Segundo dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) só em janeiro deste ano foram vendidos 2.558 carros elétricos no país, um aumento de 93% em relação ao mesmo período em 2021, acompanhando o crescimento deste mercado que fechou de 77% de emplacamentos comparado a 2020. E o que isso significa? Um novo estilo de vida dos brasileiros – e consequentemente de seus condôminos – que vai exigir a adaptação dos condomínios para entregar aos moradores praticidade, segurança e economia.
E para saber sobre os custos de instalação de estações de recarga de carros elétricos, conversamos com Junior Miranda, CEO da GreenV, startup especializada em soluções para mobilidade elétrica que recebeu um aporte de R$ 22 milhões de um fundo norte americano. Além disso, sua empresa foi responsável pela instalação de mais de 1.500 pontos de recarga em todo país, incluindo o maior carregador da América Latina em 2020, um ultra fast charger ABB de 350kW no Porsche Center São Paulo, que carrega até 80% de um Porsche Taycan em 22,5 minutos. Vamos ao tira dúvidas:
O que é preciso para instalar um ponto de recarga em um condomínio?
Junior Miranda: A instalação leva em consideração o objetivo do condomínio: se vai disponibilizar uma vaga coletiva para que um ou mais veículos possam revezar o carregamento ou se a vaga será individual para os condôminos. Para definir isso, é realizado um levantamento da quantidade de veículos elétricos que farão a recarga, verificação das condições do condomínio para atender toda a demanda e assim é realizado um dimensionamento dos equipamentos necessários para a instalação.
É preciso contratar alguma empresa para adaptação do espaço previamente?
Junior Miranda: Não. Por isso, é de extrema importância contratar uma empresa com experiência e seriedade para realizar o projeto e instalação com segurança e assegurar a melhor entrega possível para o condomínio.
Quanto tempo dura a obra?
Junior Miranda: Na maioria dos casos, a instalação pode ser realizada em um único dia, dependendo da distância da vaga até a fonte de energia e do caminho a ser percorrido pela infraestrutura. Instalações mais complexas exigem um levantamento e detalhamento mais profundo das informações para realizar o projeto.
Qual o valor do investimento?
Junior Miranda: As instalações de carregadores para veículos elétricos seguem normas específicas, que são complementadas por especificações brasileiras. Em uma instalação padronizada consideramos sempre kit de proteção com DR do tipo A, disjuntor dedicado e DPS, além de toda a infraestrutura e cabeamento. Com isso, a solução completa de infraestrutura parte de um valor aproximado de R$14.990, que será ajustado de acordo com a distância da vaga de carregamento e o quadro elétrico.
Existe diferença entre uma instalação em um condomínio residencial e a em um prédio comercial?
Junior Miranda: Em questão de instalação, não há diferença. Ao invés de efetuar a medição individual do consumo, em prédios comerciais existe a possibilidade de cobrar a carga através de um cartão de crédito ou tag automática.
As estações de recarga precisam de manutenção periódica?
Junior Miranda: Os carregadores utilizados para carregamento comercial e residencial não necessitam, no entanto, para acompanhar o status de funcionamento, é interessante o uso de um CPO – Operador de Pontos de Recarga – que registra todas as informações dos
pontos de carregamento e permite monitorar tudo remotamente. Esta tecnologia ajuda a prevenir possíveis falhas e auxilia o empreendimento na visibilidade e redução de potenciais problemas de gestão.
Cases cariocas
A Estasa Administradora Imobiliária instalou estações de recargas para os carros elétricos em três condomínios que administra no Rio de Janeiro. Quanto ao custo de implementação e cobranças de consumo, a empresa ofereceu duas opções: a de instalações individuais, diretamente nos relógios dos apartamentos, e por conta de cada proprietário; e a rateada no valor do condomínio, pois será de amplo uso a médio prazo. Entretanto, as recargas são registradas via cartão de consumo individual, cujos valores serão cobrados mensalmente na cota condominial do morador.
São Paulo legisla a favor de carros elétricos
Desde abril do ano passado, a prefeitura da cidade aprovou a Lei municipal nº 17.336/2020 que exige que novos projetos de empreendimentos residenciais e comerciais apresentados para aprovação tenham previsto um sistema de recarga para carros elétricos ou híbridos. A obrigatoriedade só não é válida para programas de habitação de interesse social, como o Casa Verde e Amarela, por exemplo, e empreendimentos em fase de obras.
A iniciativa foi vista de forma positiva por Carlos Borges, vice-presidente de Tecnologia e Sustentabilidade do Secovi-SP: “Os carros elétricos ainda representam muito pouco da frota total de veículos. Na Europa, por exemplo, eles são 3% do total e no Brasil menos de 1%. Mas é inexorável o crescimento desse meio de locomoção pelas cidades de todo mundo. Nesse sentido, as incorporadoras terão de se adaptar a essa realidade, prevendo as demandas necessárias de energia em cada um de seus novos empreendimentos”, diz Borges.