O sonho da casa própria tem cada vez mais se tornado uma ideia distante da realidade, já que pouca gente tem condições de concretizá-la. O conceito de moradia vem sendo reformulado conforme as transformações sofridas na sociedade e no mercado imobiliário. Novas propostas vêm surgindo nesse ramo, trazendo um olhar muito positivo ao substituir a ideia de comprar pela de compartilhar: o Living As A Service (LAAS).
Esse conceito, que tradução livre significa “moradia como serviço”, consiste na aquisição de uma assinatura mensal para ter uma habitação. Ao tornar-se uma opção de vida acessível e conveniente, é possível migrar para áreas metropolitanas altamente populosas e caras devido ao corte de custos. E também vivenciar a interação direta com outras pessoas ao dividir áreas comuns em um estilo comunitário.
Diferente dos modelos tradicionais, o também chamado coliving vem crescendo em todo o mundo, e no Brasil não seria diferente. É uma tendência urbana, um estilo de vida cada vez mais solidário levando as pessoas a buscarem novas formas de morar. A proposta do LAAS beneficia muito o morador em diversos aspectos como: flexibilidade no contrato; valor reduzido; comodidades; economia e desburocratização.
As facilidades de morar no Living As A Service
A flexibilidade no acordo é uma das principais características que influencia quem está procurando uma nova proposta de moradia. A falta de burocracia ao adquirir o Living As A Service é o maior benefício de todos. Não precisa de fiador ou de valores altos como garantia. Desta forma, os riscos também diminuem muito no contrato. Para os que buscam facilidade na moradia e diversos benefícios incluídos, o LAAS é uma ótima opção.
O advogado Gustavo Gonçalves Gomes, sócio do núcleo estratégico consumerista do escritório Siqueira Castro Advogados, explicou pontos que devemos observar com atenção no momento de adquirir a moradia como serviço. Por ser uma prática recente no mercado imobiliário nacional, o Living As A Service ou coliving ainda não possui uma legislação própria no Brasil para esse serviço. De acordo com Gustavo, por não existir no ordenamento brasileiro, uma norma específica para esta modalidade contratual, aplica-se, portanto, a Lei no 8.245/1991, que dispõe sobre locações de imóveis urbanos, merecendo atenção às disposições sobre sublocações. Considerando que no modelo de LAAS, em regra, o locatário subloca o imóvel alugado a diversas pessoas para a implementação do coliving, as regras da lei do inquilinato devem ser observadas.
Vale destacar que: “Com uma tendência disruptiva em todos os tipos de negócios, deve-se fomentar este processo igualmente no mercado de locação de imóveis, seja qual for a modalidade de contratação. Caberá às partes contratantes a responsabilidade de adotar todas as cautelas necessárias, com o adequado apoio jurídico, e ao Poder Judiciário a interpretação do sistema de coliving de acordo com a Lei de Locações, atualmente aplicável”, explica o advogado.
Dicas e serviços oferecidos no LAAS
Viver em um Living As A Service permite ter economia e ainda inclui diversos serviços na mensalidade, que facilitam o dia a dia do inquilino que escolhe transformar seu estilo de vida. Assim o possibilita compartilhar experiências com outras pessoas, através de espaços bem estruturados onde a convivência é coletiva. No pacote é oferecida a mobília, wi-fi , segurança 24 horas, academia, garagem, serviço de limpeza, lavanderia, coworking e muito mais.
E para gestão de tudo que um LAAS oferece, atribuímos a figura conhecida como síndico o perfil de um gerente, chamado Community Manager (gerente de comunidade). Que além de gerenciar a equipe do prédio e coordenar todas as atividades, possui agilidade na resolução de problemas com o objetivo de melhorar a qualidade do morador, a fim de manter a ideologia do projeto e comunidade ativa.
É muito importante que o usuário tenha alguns cuidados na hora de contratar o LAAS. Segundo o advogado Gustavo Gonçalves Gomes, pesam as diversas vantagens em contratações na modalidade LAAS, como a ausência de exigências com garantias – desburocratização – e o custo reduzido. Mesmo assim, o usuário do serviço deve se preocupar, inicialmente, se o proprietário do imóvel, no contrato de locação original, realmente autorizou a sublocação do bem para terceiros. Outrossim, todas as disposições contratuais devem estar claras, quanto aos direitos e deveres do usuário, para que não seja surpreendido com despesas adicionais e/ou condições de moradia inferiores às prometidas, o que pode se tornar um grande problema em um ambiente compartilhado com pessoas até então desconhecidas.
“O objetivo é oferecer a melhor opção de moradia para o momento de vida de seu cliente”, disse Rodrigo Lutfy, gestor executivo de negócios e comercial da Luggo, uma proptech de locação de imóveis da plataforma de soluções habitacionais, com foco em ofertar imóveis para locação para aqueles que não podem ou não querem comprar uma casa. Mostra que alugar um imóvel não é desperdício de dinheiro, mas, sim, um investimento de qualidade de vida.
Prova disso, são os serviços e as facilidades que os usuários têm acesso. Por meio de um conceito de moradia com serviços on demand, a busca é para oferecer locação de apartamentos sem burocracia, com uma gama de serviços agregados para facilitar a vida do locatário, sempre localizados em regiões próximas aos grandes centros comerciais.
São muitos benefícios, especialmente os espaços comuns. O coworking da Luggo é uma das áreas mais utilizadas, porque além de ser um espaço para trabalho, promove a conexão entre os moradores. Além de ter também outras áreas, como espaço gourmet, academia e até o pet place, que é um lugar destinado para os animais de estimação brincarem e interagirem uns com os outros.
De acordo com Rodrigo, a decisão de empreender nesse mercado faz parte da inovação, pois o modelo de multifamily já é amplamente difundido fora do Brasil, com alguns países tendo mais de 40% da sua população residindo de aluguel. “Acredito que o nosso modelo de moradia tem tudo para se popularizar nos próximos anos no país. Principalmente, neste momento em que as pessoas tendem a buscar mais conexão umas com as outras e qualidade de vida”, disse o gestor.
A diversidade do público na Living As A Service
O público-alvo, no caso da Luggo é amplo, vai desde recém-formados e jovens de 20 anos, que estão começando seus projetos e exigem comodidades para seu estilo de vida, a adultos de 40 anos que já têm estabilidade financeira e profissional. Diferente da Uliving o foco é exclusivo em estudantes, portanto empresa de moradia estudantil, assim como existem em outros lugares do mundo. É um conceito de student housing, não se enquadrando como coliving, pois foca apenas em estudantes solteiros que acabaram de sair da casa dos pais para a faculdade, explica Juliano Antunes, presidente e fundador da Uliving.
Prova da diversidade do público que o LAAS conquista, temos a Elizângela Rosa da Silva Costa, analista de sistema, que junto com sua família, optou em não depender de fiadores, por necessitar de um locador que facilitasse as negociações e possuísse menos burocracia possível. Além de garantir segurança, comodidade e conforto na moradia. A Luggo foi a escolhida, a única a oferecer tudo isso em fevereiro de 2019, época em que se tornou uma Luggers, nome carinhoso para chamar os moradores.
O serviço é utilizado há quase três anos, e Elisângela pontua as principais vantagens e benefícios: “Na prática, comodidade e segurança. Além da moradia, o condomínio oferece tudo em um só lugar: área gourmet com churrasqueira, salão de festas, área de lazer para os animais, parquinho, lavanderia, um mini mercado, academia e até aluguel de carro, caso o morador precise”, conta.
Os serviços compartilhados que mais utiliza são a lavanderia, o mercadinho e a academia. “Nossa experiência é de pagar por praticidade, segurança e conforto”, afirma Elizângela.
Fala Especialista
Observações importantes também são destacadas pela Dra. Fátima Santoro, Pós-Doutora em Direito, ao optar pelo Living As A Service. É necessário conhecer a empresa administradora do coliving, os serviços que são efetivamente disponibilizados, o que está incluído naquela mensalidade, o que não está, se existe taxa extra, conferir se no prédio existe memorial de comparação, conversão de condomínio. É importante conhecer a proposta. “Então, enquanto não temos uma legislação específica, penso que o ideal seja uma simples alteração, não criar mais uma outra legislação e sim alterar a lei do inquilinato, Lei no 8.245/1991 adequando a essa realidade do coliving”, explica a Dra. Fátima Santoro.
Yuca, a vanguarda do mercado
Pioneira no Brasil e focada na força que a moradia compartilhada está ganhando, uma gestora integrada de investimentos residências de imóveis para esse tipo de negócio inovador surgiu no mercado em 2019. A Yuca é uma startup para pessoas que querem facilidade para morar em metrópoles, unindo tecnologia e suporte. Sendo referência na adaptação de imóveis tradicionais em moradia compartilhada.
Outros países já atuam nesse mercado, a Yuca adaptou o modelo de moradia compartilhada para o perfil dos brasileiros, que vêem vantagem em dividir espaços pelos benefícios financeiros, mas tem uma cultura de privacidade e resguardo da intimidade. Por isso, os cômodos são idealizados para uso residencial, onde os pertences ficam em segurança e não precisa usar o banheiro com desconhecidos, por exemplo. Pois os apartamentos comuns são reformados para abrigar de três a seis pessoas, com aproveitamento dos espaços sem prejudicar o conforto. Dessa forma, os moradores compartilham o apartamento inteiro e tem a privacidade nos quartos e banheiros individuais.
Em São Paulo, a Yuca iniciou o projeto de coliving, que deve se espalhar para outras cidades brasileiras, e não vai demorar para acontecer. Afinal, quando o assunto é economia colaborativa, consumo consciente e sustentabilidade, a tendência é que o crescimento ocorra de forma exponencial.
O custo de vida mais baixo no LAAS é o ponto alto no momento de escolher morar em um coliving. A ideologia de moradia mais sustentável que estimula o convívio e a colaboração onde se compartilha espaços de uso comum com outras pessoas reflete na redução significativa dos gastos. São empreendimentos de alta qualidade, planejados, confortáveis, com praticidade e até um certo requinte. O público que se insere neste conceito busca estar mais perto das oportunidades de trabalho, no centro da cidade onde tudo acontece, focando na economia e vida em comunidade.