O Dia Mundial da Água é celebrado nesta terça-feira, 22 de março. A cada ano que passa, a escassez de água se torna um assunto ainda mais urgente, o que fomenta o debate e a criação novas formas de utilizar o recurso de maneira sustentável, seja em pequena, média ou grande escala. Os condomínios não estão fugindo dessas novas medidas, mas abraçando-as.
Essas formas de economia de água vão desde a adoção de ecolavagem para veículos em condomínios, proporcionando uma redução da utilização do recurso, até medidas mais abrangentes, como a instalação de Estação de Tratamento de Águas Cinzas (ETAC), que pega a água utilizada no banho dos apartamentos e a reutiliza para a descarga nas privadas sanitárias.
“A ETAC, nesses condomínios que eu administro [East Side Méier e no Stories Residence], foi implantada desde a construção. Então, toda água utilizada no banho ou na pia do banheiro vai para uma cisterna, que é jogada para uma estação de tratamento, por isso se chama ETAC, Estação de Tratamento de Águas Cinzas. Ela vai para essa central, recebe uma dosagem de material químico para poder diminuir o odor e a cor da água. Essa água retorna para os prédios para umas caixas específicas que abastecem somente a bacia sanitária. Então, toda essa água do banho volta como água de reuso somente para as descargas do banheiro. Isso tem economizado significativamente. Porque, se você levar em consideração que cada descarga tem, em média, seis litros de água, num condomínio com 288 unidades, a gente tem economizado bastante graças a essa manobra”, explica David Santos, síndico profissional.
Para os condomínios que ainda não possuem essa estrutura, porém, há outras formas de economizar água, mesmo que com menor proporção. David Santos, por exemplo, aconselha a colocação de uma garrafa pet cheia de água dentro da bacia sanitária para diminuir o volume de água na privada e, assim, otimizar a utilização do recurso. Além disso, há outras formas mais comuns e divulgadas abertamente, como fechar a torneira ou o chuveiro na hora de escovar os dentes e tomar banho.
Isso, somado à riqueza de informações que uma comunicação eficiente em condomínio pode proporcionar, como a conscientização do uso consciente, pode, além de preservar esse recurso natural tão valioso, gerar uma redução de custos da taxa condominial. Essas práticas, em algumas cidades, pode render, até mesmo, desconto no Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), por meio do programa IPTU Verde. O programa foi citado pelo especialista em segurança e futuro condominial Odirley Rocha, diretor de relacionamento do Porter Group, na condolive ‘Tendências de gestão para condomínios residenciais e comerciais’, disponível no Instagram da Condo.News.
“Lu [Luana Clara, head da Condo.News], na palestra do ano passado eu falei muito sobre IPTU verde. Olha que projeto bacana, já tem mais de 150 cidades no país que estão dando 100% de desconto no IPTU se você mostrar um projeto no seu condomínio. Um projeto de sustentabilidade. Você se enquadra no projeto que a prefeitura solicita, como economia de água, reuso de resíduos. Então, quer dizer, você trabalha essa questão da sustentabilidade e pode ter também a isenção do seu IPTU”, citou na condolive.
O IPTU Verde, porém, não está disponível para todas as cidades do Brasil. É necessário verificar qual cidade se enquadra no possível benefício. Entre as medidas que o IPTU Verde exige para que a pessoa ou condomínio tenha o benefício é a instalação para captação de água de chuva ou o reuso dessa água.
Fala especialista
Para sabermos mais sobre as práticas para economia de água em condomínios, conversamos com a coordenadora do Departamento de Controle e Automação do Instituto de Engenharia, Aurea Vendramin. Confira abaixo como foi a nossa conversa.
1. O que faz mais os condomínios gastarem com água nesse período?
R: Neste momento repleto de interferências ambientais independentemente da tipologia das edificações, podendo ser residencial, assim como comercial, o uso de água para manutenção das atividades diárias é indispensável. Em vários casos, principalmente em condomínios residenciais, esse consumo pode ser significativamente superior ao necessário, mesmo porque, dias quentes requerem banhos mais constantes, irrigações do paisagismo mais frequentes, reabastecimento de água nas piscinas, porque o calor faz a evaporação da água aumentar pontualmente nesta época. Não podemos deixar de falar das falhas de operação e manutenção incorrendo em desperdícios, desperdícios estes que podem ser minimizados por meio da aplicação de práticas de conservação de água.
2. Quais práticas implementar para redução do consumo de água nas áreas coletivas? E no consumo individual de cada unidade?
R: Tendo em vista as características e balanço hídrico do município que o condomínio estiver instalado, entender os indicadores de consumo, chamados IC, a conservação de água se dá através de estudos de viabilidade técnica e econômica, dentre eles, projeto dos sistemas hidráulicos prediais – manutenção e operação adequados, projeto de paisagismo e sistemas de irrigação automatizados, projeto dos sistemas de condicionamento de ar, optando por fontes alternativas de água potável e não potável. Para um consumo individual de cada unidade vantajoso e principalmente atuante, defino sempre como o conjunto de ações que otimizam a operação do sistema hidráulico individual de modo a permitir a utilização apenas da quantidade de água necessária para o desempenho das atividades consumidoras e de ações que promovam utilização de equipamentos de baixo consumo de água.
3. Implantando práticas de redução de consumo, quanto um condomínio pode economizar?
R: Ações que promovam a oferta de água fomentando no próprio condomínio através de fontes alternativas chegam, muitas vezes, em mais de 40% de economias, trabalhando com o objetivo de suprir determinadas atividades e economizar água na gestão permanente, este é o lema, conservação de água garantindo sempre a saúde dos usuários, os desempenhos com qualidade do sistema hidráulico e a manutenção de indicadores de consumo compatíveis com as atividades consumidoras.