O convite para uma assembleia de condomínio faz logo a gente pensar em decisões que podem se arrastar por horas enquanto passam por assuntos como obras, reformas ou investimentos, além de, em muitos dos casos, gerar mais dúvidas do que consenso. A digitalização trouxe alívio com as reuniões online, mas a realidade virtual oferece um salto bem maior.
O metaverso condominial, um ambiente 3D persistente que replica o prédio e suas áreas comuns, permite que moradores, síndicos e administradoras entrem juntos no espaço digital para discutir, votar e visualizar cada proposta. Não se trata de mais uma plataforma de reunião online, é uma experiência em que todos podem caminhar, medir, anotar e interagir com dados reais de projeto.
O momento para essa mudança é agora. O trabalho remoto e as assembleias virtuais consolidaram a ideia de que boa parte da vida condominial pode ocorrer à distância. O próximo passo é trocar a tela plana pelo ambiente imersivo, que reduz ambiguidades e acelera o entendimento. No mercado imobiliário, gêmeos digitais – modelos virtuais do espaço físico – e tours 3D, como os da Matterport, já provaram ganhos de agilidade e qualidade de decisão.
Os tours em realidade virtual permitem que moradores e futuros compradores explorem piscina, salão ou coworking com informações em tempo real, o que reduz visitas improdutivas e acelera decisões de compra ou locação. E, quando o assunto é reforma, a diferença é gritante: cenários “antes e depois” podem ser comparados ao vivo, fluxos de circulação testados e impactos visuais avaliados, facilitando o consenso e encurtando a votação.
É claro que há desafios. A implementação requer rede estável, computadores ou headsets compatíveis, modelagem 3D e escolha criteriosa da plataforma. Também é preciso vencer a percepção de que tudo parece um jogo e treinar síndicos e condôminos para uso produtivo. No campo jurídico, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) é inescapável, pois gravações, votos e atas contêm informações pessoais e precisam de consentimento, criptografia e política clara de retenção.
Mas os obstáculos não devem frear o avanço. Em cinco anos, é fácil imaginar gêmeos digitais indo além das assembleias, monitorando manutenções, simulando emergências, treinando equipes de segurança e servindo de inventário de ativos e práticas de ESG. Com a queda dos custos de escaneamento 3D e das plataformas imersivas, essa tecnologia tende a se tornar tão comum quanto o grupo de WhatsApp do prédio.
Adotar o metaverso no condomínio não é um luxo futurista, e sim uma decisão por eficiência. Um gêmeo digital pode trazer mais precisão e transparência para a gestão, além de menos deslocamentos, mais participação e decisões mais rápidas. O mundo está em constante transformação e o metaverso pode ser um futuro, não tão distante, da gestão e da vida condominial.
*Por Luis Cêra, CTO do Grupo Superlógica
