Hoje, dia 30 de novembro, é comemorado o Dia do Síndico em todo país. Essa figura, que já foi eternizada pela voz de Jorge Ben Jor, em W/Brasil, com o clássico “Eu vou chamar o síndico, Tim Maia!”, atua como guardião da convenção e do regimento interno, garantindo que sejam cumpridas as regras e a conservação do patrimônio comum dos moradores.
Atualmente, segundo dados levantados pela Associação Brasileira de Síndicos e Síndicos Profissionais (ABRASSP), 420 mil síndicos são responsáveis pela gestão de 7,8 milhões de apartamentos pelo país – número levantado pelo IBGE. Desse volume, apenas 5,19% são profissionais, ou seja, são 21.868 pessoas que se qualificaram para exercer a função.
Seja o síndico profissional, seja ele morador, deve ser valorizado pois são pessoas que dedicam seu tempo e conhecimento em prol da coletividade e bem-estar de todos os condôminos, dois fatores extremamente importantes nos dois últimos anos. “A pandemia nos trouxe um cenário atípico, no qual diversas ações tiveram que ser tomadas para tentar conter a disseminação do vírus, logo, tivemos mudanças que afetaram o dia a dia dos moradores, tais como: fechamento das áreas comuns, modalidade de atendimento, diminuição do fluxo de visitantes, entre outras. Para o síndico não foi diferente, ele teve que ter resiliência, ser ainda mais um mediador de conflitos, pois a lotação do condomínio estava quase em 100% por um período maior, trazendo maiores conflitos entre os condôminos”, pontua Bruno Gouveia, coordenador da Síndica Cipa.
E para celebrar a data, entrevistamos alguns deles sobre os desafios da função, as mudanças que a pandemia trouxe e dicas para quem deseja assumir este cargo. Confira a seguir:
Nosso primeiro entrevistado é André Aragão, síndico profissional há oito anos, mas, também atua como síndico morador no condomínio que reside, no bairro da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.
-Como se tornou síndico?
André Aragão: Foi uma forma de unir a minha profissão ao cotidiano de uma forma mais leve e benéfica por ser no condomínio que moro.
-Quais são os maiores desafios na gestão condominial?
André Aragão: Todo condomínio tem suas contas baseadas no rateio de despesas. Considerando o momento atual e para evitar um impacto ainda maior, algumas medidas para contingenciar as despesas devem ser tomadas, reduzindo ou adiando o que for possível, sem comprometer o futuro.⠀
Temos ainda que ressalvar que boa parte do orçamento é constituído por despesas inadiáveis ou comprometidas por contratos. Por isso, é fundamental que as cotas condominiais sejam pagas regularmente. Com isso, não haverá o comprometimento de atividades essenciais como limpeza, segurança e manutenção.
-O que mudou na gestão condominial durante a pandemia?
André Aragão: O dia a dia dos síndicos, que já não era fácil, ganhou contornos ainda mais complicados com a crise causada pela pandemia do novo coronavírus. Além das medidas sanitárias para evitar contágios no prédio, os administradores tiveram que agir rapidamente para tomar decisões financeiras e de gestão.
O aumento da inadimplência também é uma preocupação do setor. Em 2019, o atraso da cota condominial era de 9,5% no Rio de Janeiro, segundo o estudo Panorama Secovi. Os síndicos e administradoras sabem que este percentual subirá, principalmente porque trabalhadores informais não terão condição de cumprir com o pagamento. Mas, o que fazer? Uma boa alternativa, e que deve ser praticada, é negociar cada contrato, reduzindo seu valor ou interrompendo-o.
-Qual sua dica para quem deseja se tornar síndico?
Todo mundo pode se beneficiar de uma gestão de condomínio eficiente. O síndico precisa ter muita habilidade e jogo de cintura para executar uma boa administração e mediar os conflitos relacionados aos moradores e ao próprio condomínio.
Nosso segundo entrevistado é o Renato Dórea, síndico profissional na Seu Síndico Online, empresa com 25 anos de experiência em gestão condominial.
-O que te levou a se tornar síndico?
Renato Dórea: Bom relacionamento interpessoal, bastante habilidade nos serviços relacionados a condomínios e, principalmente, o conhecimento contábil e jurídico.
-Quais são os maiores desafios na gestão condominial?
Renato Dórea: Sem dúvida nenhuma a relação entre síndico e condôminos. Não se consegue agradar a todos e muitas das vezes o condômino acha que por pagar o condomínio em dia deve ter tudo como ele quer. Mas, não é assim que funciona. Há regras, normativos e leis que devem ser seguidos.
-O que mudou na gestão condominial durante a pandemia?
Renato Dórea: Passei a tomar mais cuidado com o controle de acesso para não haver foco de contaminação no prédio. Também tive de remediar conflitos entre condôminos que precisam trabalhar e o vizinho que queria escutar música ou tinha um cachorro que gosta de latir o dia todo. Além disso, a limpeza se tornou mais forte e com produtos específicos para combater a covid-19. Foi algo muito novo e que rapidamente tive que rever tudo que fazia ao longo das administrações.
-Quais suas dicas para quem deseja se tornar síndico?
Renato Dórea: Sem dúvida ter um bom relacionamento com seus condôminos. Também diria que atender sempre o mais breve possível quem lhe chama é fundamental – porque o condômino se sente amparado. E, por fim, o olhar global dentro do condomínio. Cada dia há uma situação nova nos condomínios.