimento. Pretendemos crescer 4x 2019. A captação será um valor pequeno para giro 2022.
Então a rodada de investimento que abrimos recentemente fechou com alguns investidores anjos e investidores de fundo. O objetivo é evoluir a tecnologia, finalizar a validação de algumas pontas da cadeia e organizar o crescimento esperado para início de 2023.
Condo.news: Como enxerga sua startup em dois anos? Tem potencial de crescimento?
Eduardo Nascimento: Em mais estados brasileiros, mais de 600 clientes e 7 mil toneladas de resíduos descartados corretamente para reciclagem, impactando 15 depósitos e cooperativas aumentando a renda de ex-catadores de resíduos.
As startups que quiserem participar, podem entrar em contato com a gente pelo e-mail ‘contato@condo.news’. Será um prazer contar sua trajetória. Até breve!