Em agosto passado, 17 pessoas foram presas em São Paulo e em cidades próximas à capital paulista (Diadema, Cotia, Jundiaí, Guarulhos e Osasco) após a Polícia Civil do estado desarticular uma quadrilha especializada em roubos a condomínio de luxo. Cancelas, catracas e identificações faciais são tecnologias que, sozinhas, já não conseguem manter a segurança para os moradores destes conjuntos residenciais, por mais caro que seja o investimento nesses produtos e o nível de proteção de cada casa dentro desses espaços.
As prisões ocorreram depois da investigação de um crime que ocorreu no dia 13 de maio, em um condomínio entre Santa Cecília e Higienópolis, região nobre paulistana. A ação criminosa foi muito sofisticada e coordenada. Uma noite antes de o delito acontecer, três pessoas com uniformes de uma empresa de telefonia cortaram os cabos de internet do complexo residencial. O fato derrubou os sistemas de monitoramento e controle de acesso do local. Na manhã do roubo, os bandidos ainda entraram no prédio com um veículo “dublê” idêntico ao de um morador, o que burlou o sistema e explorou falhas de reconhecimento facial. Após ingressarem na área interna, eles renderam os responsáveis pela portaria e permitiram a entrada de outros meliantes, também com placas clonadas.
O grau de inteligência e sofisticação utilizado pela quadrilha neste grave episódio mostra como os condomínios devem buscar sistemas de segurança integrados e mais abrangentes, que não funcionem somente online ou com energia elétrica, por exemplo. Além disso, o esquema de proteção também precisa de tecnologia de ponta e muito planejamento para evitar buracos sem proteção ou falhas.
Entretanto, a segurança particular é só um braço quando olhamos de forma macro para a criminalidade. Em meio a uma legislação ineficiente, os poderes público e judiciário, em grande parte dos casos, acabam mais “incentivando” as práticas ilícitas do que propriamente coibindo essas ações, o que deveria ser o papel institucional exercido por cada uma dessas instituições. Isso porque as leis no Brasil ainda são muito brandas e a justiça muito morosa. A maioria dos criminosos presos nesta operação policial citada acima já era formada por reincidentes, sendo dois deles oficialmente procurados enquanto foragidos.
A ineficiência da legislação atual colabora de maneira importante para que delinquentes fiquem impunes em muitos casos. É uma tríade complexa, na qual a gente vê a segurança pública tentando combater o crime de um lado enquanto, em outras duas vertentes, há os processos em andamento com os meliantes e o sistema judiciário julgando as ações penais com leis cheias de brechas e que, por muitas vezes, são permissivas, lenientes e aplicadas de forma demorada.
Enquanto não houver uma mudança regimental na forma como a segurança pública brasileira é guiada atualmente, veremos polícias prenderem o mesmo bandido milhares de vezes e os delinquentes ficando sem cumprir pena completa pelos seus crimes e voltando cada vez mais perigosos para a sociedade.
Diante dessa realidade, as empresas particulares assumem o espaço de munir condomínios, empresas e cidadãos com tecnologia de ponta para tentar prevenir danos, mas a população precisa cobrar mais rapidez e pulso das autoridades. Somente assim, poderemos viver em cidades mais seguras no país.