Nos últimos anos, o interesse pela gestão de manutenção em facilities tem crescido de maneira significativa. Um estudo recente da Associação Brasileira de Property, Workplace & Facilitiy Management (ABRAFAC) apontou que o Brasil é o maior mercado de facilities da América Latina, movimentando cerca de R$ 60 bilhões por ano.
Esse volume expressivo reflete a complexidade das operações e a crescente demanda por ambientes mais eficientes, seguros e sustentáveis. Diante desse cenário, ganha relevância o debate sobre uma manutenção inteligente, alinhada às práticas ESG e à modernização das infraestruturas.
A gestão de facilities concentra-se na operação e manutenção de edifícios e suas infraestruturas, com foco em conforto, segurança e eficiência para os usuários, características distintas das observadas na manutenção industrial, um segmento já consolidado no mercado de manutenção.
Por isso, enquanto o ambiente industrial prioriza a produtividade e o controle de ativos críticos de fabricação, a área de facilities abrange sistemas como refrigeração, iluminação, elevadores e redes hidráulicas e elétricas, com atenção especial à continuidade dos serviços que sustentam as atividades cotidianas nos edifícios.
Independentemente do setor de atuação, as empresas precisam cumprir uma série de legislações e normas, sejam ambientais, trabalhistas ou de segurança, além de atender certificações relacionadas à conformidade com práticas ESG. Soma-se a isso a crescente exigência, por parte dos contratantes, de fornecedores cada vez mais comprometidos com critérios sustentáveis.
Os ativos na gestão de facilities
Na manutenção de facilities, os ativos envolvem diferentes sistemas que compõem a infraestrutura predial. Entre eles, destacam-se os sistemas elétrico, hidráulico, de esgoto e drenagem; os dispositivos de segurança, como alarmes, sprinklers e controle de acesso; os recursos voltados ao conforto e à tecnologia, como climatização, automação, CFTV e cabeamento estruturado; além de sistemas suplementares, como iluminação, comunicação visual, placares eletrônicos e os próprios elementos estruturais e arquitetônicos das edificações.
Esses ativos são fundamentais para o pleno funcionamento dos edifícios. Por conta disto, as empresas que adotam uma gestão de facilities inteligente conseguem obter maior controle operacional, reduzir falhas inesperadas, aprimorar a experiência dos usuários e aumentar a eficiência no uso de recursos.
Ferramentas digitais para a gestão
A busca pela máxima eficiência operacional e conformidade regulatória passa pela utilização de softwares de gestão capazes de padronizar processos, garantir rastreabilidade, gerar indicadores e viabilizar a gestão da manutenção preditiva. Com o apoio de tecnologias como Inteligência Artificial (IA), CMMS, sensores IoT e soluções móveis, essas plataformas permitem, ainda, o planejamento preventivo, o controle de SLAs, a gestão de ordens de serviço, inventário e outros recursos essenciais. Na prática, isso se traduz em maior confiabilidade operacional e redução de custos de manutenção.
A aplicação de soluções tecnológicas na gestão de facilities gera impactos expressivos, como o aumento da vida útil dos ativos, a economia de energia e de insumos, maior conforto para usuários e o cumprimento de normas e auditorias. Trata-se de uma abordagem mais estratégica, eficiente e integrada à agenda sustentável.
Nesse sentido, os softwares de gestão tornam-se fundamentais para a consolidação de práticas alinhadas aos pilares do ESG. A integração entre manutenção e soluções digitais contribui diretamente com cada dimensão da sigla. No Environmental, isso ocorre ao reduzir o consumo de recursos, minimizar a geração de resíduos, prolongar a vida útil dos ativos e garantir rastreabilidade. Além disso, com versões mobile de soluções de gestão, há uma contribuição significativa para o conceito de papel zero, eliminando a necessidade de impressão de fichas de manutenção e checklists, o que reduz o impacto ambiental relacionado ao uso de papel.
Em relação ao Social, a tecnologia na gestão promove ambientes mais seguros, acessíveis e saudáveis para todos que circulam ou trabalham nas instalações, incluindo colaboradores, prestadores de serviço e visitantes. Por fim, em Governance, ela assegura transparência aos processos, controle rigoroso de riscos operacionais e conformidade com normas e auditorias.
Desafios e oportunidades
A adoção de uma gestão de facilities inteligente representa uma oportunidade para empresas e instituições se tornarem mais estratégicas. Contudo, para que sua implementação seja efetiva, é necessário um processo de preparação que permita alcançar o máximo potencial dos recursos disponíveis. Esse processo pode apresentar alguns desafios, como falta de dados históricos, resistência à mudança, ausência de processos padronizados e baixos níveis de digitalização. Superar essas barreiras exige visão estratégica, apoio da liderança e adoção de soluções intuitivas e escaláveis que se adaptam a diferentes estágios de maturidade digital.
No entanto, investir em uma manutenção integrada a softwares de gestão fortalece a estrutura e as operações das organizações. Além de permitir a previsão de investimentos com base em dados reais, otimizando o orçamento e contribuindo para a continuidade das operações e da segurança das pessoas, esse modelo apoia, ainda, a valorização do patrimônio, a reputação institucional e a percepção de relevância da marca.
Essa integração de processos está diretamente associada à busca por máxima efetividade. Ao alinhar-se às práticas ESG e às normas regulamentares, ela viabiliza o planejamento estruturado das rotinas, a automação de tarefas operacionais e o monitoramento da performance dos equipamentos.
Com dados centralizados e acessíveis na nuvem, os sistemas de gestão facilitam o monitoramento contínuo, emitem alertas inteligentes e apoiam decisões baseadas em informações confiáveis. A ausência dessa abordagem, por outro lado, tende a resultar em uma manutenção reativa, mais onerosa e vulnerável a falhas, o que compromete tanto a operação quanto a segurança dos colaboradores e continuidade do negócio.
*Por Ana Beatriz Mariano é Account Executive da Fracttal Brasil, startup que está revolucionando a manutenção e a gestão de ativos por meio de tecnologia de ponta