Segundo Panorama da Violência Letal e Sexual contra Crianças e Adolescentes no Brasil, lançado pelo Unicef e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública em outubro de 2021, 35 mil crianças e adolescentes foram vítimas de mortes violentas no país, sendo o último grupo detentor de 31 mil desses óbitos. Mas como mantê-los seguros e prevenir de situações de risco? Para isso conversamos com Vinicius Freitas, Diretor de Operações do Grupo GR, empresa especializada em serviços de segurança.
Freitas aponta que hoje os adolescentes, em especial os que frequentam locais públicos, são alvos de furto de celulares e pequenos pertences, como relógios, jóias, tênis, além de sofrerem de sequestros relâmpagos e aplicação de golpes de PIX. “A regra de ouro para detectar esse tipo de golpe é desconfiar quando a esmola for grande demais. Os familiares precisam trocar informações com esses jovens sobre as situações cotidianas de segurança, em um diálogo aberto e participativo, sem intimidar com broncas, para que os jovens não mintam sobre as situações ou omitam fatos. O ideal é criar uma orientação diária e repetitiva para uma cultura natural de segurança”, explica.
Ele comenta ainda que os locais e horários mais visados para a abordagem costumam ser entrada e saída de residências, escolas, academias e pequenos eventos isolados em estabelecimentos comerciais, entre 6 e 9 horas, 11 e 14 horas e 18 e 21 horas. “Além disso, é necessária a atenção aos locais com mais de duas opções de rota de fuga, com baixa iluminação pública durante a noite e com carência de policiamento.”
Nos casos de tentativa de assalto, que têm sido muito frequentes nas cidades, Freitas orienta a manter a calma, comunicar os movimentos ao assaltante para não instigar uma reação, jamais reagir, evitar encarar o ladrão e não o confrontar ou tentar convencê-lo de algo. “Nunca se deve pagar para ver se a arma do criminoso é de verdade ou não. A vida vale muito mais do que qualquer coisa que o criminoso venha a roubar.”
Ele ainda recomenda que, caso o jovem seja abordado, relate o ocorrido e abra um Boletim de Ocorrência para que a Secretaria de Segurança Pública, com dados de localidade de maior reincidência, possa planejar e promover o posicionamento das viaturas policiais e realize a ronda preventiva.
Cuidados no ambiente condominial
O especialista apontou seis cuidados que devem ser tomados por síndicos e familiares no condomínio para a segurança de adolescentes:
1. Crie ambientes planejados por idade: Para as crianças pequenas, parquinho, playground e brinquedoteca. Para os adolescentes, salão de jogos, quadras, cinema, garagem band, pistas de skate e lounge (sala de estar, geralmente dotada de assentos confortáveis e ambiente descontraído).
2. Gestão preventiva de barulho: Geralmente os adolescentes falam alto. Por isso, se possível, crie ambientes com mesas e cadeiras na área comum, afastadas das sacadas. Eles adoram ouvir música, mas extrapolam no volume, por isso, que tal instalar rádios bluetooth nestes espaços? Os aparelhos devem ser configurados para o limite máximo de som permitido, de modo que não incomode ou perturbe os demais vizinhos.
3. Deixe claro as regras do condomínio: Envie comunicados objetivos com as regras do condomínio. Coloque placas com pontos do regulamento interno em cada ambiente, exemplo: horário permitido de utilização, quantidade de convidados, entre outros pontos relevantes para a boa convivência.
4. Converse com os adolescentes: Sim, mesmo com todos esses cuidados preventivos, haverá um deslize ou outro. Por isso, antes de enviar aquela advertência formal em papel, chame o adolescente para conversar. Se o caso for mais sério como violência, bebida alcoólica, drogas ou brigas, chame o adolescente junto com os responsáveis. O intuito da conversa é pedagógica para a conscientização e educação do jovem.
5. Envie advertência e multa: Após a conversa informal de orientação, envie a advertência formal, para deixar registrado o que aconteceu no prontuário da unidade. Em caso de reincidência aplique as sanções estipuladas na convenção condominial, pois gestão humanizada não quer dizer tolerar desrespeito. Pelo contrário, é ouvir, compreender e resolver o assunto.
6. Deliberações em assembleias: Caso o seu condomínio não possua um regimento interno detalhado, faça uma assembleia específica para esse fim, assim todos os moradores poderão entender o cenário do condomínio e juntos decidir o melhor possível em prol do coletivo.
“Esse composto de medidas introduz os adolescentes no condomínio, cria um ambiente agradável e estabelece a obrigatoriedade de cumprir as regras. Com um olhar humanizado para uma fase da vida que eles precisam de orientação e acompanhamento dos adultos. Um condomínio bom para se viver é aquele que consegue acolher as famílias que ali habitam, respeitar cada fase e estabelecer uma convivência harmônica!”, finaliza Freitas.