Em setembro de 2024, São Paulo passou por um episódio alarmante de poluição, sendo considerada por vários dias a cidade com o ar mais poluído do mundo, de acordo com a plataforma suíça IQAir. As causas foram variadas e interligadas, envolvendo ondas de calor, tempo seco, poluição urbana e resíduos de incêndios no interior do estado.
Nesse cenário, os condomínios verdes — empreendimentos que incorporam áreas verdes e práticas sustentáveis — ganham destaque como alternativas eficazes para enfrentar a poluição e seus efeitos, proporcionando benefícios que vão além das fronteiras do próprio condomínio.
A poluição do ar em São Paulo: o contexto atual
A poluição em São Paulo não é um problema novo, mas o agravamento das condições atmosféricas em 2024 trouxe uma crise sem precedentes. A combinação de alta concentração de poluentes, clima seco e partículas de queimadas criou um ambiente nocivo à saúde dos moradores, especialmente aqueles com doenças respiratórias. A capital paulista enfrentou níveis de material particulado (PM2,5) muito acima do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Esse tipo de poluição, invisível ao olho humano, é formado por partículas tão pequenas que penetram profundamente nos pulmões e até na corrente sanguínea, sendo potencialmente fatal em casos de exposição prolongada.
Condomínios verdes: uma resposta sustentável e eficiente
O advogado de direito condominial, Dr. Issei Yuki, comenta que os condomínios verdes surgem como uma solução promissora e viável para melhorar a qualidade do ar nas grandes cidades. Mas o que são, afinal, esses condomínios verdes? Eles são empreendimentos projetados para reduzir o impacto ambiental e promover práticas sustentáveis, incluindo desde o uso de materiais ecológicos até a incorporação de áreas verdes e jardins verticais. Essas áreas ajudam a purificar o ar, reduzir as temperaturas locais e proporcionar espaços de convivência mais saudáveis para os moradores.
A seguir, veja como essas práticas impactam diretamente na qualidade do ar e na qualidade de vida:
1. Melhoria da qualidade do ar com plantas e árvores
A vegetação é uma das soluções mais simples e eficazes contra a poluição do ar. Árvores e plantas capturam dióxido de carbono e liberam oxigênio, além de absorverem outras partículas poluentes presentes na atmosfera, como o dióxido de enxofre e óxidos de nitrogênio. Em um condomínio verde, árvores plantadas em áreas comuns e jardins verticais instalados nas fachadas e varandas funcionam como filtros naturais.
Condomínios que incluem árvores de grande porte e arbustos de espécies específicas que retêm partículas tóxicas podem reduzir significativamente a quantidade de poluentes no ar. Alguns exemplos de espécies que são eficazes na absorção de poluentes incluem a jiboia, o lírio-da-paz e a hera, que são frequentemente usadas em jardins verticais.
2. Regulação térmica e redução das ilhas de calor
A vegetação também auxilia na regulação térmica do ambiente. Em cidades como São Paulo, o efeito das ilhas de calor urbanas — áreas onde a temperatura é mais alta devido à concentração de concreto e asfalto — agrava a poluição, pois favorece a estagnação do ar e a concentração de poluentes. Árvores e jardins ajudam a amenizar a temperatura, proporcionando um microclima mais fresco.
Nos condomínios verdes, a presença de plantas em áreas comuns, telhados verdes e fachadas ajardinadas diminui a absorção de calor, resultando em temperaturas mais baixas. Isso reduz a necessidade de sistemas de ar-condicionado, diminuindo o consumo de energia e, consequentemente, as emissões de gases poluentes.
3. Espaços verdes e bem-estar dos moradores
Além dos benefícios para a qualidade do ar, os condomínios verdes também oferecem espaços que incentivam o bem-estar físico e mental dos moradores. Estudos mostram que o contato com a natureza reduz o estresse e melhora a saúde mental. Em um ambiente urbano cada vez mais poluído, áreas verdes dentro dos condomínios promovem uma qualidade de vida superior, proporcionando locais para prática de atividades físicas e momentos de relaxamento.
Parques internos, jardins e áreas de lazer arborizadas fazem com que os moradores se sintam mais conectados com a natureza, mesmo em um cenário urbano. Esses espaços incentivam atividades físicas e promovem o convívio social, que são essenciais para o bem-estar e saúde geral.
4. Sistemas sustentáveis de energia e captação de água da chuva
Condomínios verdes também investem em práticas que ajudam a reduzir o impacto ambiental, como a instalação de painéis solares para geração de energia limpa e sistemas de captação de água da chuva para irrigação das áreas verdes. Essas medidas são benéficas para o meio ambiente e também colaboram para a sustentabilidade do condomínio, além de reduzir a pressão sobre recursos hídricos e energéticos da cidade.
Esses sistemas, além de garantir a sustentabilidade dos condomínios, contribuem para que haja um consumo mais consciente de recursos naturais, ajudando a reduzir as emissões de carbono e o consumo de energia proveniente de fontes não renováveis.
5. Exemplo para a cidade e cultura de sustentabilidade
Os condomínios verdes representam um modelo a ser seguido e incentivam uma cultura de sustentabilidade que pode influenciar outras construções na cidade. Ao promover práticas ecológicas e demonstrar os benefícios das áreas verdes, esses empreendimentos funcionam como inspiração para que outras construções e até políticas públicas adotem práticas semelhantes.
“Iniciativas como telhados verdes, utilização de energias renováveis e preservação de áreas verdes demonstram que é possível conciliar o desenvolvimento urbano com a responsabilidade ambiental. Esses empreendimentos podem, ainda, colaborar para a criação de leis de incentivo para construções verdes, impactando positivamente a cidade como um todo”, Destaca Issei Yuki.
Desafios e perspectivas para o futuro
Embora os condomínios verdes sejam uma solução promissora, ainda há desafios a serem superados. Entre os principais estão os custos iniciais de implantação, que podem ser mais elevados do que os dos condomínios convencionais, e a falta de incentivos fiscais e de políticas públicas que favoreçam empreendimentos ecológicos.
Entretanto, o retorno do investimento é rápido quando se considera a redução de custos de energia, a valorização do imóvel e a melhoria na qualidade de vida dos moradores. Além disso, há uma demanda crescente no mercado por imóveis sustentáveis, o que faz dos condomínios verdes uma tendência para o futuro.
O Dr. Issei Yuki conclui afirmando que os níveis alarmantes de poluição e a urgência em buscar soluções para a saúde urbana, os condomínios verdes despontam como uma resposta viável e vantajosa para os problemas de qualidade do ar em São Paulo e até mesmo em todo o país. Ao investir em áreas verdes e práticas ecológicas, esses empreendimentos não só melhoram a qualidade de vida de seus residentes como também ajudam a reduzir os impactos ambientais em uma cidade que luta para respirar melhor.