De 2020 para cá, quando tivemos o início e os piores momentos da pandemia, pensava-se que o mercado imobiliário iria sofrer uma retração. A realidade foi um pouco diferente. As pessoas passaram a buscar locais mais tranquilos para morar, com mais espaço e, em muitos casos, perto da natureza. Somado a isso, houve um movimento de adequação das casas para comportar o home office e a home school, sem perder a comodidade de estar perto de mercados e farmácias, por exemplo.
Com o retorno ao trabalho presencial, mesmo que de forma híbrida, novamente o consumidor olhará para a conveniência. Estar mais próximo ao trabalho e à escola dos filhos, evitando ficar muito tempo exposto durante o percurso aparecerá entre as prioridades. Ainda, tendências que se tornaram necessidades em moradias e devem se manter para os próximos anos são os espaços de coworking, bem como questões ligadas à sustentabilidade e meio ambiente.
Sob outro viés, os preços das matérias-primas da construção aumentaram significativamente, e as vendas de imóveis novos registraram aumento de 46,1% no primeiro semestre de 2020; 13% em vendas de novas unidades. Neste ano, a expectativa é positiva, devendo manter-se em alta, conforme aponta o balanço divulgado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Assim, uma das vantagens do mercado imobiliário é a solidez que traz segurança ao investidor, apesar da baixa liquidez.
A tecnologia que tanto avançou nesse período não ficou aquém quando se trata de mudanças e atualizações no segmento imobiliário. O mercado está aberto às mudanças, e a inovação disponível torna os serviços mais rápidos e baratos, tendo o consumidor no centro. Exemplos disso são a reutilização de água, a energia sustentável, a reciclagem do lixo, os ambientes compartilhados de trabalho, o fácil acesso aos imóveis disponíveis no mercado, a busca por financiamentos, as garantias de aluguel sem fiador e as formas de investimento mais acessíveis e seguras.
Diante disso, nota-se um mar de oportunidades para as startups do setor, como as proptechs e as construtechs. Por que sair de casa e ir visitar um imóvel, se posso ter um tour virtual? Por que ir ao banco buscar financiamento, se posso acessar um aplicativo e ter todas as formas e os limites disponíveis? Porque o construtor deve perder tempo indo de ponto em ponto fazer orçamento, se há ferramentas disponíveis no mercado com todas as opções disponíveis? A tecnologia está presente para auxiliar todas as pontas do ecossistema.
Essas facilidades trazidas pela inovação vão começar a ganhar espaço na rotina das pessoas e das empresas, acelerando a transformação digital no mercado de real state. Além da tecnologia blockchain, pouco usada em real state, que não serve apenas para criptomoedas – seu uso é amplo, devido à segurança das informações, à liquidez que ele dá aos ativos e à facilidade de comercialização, reduzindo intermediadores. Ele trará mais investidores para o mercado, com tíquetes de investimentos menores. A liquidez dessas novidades deixará o setor mais aquecido.
Pensando nas novas opções de moradia que o mercado tem nos mostrado, elas estão aliadas à tecnologia desde a aquisição, a compra de materiais, o acesso a financiamentos, a exchange de ativos, além da crescente onda de moradias por assinatura. O estilo de vida das pessoas vem mudando: nômades digitais, influenciadores, pessoas que podem trabalhar em home office podem morar onde quiserem, pelo tempo que quiserem.
Ao pensarmos em aluguel, vem à cabeça burocracia, tempo mínimo exigido de permanência, fiador, mudança, móveis novos. As casas por assinatura nasceram para sanar esse problema. É como reservar um hotel – você escolhe o local onde quer ficar, o tempo de permanência e as comodidades oferecidas, e faz a reserva. Normalmente essas opções compartilhadas têm tudo incluso (luz, água, internet, impostos) no preço da tarifa.
Seguindo as novidades imobiliárias, outra modalidade que já existe, porém é pouco conhecida ou acessada e está disponível nas grandes redes hoteleiras, é a da compra compartilhada para imóveis de férias. Cada um compra um pedaço do imóvel, podendo usá-lo em um período no ano acordado entre os compradores, e uma grande parte do ano esse imóvel é alugado para turistas, assim os proprietários recebem renda de aluguel. Com o uso da blockchain, essa modalidade passará a ser ainda mais difundida e acessada, pois facilitará para investidores com tíquete menor, dando mais liquidez ao investimento.
As startups do setor, como as proptechs (Property Technology, ou seja, empresas que atuam com foco na aplicação da tecnologia para propriedades) oferecem serviços inovadores na compra, venda e gestão de empreendimentos imobiliários (de propriedade). As construtechs, por sua vez, são voltadas à cadeia de construção dos imóveis, sendo responsáveis por desenvolver tecnologias que não só resolvem os problemas das empresas da área, como também agilizam os processos do mercado. Ambas trazem ganhos operacionais, como otimização do tempo e aumento de eficiência, minimização de gastos e riscos, transformação da experiência do cliente, gestão de dados para maior assertividade, enfim, todos os benefícios de ter a tecnologia aliada na cadeia.
A boa notícia é que o mercado só tende a crescer. Estamos vivenciando uma mudança paradigmática no mercado, mostrando que é possível investir em novas técnicas e sair do modelo tradicional, com ganhos em escala. Dessa forma, as empresas se tornam mais abertas e transparentes, conseguem seguir prazos e evitar estouros orçamentários, com o fortalecimento da eficiência empresarial e o desenvolvimento de novos planos de negócio. Isso porque as organizações conseguem reduzir os custos e aumentar a receita ao implementar soluções inteligentes, sendo uma excelente oportunidade de investimento, visto que toda a cadeia de valor se beneficia. Pouco explorado, esse mercado me parece muito promissor!