O mercado imobiliário acompanha o crescimento do interesse por diretrizes ESG (Ambiental, Social e Governança), alinhando-se a um novo perfil de comprador que valoriza a saúde e a sustentabilidade. Projetos com certificações verdes não são mais um nicho, mas um diferencial competitivo que gera retorno sobre o investimento.
A “Casa Saudável”, em Jacareí (SP), projetada pela arquiteta Giorgia Suzumura com o suporte da Andra Materiais Elétricos, é um exemplo da tendência. O imóvel está em processo de certificação pelo Healthy Building Certificate (HBC), ilustrando como a abordagem se traduz em ativos com potencial de valorização. A profissional afirma ter construído a casa como um projeto de vida, para morar com a família e viver de forma mais saudável.
A eficiência energética e a economia de recursos são pontos centrais do retorno sobre o investimento. No imóvel, a arquiteta destaca a iluminação LED com alto Índice de Reprodução de Cor (IRC > 90), que proporciona bem-estar, afetando o humor e a produtividade. Além disso, os painéis fotovoltaicos contribuem para uma economia de energia que pode variar de 25% a 50%, dependendo do mês e da incidência solar.
A gestão de recursos hídricos e das plantas também contribuem para o bem-estar geral. Na casa da arquiteta, a captação de águas pluviais para regar jardins, que representa uma economia de 50%, e o paisagismo com espécies que atuam como biofiltro para as toxinas do ar são destacados.
O novo mercado é impulsionado por um público de alta renda, que busca por ativos que reflitam seus valores de saúde, bem-estar e responsabilidade socioambiental. Esse público exige transparência, o que torna a governança da cadeia de suprimentos, com a verificação de Compostos Orgânicos Voláteis (COVs) e metais pesados, um critério de decisão.
A arquiteta Giorgia Suzumura destaca que a parceria com a Andra foi importante para o projeto, permitindo o uso de soluções técnicas e sustentáveis que atenderam aos critérios do HBC. A gerente da Andra, Eliane Vieira, relata que tem notado um crescimento na procura por soluções que aliem tecnologia e bem-estar. “Clientes como arquitetos e construtoras têm focado em produtos para tornar as construções mais modernas, saudáveis e sustentáveis”, completa.
Pesquisas do setor indicam que o custo inicial de construção sustentável pode ser até 30% maior do que o de uma casa convencional. No entanto, a valorização do imóvel pode compensar esse investimento a médio prazo. Estudos de mercado apontam que imóveis com certificação sustentável podem valorizar de 6% a 31% no preço de venda.
Além da valorização, a construção sustentável pode proporcionar descontos no Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). Em 2022, o Senado aprovou a PEC IPTU Verde, que permite aos municípios reduzir o valor do imposto para incentivar práticas sustentáveis em imóveis. Diversas cidades, como Salvador e Curitiba, já aplicam esses descontos, que são definidos por leis municipais e variam de 1% a 5% por prática adotada. Os descontos podem ser cumulativos, podendo chegar a 20% do valor do IPTU.
O setor da construção civil é um dos maiores consumidores de recursos do país e gerador de resíduos sólidos. O projeto da “Casa Saudável” demonstra que é possível alinhar tecnologia, valor agregado e princípios ESG em um único ativo, servindo como um modelo para o setor.
