A proximidade da COP30 e o fortalecimento da Agenda ESG no mundo dos negócios, nos mostra que o mercado imobiliário corporativo vive um momento de transição importante. Sustentabilidade deixou de ser uma meta abstrata e se tornou um diferencial competitivo mensurável. Dentro da indústria imobiliária, a certificação LEED – Leadership in Energy and Environmental Design – vem se consolidando como um dos principais indicadores de eficiência e responsabilidade ambiental dos edifícios de alto padrão.
Mais do que um selo, o LEED representa uma mudança de mentalidade no setor. Criada pelo Green Building Council, a certificação orienta novos projetos e retrofits a adotarem práticas que reduzem impactos ambientais, ampliam a eficiência energética e otimizam o uso de recursos naturais. Hoje, é difícil pensar em um empreendimento classe AA ou AAA que não busque algum nível de certificação – de Certified a Platinum.
Na prática, o impacto é direto nos custos e na operação. Empreendimentos certificados costumam apresentar contas significativamente menores de energia e água, o que se reflete no valor do condomínio. O Vera Cruz II, na Faria Lima, é um exemplo: sua eficiência hídrica já garantiu, em determinado momento, contas mensais para todo o prédio que ficam bem abaixo da média dos não-certificados. A própria Sabesp já fez inspeções periódicas para entender como isso acontece. Temos, aí, um indicador que fala por si.
Além da redução de despesas, o selo contribui para a longevidade dos ativos. Prédios certificados tendem a permanecer competitivos por mais tempo, mesmo em mercados saturados. O Edifício Eldorado, com quase duas décadas de existência, continua disputando locatários com empreendimentos recém-lançados. Sua localização estratégica é ponto muito importante, mas parte disso se deve às suas elevadas especificações técnicas e ao compromisso com a sustentabilidade – fatores que o mantém relevante e atrativo.
No entanto, os ganhos não se limitam ao aspecto financeiro. Ambientes certificados oferecem melhor qualidade do ar, conforto térmico e iluminação natural, favorecendo o bem-estar e a produtividade dos ocupantes. Em um momento em que empresas revisitam suas políticas de trabalho híbrido e buscam escritórios que inspirem colaboração, esses atributos ganham peso estratégico.
Do ponto de vista do investidor e do locatário, optar por edifícios com selo verde também significa reduzir riscos regulatórios e fortalecer a reputação corporativa. Em tempos de transição energética e de crescente cobrança por práticas responsáveis, estar em um prédio sustentável comunica compromisso com governança e inovação – valores que o mercado e a sociedade exigem.
O Brasil, atualmente, ocupa posição de destaque no ranking mundial de edifícios certificados LEED. O movimento tende a se intensificar com a COP30, que colocará o país no centro das discussões sobre descarbonização e economia verde. Esse protagonismo não deve ser desperdiçado: é hora de o mercado imobiliário aprofundar sua integração com a agenda ESG, não apenas como um discurso, mas como um modelo de negócio viável e duradouro.
As certificações de sustentabilidade são, nesse sentido, mais do que uma chancela técnica. São, logo, uma estratégia de valor – econômica, ambiental e reputacional. E, em um setor historicamente marcado pela solidez dos ativos, ser sustentável é, hoje, sinônimo de ser competitivo.
