Desapegue da ideia de funcionários de uma única empresa ocupando o mesmo espaço de trabalho. Esqueça também a imagem da pessoa que faz home office trabalhar apenas de casa. Agora se imagine trabalhando em um escritório dentro do seu condomínio. Essa é a proposta dos coworking – que são espaços de trabalho compartilhados, que oferecem toda infraestrutura, de recepcionista a sala de reuniões e internet liberada – implementado em condomínios residenciais, que são exclusivos para seus moradores. Uma commodity que proporciona um ambiente corporativo em “casa”.
Quem aposta nesta tendência antes do hype do modelo de trabalho híbrido é a Cury Construtora, que antes da pandemia já incluía em alguns de seus empreendimentos este tipo de espaço. Segundo Bruna Santini, gerente de produtos da Cury, a ideia era proporcionar aos clientes ambientes com uso cada vez mais funcional.
Santini também afirma que sem dúvidas o fato de incluir o serviço de coworking nos projetos fez com que houvesse mais procura pelos apartamentos. “Em um cenário pós-quarentena, no qual o trabalho híbrido é uma realidade permanente, nós conseguimos oferecer uma solução que traz qualidade de vida”, exalta .
De acordo com a construtora, ainda não há nenhum espaço como esse entregue. “Os primeiros estão com entrega prevista para esse ano. Nossa ideia, pós entrega e maturidade do condomínio, é fazermos uma pesquisa de aderência das áreas comuns que projetamos, para entendermos a real funcionalidade, não só deste, mas de todos os espaços que concebemos”, conclui Bruna.
Conceito de coworking: o que é e como funciona
São espaços de trabalho colaborativos, muito mais alinhados às demandas atuais do que a ambientes de trabalho tradicionais. Diversas vezes resumido a um local de atividade compartilhada, o coworking é muito mais que um metro quadrado, pois permite que empresas e empreendedores dividam não apenas locais de área comum, mas projetos, conhecimento e despesas gerais.
Estes espaços reúnem diariamente milhares de pessoas a fim de trabalhar em um ambiente inspirador, inovador e com infraestrutura completa. Este modelo segue as tendências dos profissionais freelancers e das startups. Em pouco tempo escritórios nesse formato têm se espalhado pelas grandes capitais empreendedoras do mundo e atraído cada vez um número maior de startups e profissionais do mercado.
Os novos profissionais não se contentam em apenas trabalhar em frente ao computador. Precisam se conectar, compartilhar, criar junto a outros profissionais, o que colabora para o crescimento profissional.
Essa união de pessoas permite que mais e mais escritórios se espalhem pelo país. No Brasil existem mais de 1200 espaços de coworking, de acordo com o site Coworking Brasil, que divulga o conceito e os espaços por todo o país, colaborando para que profissionais conheçam este universo.
O sucesso destes espaços vêm da procura de profissionais independentes por um espaço democrático, onde se possa desenvolver projetos sem o isolamento do home office ou as distrações de espaços públicos.
Este conceito atrativo permite muito networking com pessoas e empresas de diversas áreas, e toda a estrutura para receber clientes com um custo menor do que teria ao alugar uma sala comercial. O valor para utilizar o serviço é estipulado conforme a capacidade do espaço escolhido, sua utilidade e a região onde está localizado.
É importante frisar que apesar de citadas algumas áreas de atuação, as opções de profissões para se trabalhar em um coworking são infinitas. Não existe um grupo definido de atividades e profissões que podem atuar nele.
Benefícios
Para a Cury Construtora, a implementação de um coworking em condomínio residencial não trará nenhum obstáculo, apenas benefícios aos moradores. Como a utilização da área comum de forma funcional, liberando o espaço da casa para a função de morar.
Os principais motivos são: ótima localização, baixo custo, sem burocracia para alugar um imóvel, parcerias com outras empresas, recepção, internet, salas privativas, escritório virtual, salas de reunião, auditório, espaço de convivência. Toda estrutura necessária para o ótimo funcionamento de um escritório corporativo.
Além do fato de ter virado núcleo de tecnologia, pois o avanço tecnológico faz parte de todo negócio, o que só prova o quanto é necessário acompanhar o desenvolvimento constante da tecnologia, que está sempre em evolução.
Tudo já vem incluído no plano contratado e o valor é de acordo com sua necessidade, mensal ou por hora de uso, dependendo do plano escolhido.
A soma dessas características fazem do coworking uma ótima alternativa para os que não se contentam apenas com bons salários, mas também com uma rotina satisfatória em um ambiente agradável de trabalho.
Regras de utilização e cuidados jurídicos
Para o especialista condominial Vagner Lessa, para que condomínios que possuem um coworking funcionem de forma organizada e de maneira que atenda a todos os usuários, as normas precisam ser seguidas.
“Para administrar um espaço desse você pode controlar com uma lista de agendamento física na administração, ou até mesmo a entrega de chaves com um aceite de um checklist na entrada e saída, para o acompanhamento de todos os itens que lá estão. Ou até mesmo usar aplicativos para agendamento e controle pela administração, pelo painel de gestão dos horários do coworking ou home office”, explica o especialista.
O coworking nos condomínios é uma realidade e acredita-se que venham para ficar, claro que muita coisa ainda será necessária para sua administração junto aos síndicos e moradores em condomínios residenciais, finaliza Vagner Lessa, especialista condominial.
Em relação aos cuidados que se deve ter em administrar um coworking em condomínio residencial, Bruna Santini ressalta que é extremamente importante que se tenha uma agenda de controle do espaço para que cada condômino possa garantir seu horário, e para que o condomínio tenha o controle da utilização, para garantir que a lotação máxima do ambiente seja respeitada, assim como o controle de acesso de eventuais visitantes.
Em prédio residencial, de acordo com Gustavo Kloh Muller Neves, advogado e professor no Rio de Janeiro, sócio de NBNK Advogados, são necessários que os espaços destinados ao coworking sejam adequadamente demarcados, atentando-se para o fato de que seria recomendável, em estruturas maiores, a existência de um responsável pela gestão do espaço (funcionário).
Em prédios comerciais, é relevante que seja estabelecido controle de portaria mais detalhado, visto o grande fluxo de pessoas que lá acendem. “Como existem modelos diferentes de coworking, que vai desde a locação de uma baia até uma sala, pode haver equiparação com sublocação, e neste caso é ainda mais recomendável manter um registro de todos os usuários”, pontua Gustavo Kloh Muller Neves.
Para o advogado, em prédios residenciais, se não existem normas é necessário estabelecer, no regulamento do condomínio, como se dará o uso do espaço de coworking. “Estabelecendo regras de convivência, acesso a estranhos para fins de reuniões, horários, reservas, entre outros. Enfim, tudo aquilo necessário para o uso saudável de uma nova área comum”, afirma Gustavo que acredita que desta forma haverá melhor adaptação e organização do serviço no prédio.
A Cury Construtora acredita que não existem diferenças administrativas entre condomínio residencial com ou sem coworking. Os cuidados com esses espaços devem ser similares aos cuidados que os condomínios já têm com suas áreas comuns como o salão de festas, churrasqueiras ou espaço beleza.
Agora, se o espaço será aberto ao público, caberá à administração de cada condomínio, junto com os seus moradores, a definição das regras de utilização desse espaço.
Em prédios comerciais, em princípio, não é necessário mudar regras, mas apenas afinar o dia a dia para o fluxo de estranhos. Se o fluxo for excessivo, não se pode descartar a hipótese de, como acontece com cursos e instituições de ensino, os demais condôminos requererem a limitação da presença desse tipo de atividade no condomínio.
É sem sombra de dúvidas uma conveniência importante para um cliente morar em um condomínio com o serviço de coworking. O advogado Gustavo, reforça ser muito importante ficar atento diante das questões jurídicas, tanto para o cliente quanto para o gestor condominial. “Visto que, conquanto todos valorizem esses espaços, são locais de conflito natural. Nos prédios residenciais, como toda área comum, é essencial alterar o regulamento e prever como usar, se o espaço não existia antes. Nos prédios comerciais, pode ser também necessário mudar os acessos de portaria, fazendo controle mais rigoroso”, reforça o advogado.
O coworking em condomínio residencial é algo que veio para ficar! Para a Cury Construtora, cada vez mais empresas estão aderindo à cultura do teletrabalho, mesmo que seja em sistema híbrido, o que fortalece a demanda por esses espaços em casa.