Muitos são os termos quando falamos em novidades tecnológicas para o setor condominial. Um dos que estão despontando no setor e que ainda pode confundir a cabeça dos interessados é Real Estate Fintech. Mas, você sabe como esse tipo pode te ajudar na gestão de um condomínio?
Em resumo, são empresas de tecnologia e inovação que buscam oferecer serviços e produtos financeiros para o mercado imobiliário, permitindo maior controle e segurança sobre diferentes transações financeiras. As empresas atuam, inclusive, no setor condominial, marcando presença em diferentes momentos. São consideradas Real Estate Fintechs companhias que oferecem serviços desde o momento da construção do imóvel até a hora da utilização.
“[As Real Estate Fintechs] são essas empresas startups que oferecem soluções financeiras mais focadas no setor imobiliário, geralmente financiamento. O grande ponto é que o processo de compra de uma casa, de um apartamento, de um imóvel, é doloroso, é muito complexo, muito burocrático. A startup vem com o propósito de sempre ser orientada ao consumidor, ao seu cliente-alvo, e trazer uma experiência muito diferente do que aquela que é imposta. A definição de startup, fazer algo que ninguém fez, que ninguém está fazendo daquela forma. Com isso, elas conseguem trazer uma outra eficiência, uma outra experiência para o mercado. De fato, mudar a dinâmica deste mercado onde ela está atuando”, explicou o especialista Alan Leite, da Startup Farm e da Kûara Ventures.
De acordo com o Report de Real Estate Fintech 2021, da Terracota Ventures, a revolução financeira da indústria imobiliária será liderada pelas Real Estate Fintechs devido a sua capacidade de promover uma maior integração financeira por meio da tecnologia e da inovação.
“Recentemente publicamos o primeiro Mapa de Real Estate Fintech do Brasil, onde percebemos que a maior parte das soluções financeiras não se encontram no momento da construção dos empreendimentos, mas sim na fase de aquisição de imóvel. O mercado imobiliário é altamente dependente de crédito e financiamento, pelo alto valor agregado dos imóveis. Nesse sentido, é inevitável que haja uma maior quantidade de empresas buscando atacar esse ponto, em ordem de estimular o segmento de transações – não é preto no branco, mas quanto maior acesso a recursos financeiros, naturalmente, maior é a chance de conseguirem comprar e alugar imóveis”, destacou Henrique Lorenzetti, da Terracota Ventures.
Ainda segundo o relatório da Terracota Ventures, o setor de fintechs desponta como o de maior crescimento entre as startups. Segundo o estudo, ao fim de 2020, o Brasil contava com 1.020 fintechs, distribuídas em 14 categorias diferentes. A categoria Real Estate tem a maior classe de ativos do mundo, correspondendo a aproximadamente US$ 225 trilhões. Somente no Brasil, são movimentados cerca de R$ 165 bilhões por condomínios.
Soluções financeiras
No mundo há milhares de exemplos de Real Estate Fintechs, que atuam em diferentes momentos da jornada de um condomínio. No entanto, o Brasil não fica muito atrás, com dezenas, até mesmo centenas, de empresas deste nicho. A Antecipe Já é uma startup de crédito online que atende empresas que fornecem produtos e serviços para condomínios. Dessa forma, a Real Estate Fintech antecipa o valor da venda para manter a tranquilidade na gestão financeira da empresa, enquanto o condomínio segue pagando os boletos de cobrança normalmente.
Outra empresa que desponta na área das Real Estate Fintechs é a Cashme, uma startup voltada para empréstimos financeiros. A procura pela empresa foi tão grande que a startup abriu um novo braço para atender diretamente os condomínios, o CashmeCondo, que oferece uma consultoria especializada para condomínios e proporciona a viabilização de projetos por meio de uma linha de crédito.
“A Terracotta Ventures entende que esse boom era só uma questão de tempo. O mercado imobiliário representa a maior classe de ativos do mundo e movimenta cifras altíssimas todos os anos, logo entendemos que é natural passarem a surgir soluções voltadas a atender problemas financeiros desse segmento. O que é mais curioso é que estamos observando o surgimento de Real Estate Fintech em novos formatos, tendo potencializado esse crescimento. No passado era mais comum encontrarmos empresas que já nasciam como uma Real Estate Fintech desde sua concepção; em seguida vimos fintechs expandindo sua operação até se depararem com o mercado imobiliário; e por fim temos observado o fenômeno do embedded finance, onde uma proptech passa a acoplar soluções financeiras para otimizar a jornada do cliente. Entendemos que esse último fenômeno tem destravado muito valor para as startups, e ser um dos principais vetores de crescimento no número de Real Estate Fintechs”, apontou Henrique Lorenzetti, da Terracota Ventures.
No entanto, não há apenas Real Estate Fintechs como soluções financeiras para condomínios. A Condobem, por exemplo, é um fundo de investimento totalmente voltado para condomínios. Segundo o diretor financeiro da Condobem, Saulo Lino, o fundo de investimento é regulado pela Comissão de Valores Mobiliários, pelo Banco Central e auditado trimestralmente. Dessa forma, tem diferenciais competitivos, como a possibilidade de antecipação de receita e a cessão de crédito definitiva.
“A Condobem é um fundo de investimentos voltado para soluções financeiras de condomínios. Somos o primeiro fundo do gênero no Brasil, com o intuito de trazer soluções para um mercado que sofre com a inadimplência e a dificuldade de acesso a crédito. O objetivo principal do Fundo é “zerar” a inadimplência dos condomínios, através da garantia de 100% da receita mensal, por vezes de forma antecipada, e compra dos direitos creditórios”, explicou Lino.
Por fim, destacando o lastro financeiro dos fundos de investimento, Saulo Lino destacou que a Condobem busca sanar as dificuldades dos condomínios com as suas finanças, garantindo a receita e realizando a cobrança dos inadimplentes.
“O mercado de garantia de receita condominial existe há cerca de 40 anos, mas só agora ganhou notoriedade, durante a pandemia. A média nacional de inadimplência condominial gira em torno de 15%, causando transtorno aos síndicos e suas administradoras, inviabilizando a manutenção e investimentos necessários. De alguma forma, existe uma crença de que este é um custo que pode ser colocado no fim da fila, o que é acentuado pela lentidão do nosso judiciário”, finalizou.