Anos atrás, quando nos aproximávamos do Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado hoje, dia 5 de junho, ouvíamos dicas padrões, como “economize água, economize energia elétrica, faça coleta seletiva, entre outras ações”. Atualmente, porém, temos diferentes outras ações que podem causar um maior impacto positivo no meio ambiente e reduzir os danos causados por construções humanas.
Por isso, a Condo.News separou cinco formas, que podem ser empregadas tanto em condomínios que estão sendo construídos quanto em outros que já estão em pleno funcionamento, para tornar os condomínios, sejam residenciais ou comerciais, mais sustentáveis.
Essas ações são os vidros que absorvem e transformam a energia solar em elétrica, as bactérias para tratamento de esgoto, a utilização da energia geotérmica para resfriamento de ambientes, a ecolavagem de veículos e, por fim, os chamados materiais de construção sustentáveis, que conta com uma grande gama de opções.
“Materiais sustentáveis são aqueles que tem baixo nível de agressão ao meio-ambiente. Desde a sua fabricação, transporte, instalação/execução ao descarte. Eles são categorizado conforme seu impacto no ambiente, quanto menor o impacto, mais sustentável é o material”, explicou o arquiteto e urbanista Matheus De Lio.
Segundo uma pesquisa da Verified Markt Research, o mercado de materiais de construção verdes alcançou US$ 271 bilhões em 2021. Apesar de bilionário, o mercado tem uma projeção de crescimento muito grande, com estimativas de alcançar o valor de US$ 635 bilhões. Esse aumento é impulsionado pela conscientização humana e políticas de incentivo à implementação de materiais sustentáveis. Essas práticas, em algumas cidades do Brasil, podem render, até mesmo, desconto no Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), por meio do programa IPTU Verde.
Fora do Brasil, por outro lado, há diferentes formas de políticas públicas para incentivar a construção. A França, por exemplo, tem como meta tornar-se livre de carbono até 2050. Para isso, tem tomado algumas ações, como determinar que todos os edifícios públicos sejam construídos com, pelo menos, 50% de material orgânico.
“Sem sombra de dúvidas, as maiores vantagens dessas bioconstruções são o bem-estar do ser humano e o equilíbrio ecológico. Com pouquíssima agressão ao meio e seu arredor, a bioconstrução vem melhorando o bem-estar da população e mantendo um equilíbrio entre o homem e a natureza. Infelizmente não é algo do grande mercado, exige mão de obra qualificada e boa aplicação projetual. Mas com um pouquinho de empenho conseguimos realizar com facilidade”, destacou De Lio.
Formas para tornar os condomínios mais ecológicos
Vidro que absorve energia solar
Uma das ações mais populares atualmente é a instalação de lâminas capazes de captar a energia solar e converter em energia elétrica. No entanto, a novidade neste assunto está na diferença de sua aplicação. Enquanto, anteriormente, essa técnica só era aplicada em tetos e semelhantes, atualmente os vidros podem ser utilizados também em janelas, portas e fachadas de prédios. Isso porque os vidros fotovoltaicos são transparentes, permitindo a entrada na luz solar nos ambientes, além de captar a energia.
“Os vidros fotovoltaicos são lâminas de células solares, iguais as dos painéis, que são semitransparentes. Então, elas conseguem exercer a função de absorção dos raios solar pra transformar em energia elétrica, e também permite a passagem da luz para iluminar o ambiente. A diferença entre os painéis solares e o vidro solar é na aplicação dentro da edificação. A funcionalidade e a mesma, com os mesmo requisitos para maior efetividade. Enquanto os painéis faze um novo volume na edificação, o vidro pode facilmente ser instalado nas janelas e não ser notado”, explicou o arquiteto De Lio.
Apesar do investimento inicial ser mais alto do que a instalação de vidros comuns, o custo-benefício do produto compensa. Mesmo preferindo não fazer estimativa de quantos anos demora para que o equipamento se pague, De Lio destacou que, com o passar do tempo, os vidros fotovoltaicos estão ficando com valores mais acessíveis ao bolso do consumidor.
“O investimento inicial em artigos como esse sempre são maiores do que os materiais convencionais. Porém, com o passar dos anos, o valor vem sendo mais acessível e o custo-benefício tem o tempo reduzido. Conforme esses itens vêm saindo do patamar de luxo e entrando no de essenciais, o valor deles decresce e soluções sustentável vem sendo mais escolhidas ao longo prazo”, disse o arquiteto.
Bactéria para tratamento de esgoto
Conhecida popularmente como ETEs sustentáveis, as Estações de Tratamento de Esgoto e Efluentes (ETEs) ainda dão os seus primeiros passos no Brasil. No entanto, assim como outras ações autossustentáveis, está ganhando espaço em todo o território nacional. Uma das empresas que oferecem o serviço no Brasil é a Eisenia Tecnologia e Meio Ambiente, que, assim como o nome, utiliza as Eisenia Foetida, conhecida popularmente como minhocas californianas, e bactérias para implementar o trabalho sustentável.
Enquanto as minhocas e bactérias são responsáveis por digerir a parte sólida do tratamento, a parte líquida é filtrada mecanicamente e passa por um sistema de cloro para a desinfecção. Dessa forma, o trabalho sustentável é feito por ser uma implementação de baixo custo, somada ao atendimento das normas ambientais e a entrega de um trabalho social acessível a diferentes classes sociais.
“Quando associadas com a produção de microalgas por exemplo, estes sistemas podem fixar CO2 antropogênico (produzido pelo homem) por meio do processo chamado de fotossíntese, permitindo com isso a mitigação das emissões de gases de efeito estufa. A biomassa gerada por estes sistemas também pode ser utilizada como biofertilizante ou transformada em biocombustíveis (biodiesel, bioetanol, biohidrogênio ou biometano, entre outros). Por fim, estes sistemas são por vezes alternativas de mais baixo custo e de simples operação e manutenção quando comparados com outros sistemas de tratamento de efluentes, se tornando ideais principalmente para pequenas áreas rurais. Englobando assim os três eixos da sustentabilidade: ambiental, econômico e social”, explicou, em entrevista à Condo.News, o doutor João Alexandre Saviolo Osti, professor do programa de Mestrado em Análise Geoambiental da Universidade UNIVERITAS-UNG.
Energia geotérmica
Algo inovador, mas ainda pouco falado no Brasil é sobre a aplicação da energia geotérmica. Pesquisas recentes exploram possibilidades do uso de energia geotérmica para o resfriamento dos ambientes de edificações. A importância dessas pesquisas está atrelada ao aumento do uso do ar-condicionado nos últimos anos.
Estudos demonstram que o consumo de ar-condicionado em edifícios deve triplicar até 2050, caso nenhuma ação seja tomada. A maior utilização do aparelho aumenta o uso de energia elétrica, fazendo crescer, assim, o impacto no meio ambiente. Os sistemas de ar-condicionado podem corresponder a 40, 50% do consumo total em edificações climatizadas. O consumo, no Brasil, porém, pode quadriplicar devido às mudanças climáticas.
Dessa forma, com a aplicação da energia geotérmica para a climatização de áreas comuns de condomínios, um grande impacto na economia de energia elétrica padrão seria registrado. Em entrevista à Condo.News, o professor Alberto Hernandez Neto, do Departamento de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (POLI USP), explicou melhor o uso da energia.
“Sistemas de climatização com resfriamento geotérmico permitem rejeitar o calor retirado dos ambientes climatizados para o solo. A grande vantagem de rejeitar o calor para o solo está no fato que o solo tem uma temperatura estável e mais baixa que o ar exterior. Isto promove um aumento significativo na eficiência do sistema de climatização, reduzindo assim o seu consumo comparado com um sistema convencional”.
Ecolavagem de veículos
A lavagem a seco, também conhecida como ecolavagem, tem ganhado espaço em condomínios de todo o Brasil justamente por utilizar um mínimo de água, além de não deixar resíduos de sujeira, que possam atrapalhar os outros condôminos. Ecologicamente correta, a lavagem utiliza apenas cerca de 200 ml de água.
Tornando-se cada vez mais popular, a lavagem a seco tem conquistado adeptos por ser mais sustentável e causar menos transtornos. Dessa forma, empresas em diferentes cidades começaram a se especializar nesse tipo de lavagem. Um dos sistemas mais populares para esse tipo de lavagem inclui substâncias como cera de carnaúba e silicone, além de um pouco de água. Uma das empresas a utilizar esse tipo de sistema de lavagem a seco é a Royal Wash Car. André Maciel, sócio fundador da companhia, destacou, em entrevista à Condo.News, que muitas cidades não estão mais cedendo alvarás para empresas de lava-rápido comuns, justamente por causa do conceito de ecologicamente correto.
“O termo ‘lavagem a seco’ é porque se usa pouquíssima água. Por isso chamamos de ecologicamente correta, pois os detritos e sujeiras decorrentes de uma lavagem comum vão direto para uma caixa de retenção, quando a empresa tem, mas, na lavagem a seco, isso não é necessário. A lavagem é feita com uma mistura de água e, na maioria dos casos, com cera de carnaúba. O processo da cera e da água faz com que a sujeira na lataria do carro seja suspensa na hora do manuseio da limpeza. Muitas cidades, como por exemplo São Caetano do Sul, onde moro, já não liberam mais alvarás de funcionamento para lava-rápidos comuns, justamente por não atenderem a questão da sustentabilidade”, explicou.
Materiais de construção sustentáveis
Por fim, uma das novidades que têm conquistado cada vez mais destaque no mercado de construção condominial são os materiais sustentáveis, que reduzem o impacto no meio ambiente e tornam as obras mais ecológicas.
O custo inicial do investimento pode ser maior do que as obras com materiais comuns, principalmente na contratação de mão de obra qualificada, que custa mais do que a comum. No entanto, o investimento é quitado pelo próprio material ao longo do tempo, como as placas fotovoltaicas, que geram uma grande economia de energia.
“Temos alguns materiais sustentáveis que podem substituir os convencionais de forma inteligente e econômica. Um bom exemplo desses, é o bioconcreto, que utiliza de uma bactéria que pode regenerar suas próprias rachaduras. Uma boa opção para condomínios prediais, que com o tempo apresentam acomodação da estrutura. Para condomínios residenciais [de casas], temos o superadobe ou hiperadobe, que são sacos de terra compactada que podem ser aproveitadas da movimentação de terra do terreno. Além disso, esse é um excelente material térmico, que facilita a manutenção de temperatura interna, mantendo quente durante o inverno e fresco durante o verão, o que diminui o uso de ar condicionado poupando energia”, explicou o arquiteto e urbanista Matheus de Lio.
Como outro exemplo podem ser citados os tijolos ecológicos. Ideais para climas intensos, seja de frio ou calor, assim como os sacos de terra citados pelo arquiteto, os tijolos ecológicos têm um revestimento termoacústico capaz de garantir uma diferença de até 5ºC entre os ambientes internos ou externos.
“O tijolo ecológico tem a capacidade de isolamento térmico e acústico, que são gerados pelos furos no meio dos produtos, que formam câmaras de ar. Além disso, instalações hidráulicas e elétricas podem ser realizadas através desses furos, entregando obras mais limpas, sem quebras de paredes e com menos sobras e desperdícios”, apontou Luigi Scianni Romano, sócio fundador da Alphaz Concept.
O motivo do tijolo ser considerado ecológico é a sua fabricação, que ocorre de forma totalmente sustentável, desde o momento da escolha dos componentes e local de onde serão extraídos, até a sua aplicação, reduzindo gasto com argamassa e cimento. Estima-se que a cada mil tijolos ecológicos, é possível preservar entre 8 e 12 árvores. Ademais, acredita-se que eles duram seis vezes mais do que os comuns, podem receber qualquer tipo de acabamento e revestimento, além dos fabricantes produzirem também meio bloco de tijolo, o que reduz o desperdício e o tempo gasto na obra.
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