Em algum momento da sua vida você utilizou um serviço de uma startup e nem se deu conta. O carro que você chama através de aplicativo, a série que você assiste na plataforma de streaming, são inovações que transformaram o seu jeito de viver e consumir.
Essa nova forma de empreender, que coloca a tecnologia como pilar de um negócios cresceu exponencialmente nas duas últimas décadas, mas, já conta um ecossistema imenso – tanto no Brasil quanto no mundo – e repleto de nichos. E nesse universo, há dois que facilitam a gestão de condomínios: as condotechs e proptechs.
Segundo a quinta edição do “Mapa de Construtechs e Propetchs”, lançado pela empresa de venture capital Terracotta Ventures em abril de 2021, o universo de startups de tecnologias voltadas aos setores de construção e mercado imobiliário cresceu 19,5% em relação a 2020 e 235% se comparado ao primeiro mapeamento que foi feito em 2017.
Segundo Marcelo Marcus Anselmo, cofundador da Terracotta Ventures, o setor de condotechs e proptechs é o que mais vem crescendo no mundo das startups, o que está despertando o interesse de grandes investidores nacionais. “A atratividade desse mercado cria players especialistas como é o caso da Terracota”, explica.
O que são Condotechs?
Na definição de Anselmo, as condotechs “são empresas que têm criado soluções criativas e tecnológicas, para facilitar a resolução de questões que surgem entre condôminos e síndicos, e assim melhorar a experiência dentro dos condomínios”. No caso de administradoras de condomínios, as inovações possibilitam que elas ganhem mais escalas, conseguindo assim atender mais clientes e reduzir custos operacionais. Essas startups atuam na área de gestão condominial, prestação de serviços e segurança.
O que são Proptechs?
São startups do ramo imobiliário que usam tecnologias como internet das coisas, inteligência artificial e programas de gestão para oferecer de forma inovadora serviços de compra, venda e administração de empreendimentos. Com elas, síndicos, proprietários de imóveis e inquilinos podem resolver problemas relacionados aos imóveis com um clique. Elas se dividem em categorias como Smart House, Portal de Oferta, Gestão de Reforma, Instant Buyers (diminuição de burocracia), Gestão de propriedade, Marketing, Serviços Financeiros, entre outros.
Tendências de mercado
Nos próximos anos, a expectativa é de que alguns subsegmentos do setor ganhem destaque no mercado. É o caso do Real Estate as a Service (REaaS), que reúne empresas focadas em prover moradia com experiência do cliente e serviço agregado. Esse nicho de mercado apresenta um novo olhar para o mercado de imóveis que ainda se baseia no oferecimento de um produto e tudo gira em torno dele.
O grande insight dessa tendência é a mudança do foco do produto, para um pensamento focado em serviços, no qual a abordagem passa a ser totalmente voltada para o cliente e em sua experiência, pois percebeu-se que é para o cliente que está sendo ofertado o serviço. Um exemplo é o coworking, um espaço no qual os inquilinos não precisam se preocupar com seus móveis, não precisam se preocupar se a eletricidade está funcionando, apenas com o seu trabalho. Em vez de simplesmente fornecer espaço, serviço é a palavra de ordem.
Por que apostar em tecnologia para resolver problemas condominiais?
Segundo Marcelo Marcus Anselmo, cofundador da Terracotta, desde 2020 o mercado de condotechs e proptechs vem amadurecendo e os investimentos estão mostrando isso, com os grandes aportes e fusões. “Entre 2018 e 2019, ao longo de 24 meses, foram 61 rodadas de investimento em startups desses setores. Já o acumulado de janeiro de 2020 a março de 2021 soma 67 rodadas. O mercado está deixando de ser dominado por investimentos-anjo, com volumes baixos, e agora conta também com aportes maiores em startups mais robustas e estruturadas”, destaca.
Outro ponto de destaque da performance destes nichos são os unicórnios – startups que atingem um valor de mercado de mais do que US$ 1 bilhão. E este marco está batendo na porta do setor, com 30 startups com potencial para alcançar este feito, segundo levantamento realizado pela Terracotta Ventures.
Perguntado sobre o futuro do mercado daqui a duas décadas, Anselmo prefere pensar em curto prazo. “Para mim, mais importante do que olhar para os próximos 20 anos, é olhar para os próximos seis anos. Porque as transformações costumam vir em ondas. E o momento é de muitas rupturas, com uma convergência de alta disponibilidade de capital para investimento de startup, e um bom conjunto de provedores, empresas crescendo. E isso precede um momento de transformação, pois você tem uma quantidade de empresas muito grande que apostam em um crescimento muito rápido. E isso vai ter um impacto no mercado nos próximos anos”, prevê.