Muito interessante escrever sobre este tema, seja para falar sobre inovação, seja para falar de um setor tradicional. Aliás, “setores tradicionais” acredito que seja um conceito singular de definir.
Difícil conseguir colocar em palavras algo que explique bem esse termo. Afinal, qual setor hoje não pode ser considerado como tradicional? Mas fica mais fácil contando um pouco sobre os feedbacks que recebo em minhas reuniões rotineiras: pegamos casos em que o fulano diz ser um “dinossauro” do setor, ou que o mercado atua desta maneira há mais de sei lá quantos anos. Ou, ainda mais clássico: “é um setor que eu mesmo criei e desenvolvi”. Acreditem, já escutei de tudo um pouco.
E o que seria inovar? Para uns, pode ser sinônimo de algum software que troca todo o trabalho humano por um robô. Para outros, um curso que te ensina uma metodologia inovadora (a internet está cheia disso, não?) Enfim, definições são o que não faltam hoje em dia. Mas do meu ponto de vista inovar é: ou encontrar uma maneira de fazer melhor e mais eficiente o que todos já fazem ou, como bônus extra, fazer algo que nunca ninguém conseguiu fazer.
Vou aproveitar e trazer da minha própria experiência a fusão destes dois conceitos com um exemplo clássico: o caso da Netflix. Quando moleque, era apaixonado pelas vídeo locadoras, especialmente a gigante Blockbuster. Não somente era uma aventura chegar o quanto antes para buscar o lançamento do VHS de algum filme, como mais ainda era devolver a fita no Dropbox. Que experiência fantástica! As pessoas quase saiam no tapa para conseguirem alugar os últimos lançamentos, que você levava para casa por apenas três dias! E aí, de repente, tudo mudou: você agora poderia assinar uma mensalidade e assistir, quando quisesse e quantas vezes quisesse, todo um catálogo disponível online. Lembro-me que duvidei no início, mas deu no que deu: fim da Blockbuster e minha vida hoje não funciona sem a tal da Netflix.
Aí está, portanto, um dos grandes exemplos – ainda que seja clichê – de inovar dentro de um setor tradicional. É um caso clássico de um conceito criado pelo economista norte-americano Thedore Levitt, que em 1960 escreveu sobre a “miopia em marketing”, ou seja, se concentrar em produtos em vez de clientes. E é por este conceito que vou tomar a liberdade para definir um setor tradicional nos dias de hoje: concentrar-se em esforços de uma marca ou empresa apenas nos produtos ou serviços, mas não no cliente.
Ok, chega de teoria e deixem-me dividir com vocês um pouco da minha realidade. Atuo dentro do mercado condominial, com o desenvolvimento de um app que, pela primeira vez, traz um morador no centro de tudo, conectando-o com tudo e todos num único aplicativo, ridiculamente fácil de usar. Quer aprender o que é um setor tradicional? Venha para este mercado!
Praticamente tudo dentro dele é analógico. Você ainda vai se deparar com o interfone do seu prédio, com o livro da portaria (por onde se anota e formaliza-se tudo) e com a figura do síndico apenas preocupado com a resolução destes problemas: cano, cachorro, criança, carro (garagem) e cobrança (inadimplência condominial). Como inovar nesse mercado? O que poderia ser feito melhor, ou ainda por cima fazer algo antes nunca visto?
Nossa missão é exatamente esta, inovar em algo totalmente “antigo”. Nunca a figura do morador foi atendida. Sempre este morador recebeu uma solução tecnológica apresentada por algum prestador de serviço, seja a administradora, seja a própria empresa de um síndico profissional. E este é o nosso desafio: conseguir mostrar algo que, neste caso, nunca ninguém fez!
O caminho é árduo, mas vale a pena. O segredo para o sucesso? Não tem… É ir introduzindo aos pouquinhos e confirmando a satisfação destes moradores com o uso do apepê, nosso sistema.
Foi assim que aconteceu com a Netflix, com o Uber e com tantas outras startups fantásticas que foram criadas. O uso traz encantamento e, na sequência, a fidelização. Acontecerá também com o apepê e tantas outras soluções que estão por vir. É um caminho sem volta.