A energia solar tem conquistado um espaço cada vez mais relevante no cenário energético brasileiro, oferecendo alternativas sustentáveis e econômicas para condomínios residenciais e comerciais. Para se ter ideia de como o setor está aquecido, o Brasil ganhou 1 GW de energia solar residencial na geração distribuída (GD) no primeiro trimestre deste ano, segundo levantamento realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) apurados pelo Portal Solar. O número representa um crescimento de mais de 14% em relação ao mesmo período do ano passado.
E para saber mais sobre esse momento, entrevistamos Ralph Barretto Franco, sócio da Studio Triangular, que é especializada em instalação e manutenção de sistemas fotovoltaicos ON GRID e OFF-GRID, que nos explicou o porquê do crescimento exponencial da energia solar no nosso país e suas perspectivas para o futuro deste mercado.
Condo.news (CN): Para começar, poderia nos contar um pouco sobre sua empresa e o que ela faz?
Ralph Barretto Franco (RBF): Claro! A Studio Triangular é uma empresa que há 13 anos se dedica à instalação e manutenção de sistemas fotovoltaicos ON GRID e OFF-GRID e atendemos condomínios residenciais e comerciais, além de pequenas indústrias com potência de até 75 kVA, oferecendo uma solução sustentável para geração de energia elétrica. De lá para cá atendemos mais de 150 projetos, em diferentes localidades do Estado de São Paulo.
CN: Quais são as principais tendências quetem observado no setor nos últimos anos?
RBF: Há duas tendências importantes que merecem destaque. Primeiramente, o crescimento acelerado do setor de energia solar no Brasil, impulsionado pela busca por fontes limpas e renováveis de energia. Em segundo lugar, a energia solar tem se apresentado como uma grande oportunidade de emprego, criando novas vagas em um mercado em constante expansão.
CN: Quais fatores você considera que têm impulsionado esse crescimento acelerado?
RBF: Existem alguns fatores-chave que têm contribuído para esse crescimento. Em primeiro lugar, o aumento nas taxas de energia elétrica tem motivado os consumidores a buscar alternativas mais acessíveis, como a energia solar. Além disso, medidas governamentais de incentivo, como redução de impostos para a aquisição dos sistemas fotovoltaicos, têm estimulado a adesão. E, é claro, a necessidade de diversificar a matriz energética do país tem sido outro impulsionador importante.
CN: Como a inovação tecnológica tem contribuído para o crescimento da energia solar no país?
RBF: A inovação tem sido fundamental para impulsionar o setor de energia solar. O desenvolvimento contínuo das gerações dos módulos fotovoltaicos, como as células “Half Cell” e “Perc”, tem aumentado a eficiência e capacidade de geração dos sistemas. Além disso, o desenvolvimento de baterias mais eficientes para o armazenamento de energia em sistemas OFF-GRID tem permitido uma maior autonomia e flexibilidade na utilização da energia solar.
CN: Quais são os principais benefícios ambientais dessa expansão?
RBF: Os benefícios ambientais são diversos e significativos. A energia solar gera eletricidade a partir de uma fonte sustentável e inesgotável, o Sol, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis e contribuindo para a redução de gases de efeito estufa. Além disso, o uso da energia solar economiza água, democratiza o acesso à eletricidade, proporciona mais segurança no abastecimento, reduz as perdas no transporte de energia e, de forma geral, fortalece a preservação do meio ambiente.
CN: Quais são os principais avanços tecnológicos que podemos esperar nos próximos anos?
RBF: Podemos esperar avanços significativos nas células solares de Perovskita, que são uma classe de compostos híbridos orgânicos e inorgânicos com uma estrutura cristalina particular. Essas células solares prometem aumentar ainda mais a eficiência dos sistemas fotovoltaicos. Além disso, as células fotovoltaicas concentradas têm o potencial de aumentar em até cinco vezes a quantidade de energia elétrica utilizável produzida, o que pode representar um marco importante para a indústria.
CN: Quais são os desafios relacionados ao armazenamento de energia solar e como eles estão sendo abordados?
RBF: Os desafios de armazenamento estão relacionados, em grande parte, à questão dos custos. A alta do dólar afeta o mercado de energia solar, uma vez que muitos dos principais equipamentos fotovoltaicos são importados da China. Além disso, o custo inicial de instalação pode ser um obstáculo, especialmente para garantir a eficiência dos sistemas fotovoltaicos, que muitas vezes exigem um maior número de baterias para armazenar a energia gerada.
CN: Quais são as perspectivas para a redução dos custos no futuro?
RBF: A energia solar tem o potencial de se tornar a forma mais barata de geração de eletricidade em muitas regiões do mundo, incluindo o Brasil. Estima-se que, até 2030, o custo da eletricidade solar possa diminuir consideravelmente, o que tornará essa tecnologia ainda mais atrativa economicamente. Ambientes financeiros e regulatórios favoráveis serão fundamentais para alcançar essas reduções de custos, e o mercado global dos equipamentos solares também contribuirá para essa tendência.
CN: Muito obrigada por compartilhar informações tão valiosas sobre a energia solar e suas perspectivas para o futuro.
RBF: Eu que agradeço a oportunidade de falar sobre esse assunto tão importante. Espero que essa entrevista possa esclarecer algumas questões sobre a energia solar e inspirar mais condomínios a adotarem essa tecnologia limpa e sustentável.