A gestão financeira é o principal desafio dos condomínios brasileiros, de acordo com levantamento da TownSq, empresa especializada em tecnologia para gestão condominial, feito com 300 moradores e síndicos de todas as regiões do país. Esta foi a maior reclamação para 25,3% dos entrevistados da pesquisa Panorama dos Condomínios Brasileiros, seguida por insatisfações com a administração do condomínio (16,7%), questões estruturais, como obras e manutenções (15,7%), convivência (14,7%) e equipe de gestão (7%).
No entanto, embora a questão financeira tenha sido a mais apontada estatisticamente em âmbito geral, o problema mais comum para síndicos não é o mesmo observado por moradores, quando estes dois grupos são analisados separadamente. Enquanto gestores e administradores destacam a gestão financeira, apontada por 30% dos entrevistados deste grupo como o maior gargalo dos condomínios brasileiros, moradores elegem a administração da comunidade (tarefas do dia a dia) como o problema mais relevante, recebendo 21,3% das respostas.
Para Ingrid Zenatti, diretora da TownSq no Brasil, este resultado é esperado, uma vez que síndicos e moradores experimentam o condomínio de maneiras diferentes. O síndico teria uma visão mais ampla da gestão do condomínio, devido à natureza do seu trabalho, enquanto o restante da comunidade costuma não ter acesso às mesmas informações, resultando em uma diferença de percepção. Ingrid lembra também que houve um aumento do número de síndicos profissionais nos últimos anos, resultado da busca de condôminos por uma gestão mais profissional.
“Os números da pesquisa mostram que as mudanças tecnológicas, econômicas e sociais que observamos, principalmente, nos últimos sete anos, estão sendo sentidas nos condomínios. O condomínio de hoje é um ambiente onde várias gerações convivem. A tecnologia está presente e os condôminos buscam mais transparência da gestão”, afirma Ingrid.
Os riscos da inadimplência
Outro dado mostra que 39% dos condomínios têm 20% de taxa de inadimplência e concentram-se, principalmente, nas regiões sudeste, sul e nordeste. A maioria dos condomínios (63%) ouvidos na pesquisa têm até 100 unidades (casas ou apartamentos que formam um condomínio).
A inadimplência pode gerar uma série de problemas para o condômino que, em último caso, pode perder a sua propriedade por não contribuir com a manutenção financeira da comunidade. Segundo o advogado especialista em direito condominial, Thiago Badaró, a inadimplência existe quando há o descumprimento de qualquer obrigação financeira com o condomínio, incluindo o boleto da taxa condominial, multas e outras cobranças emitidas pela gestão. “O STJ determina que o morador inadimplente não pode ser privado da utilização das áreas comuns do condomínio. Então, se aquela pessoa está devendo o condomínio, ela tem direito total à utilização das áreas comuns. Mais do que isso, ela também tem direito a não ter a sua dívida exposta de forma pública, mantendo a sua imagem resguardada”, explica Badaró.
“A maioria dos condomínios terá moradores inadimplentes. Portanto, o síndico deve desenvolver estratégias que permitam erradicar a inadimplência ou mantê-la em níveis baixos. Para isso, é fundamental que o síndico tenha acesso às informações financeiras em tempo real para saber quanto dinheiro o condomínio tem em caixa, identificar as unidades que estão inadimplentes e colocar em prática uma estratégia de gestão da inadimplência, que vai desde facilitar acesso a uma segunda via do boleto até promover um acordo para o pagamento da dívida”, finaliza Ingrid.