A carga dos sistemas isolados do Norte do país deve diminuir de maneira significativa nos próximos anos, mas isso não deve ser traduzido em redução proporcional da Conta de Consumo de Combustíveis (CCC) paga pelos consumidores do Sistema Interligado Nacional (SIN). Essa é a principal conclusão de estudo da TR Soluções, empresa de tecnologia especializada em tarifas de energia, sobre o futuro do encargo, cujo orçamento deste ano é de R$ 12 bilhões, o correspondente a 36% da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). As projeções indicam que, em 2027, o custo da CCC deve seguir na faixa de R$ 11 bilhões por ano.
Figura 1 – Evolução dos orçamentos da CCC e da carga dos sistemas isolados
Com a interligação de sistemas isolados ao SIN – com destaque para Roraima, prevista para ocorrer em 2025 –, a carga atendida por meio de usinas a diesel nesses sistemas deve diminuir de 3.801 GWh previstos para 2024 para 1.835 GWh em 2027. Além disso, caso as regras atuais se mantenham, devem deixar o orçamento as despesas das distribuidoras com sobras de energia; flexibilização das perdas; e descontos no valor médio considerado para a energia usada pelos consumidores no SIN (ACRmédio, usado para o cálculo da compensação das distribuidoras), entre outros pontos.
A maior parte dessas reduções, no entanto, será compensada pela evolução dos custos de operação e manutenção dos sistemas de energia solar instalados por meio programas de universalização do acesso à energia na região. A Resolução Normativa 1.016/2022 da Agência Nacional de Energia Elétrica aponta um valor de referência de R$ 6.646,67 por MWh (relativo a 2015), ou seja, de R$ 10.753,80 por MWh em valores atuais. Considerando a quantidade de sistemas prevista para a região, o impacto anual na CCC deve ser da ordem de R$ 1,3 bilhão em 2027.