* José Roberto Graiche Júnior
O desenvolvimento tecnológico mudou o mundo e, por consequência, os negócios. Inovações de vários tipos aprimoraram operações com inteligência artificial, algoritmos, recursos virtuais e robôs, além de outras ferramentas que tornaram ações e processos mais abrangentes e eficientes do que quando eram feitos por pessoas no modo analógico. Apesar disso, o fator humano continua sendo o principal ativo das empresas.
Eu entendo que o movimento de refluxo entre as startups tem um pouco de relação com isso, principalmente no mercado imobiliário. Nesse ramo, a automação tem limites, pelo menos por enquanto. Em grande parte do tempo, a atividade de comprar, vender e alugar imóveis ainda exige olho no olho, confiança e uma flexibilidade de negociação que mesmo a máquina mais avançada é incapaz de proporcionar.
Quando se trata de uma casa muitas questões subjetivas estão envolvidas. Desde os sentimentos e algumas necessidades dos compradores e inquilinos, até características do imóvel e da região que são imperceptíveis para a inteligência artificial ou, no mínimo, mal avaliadas. Nem tudo é padronizado nessa atividade, pelo contrário. O sucesso de um negócio está mais relacionado com a abordagem, empatia e o bom senso do que com informação e preço. Pessoas vendem apartamentos melhor do que máquinas, isso é fato.
Por outro lado, é preciso reconhecer que muitos métodos do tempo analógico ficaram obsoletos e que é fundamental embarcar, principalmente as pequenas imobiliárias, na revolução digital que experimentamos já há alguns anos. Na parte operacional, por exemplo, quase tudo dá para fazer melhor atualmente com tecnologia e práticas inovadoras.
Essa transformação tem que ser feita, mas deve ser inteligente. É indispensável avaliar as necessidades de cada empresa, compreender o potencial dos recursos e investir somente no que vai, de fato, agregar valor ao negócio. Muita coisa é modismo que, em pouco tempo, revela-se em dinheiro jogado fora.
O mercado imobiliário tem que buscar um equilíbrio em que a tecnologia seja apenas o que ela realmente é: uma ferramenta para apoiar o trabalho e as decisões humanas. É assim que funciona no mercado imobiliário, pelo menos por enquanto.
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*Por José Roberto Graiche Júnior, presidente da Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo (AABIC).