Provavelmente você já ouviu diversas vezes que a chave para uma administração menos turbulenta é o equilíbrio dentro do setor financeiro. E muita das vezes, esse pode ser um grande problema dentro da gestão do síndico. Por isso, para manter o financeiro com vida útil e saudável é inegável que temos que partir de uma boa organização.
Dentro das atividades do síndico, uma das mais importantes é a previsão orçamental, já que através dela a gestão aprimora o planejamento financeiro do imóvel e estabelece as obrigações do próximo ano que serão atendidas.
O que é a previsão orçamental?
A previsão orçamental é uma análise de planejamento referente aos recursos que serão investidos no condomínio futuramente, sendo baseada nas despesas ocorridas nos últimos meses.
Com o planejamento bem executado e correto, evita-se que o fluxo de caixa seja negativado. É sempre importante que a gestão mantenha a previsão mais próxima da realidade do condomínio, para que seja possível definir quais operações o financeiro irá lidar durante os próximos meses e como as taxas condominiais afetarão, também, o orçamento dos seus condôminos.
Feita anualmente, a previsão orçamentária define se a cota condominial precisa de reajuste ou se mantém regular. Caso o reajuste seja necessário, todo o planejamento deve ser apresentado em assembleia e ser aprovado, por isso, uma boa gestão deve estar sempre preparada para argumentar e ser transparente sobre a situação financeira que o condomínio se encontra.
Como realizar de forma correta?
Sendo uma operação tão complexa como em grandes empresas, o planejamento financeiro de um condomínio deve ser realizado com cautela, detalhado minimamente, para tentar ao máximo fugir de erros que possam vir a ser prejudiciais para o estabelecimento no futuro. A atenção deve ser redobrada, já que a variedade de despesas e investimentos implantados em uma boa administração tendem a ser vastas.
Histórico de contas
A primeira etapa que deve ser realizada para uma boa previsão orçamentária de sucesso é uma análise do histórico de gastos passados. A gestão deve ter em mãos os registros de gastos ordinários referente aos últimos 12 meses, para uma análise detalhada e o começo da organização do seu planejamento para o futuro.
Luiz Barreto, presidente da Estasa, acredita que além do mapeamento de gastos, outro ponto importante que deve ser destacado para projeção é uma lista com manutenções e investimento planejados de caráter especial para aquele novo período, tendo esse orçamento é uma garantia que o dinheiro não vai faltar.
Barreto destaca também a importância do conhecimento sobre economia geral e a situação atual do país, recomendando utilização de ferramentas do meio digital para um auxílio preventivo de conhecimento nestes assuntos. “Nesse momento que estamos vivendo de inflação alta, o gestor deve estar sempre atento e fazer buscas de previsão de inflação dos próximos 12 meses. E também usar esse indicador – eu recomendo muito o IPCA – como um informador de inflação para correção de todos os contratos que são contínuos, para a previsão do aumento dos funcionários. Esse corretor é fundamental, porque esse ano já tivemos 11% de dissídio e isso pegou muita gente desprevenida”.
Separar dívidas
Dividir e discriminar o valor das despesas em pequenos grupos é uma ótima forma de deixá-las melhor organizadas e ter um conhecimento destrinchado do que está sendo investido. A divisão em pequenos grupos organizados é uma técnica utilizada para ajudar a entender as oscilações de gastos mensais. Desta forma, como exemplo: folhas de pagamento devem incluir a quantidade da porcentagem representada nas despesas do condomínio, horas extras, férias, décimo terceiro e encargos. Manutenção o que envolve inspeções em elevadores, serviços de dedetização, portões, jardins, entre outros. Já em consumo, contas como água, luz, gás e por aí vai.
Considere imprevistos
Circunstâncias imprevistas sempre acontecem quando a gente menos espera, então incluir gastos emergenciais dentro do seu orçamento é uma ótima iniciativa para evitar prejuízos. Um vazamento inesperado, um portão danificado ou até mesmo uma cadeira de piscina defeituosa, ter um fundo para esse tipo de emergência deixa o administrador mais tranquilo e evita casos de cota extra. De acordo com Luiz Barreto, 5% é o número ideal para a elaboração de uma sobra, onde não tornam orçamento muito apertado para a gestão e seus condôminos.
Inadimplência
Condôminos inadimplentes também devem ser considerados em uma previsão bem estruturada, um dos problemas mais recorrentes dentro de condomínios, deve tentar ser solucionado antes que se transforme em uma bola de neve. Por isso, é indicado que o síndico observe de perto e crie soluções junto com os condôminos para evitar que o problema venha a acontecer.
Previsão x Assembleia
Para que a previsão orçamentária entre em vigor, ela precisa ser apresentada e aprovada em uma assembleia geral, com uma data bem definida para que o maior número possível de moradores se encontre presente. Nela o síndico vai poder apresentar com transparência para seus condôminos as necessidades que vão ser financiadas nos próximos meses, levando em consideração todo o estudo e mapeamento de gastos do último ano, assim, decidindo se o reajuste de taxas condominiais será necessário ou não.
Estimativa para 2023
O presidente da Estasa, Luiz Barreto, comenta sobre suas perspectivas e cuidados que devem ser tomados ao pensarmos na previsão do ano que vem. Com eleição presidencial chegando muitas questões são incertas, principalmente quando se fala em economia. “A dica para o planejamento de 2023, é refletir a situação atual do país. Vivemos um momento de incerteza, inflação alta, reajustes de alguns insumos que acabam sendo encarecidos, como chances de aumento nas contas de água. E o período eleitoral, deixa uma incerteza maior. Agora tivemos uma redução de impostos que vai impactar na conta de luz, mas não sabemos que no ano que vem, com a possibilidade de um novo governo, reajustes mais altos de impostos podem surgir e a conta de luz explodir. Então, a gente tem esse risco de incerteza. Dado que você tem uma incerteza, seja conservador, planeje uma sobra, porque além de custos que podem subir acima do previsto, estamos suscetíveis a crises no Brasil, e essa crise pode gerar um aumento de inadimplência, que podem ser muito prejudiciais para a saúde financeira, principalmente de condomínios menores ou com histórico de inadimplência em momentos de crise”, finalizou Luiz.