A crescente atuação feminina no mundo corporativo e no mercado de trabalho não é novidade no Brasil. No entanto, se antes as mulheres tinham oportunidades mais escassas e direcionadas, hoje elas criam e encontram espaço para trabalhar nos setores que realmente desejam.
A Engenharia, por exemplo, é uma das áreas que vem sendo potencializada pela presença feminina. Engenheira civil e especialista em impermeabilização, Priscila Bezerra atua no mercado há 12 anos e desde o início deste ano compartilha dicas, conhecimento e boas práticas sobre engenharia e impermeabilização nas redes sociais.
Como ela, milhares de engenheiras por todo o país, muito além de enfrentarem os desafios e preconceitos relacionados ao gênero, trazem sua formação profissional e sua visão pessoal para entender problemas, desenvolver soluções e impulsionar o mercado em que atuam para o futuro.
No Mês da Mulher, mais do que somente parabenizar as mulheres, a sociedade tem buscado reconhecer o trabalho feito por elas e identificar seus diferenciais, tanto no âmbito profissional quanto no pessoal. Em áreas tradicionalmente ocupadas por homens, os desafios podem ser maiores, mas não impedem que elas alcancem seus objetivos.
Diferenciais competitivos
A presença feminina no mercado de trabalho, especialmente em setores predominantemente masculinos, apresenta uma série de diferenciais competitivos. Seja pela personalidade individual, seja pela formação ao longo da vida, profissionais mulheres tendem a apresentar um outro olhar para o mercado de trabalho.
A busca por estudo e aprendizado constante, por exemplo, é um dos diferenciais de destaque que podem ser apontados nas profissionais.
Dados da pesquisa “Estatísticas de Gênero: Indicadores Sociais das Mulheres no Brasil”, divulgada pelo IBGE 2018, indicam que as mulheres são maioria com ensino superior completo e compõem a maior parte dos estudantes também em outros níveis educacionais, como ensino fundamental e médio.
Com isso, muitas profissionais mostram não apenas o conhecimento formal para o mercado de trabalho, mas também o desejo de aprender e se atualizar.
Além disso, a mulher tem outro trunfo ao seu favor: as soft skills (habilidades comportamentais) mais desenvolvidas, o que é considerado atualmente um diferencial competitivo para o dia a dia de trabalho. Bezerra destaca alguns: “nós somos detalhistas, empenhadas, organizadas, temos facilidade em executar diversas tarefas simultâneas e, acima de tudo, somos resilientes.”
Presença feminina no mercado
Um levantamento do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA) realizado no início de 2021 apontou que as mulheres compõem 19% dos registros ativos em Engenharia, considerando todos os conselhos regionais do país. São cerca de 183 mil mulheres, em relação a aproximadamente 793 mil homens em atuação no setor.
O número, embora seja baixo comparativamente, está em crescimento e é expressivo em relação ao histórico da Engenharia. Bezerra, que trabalha no setor de manutenção predial, percebe aumento da presença de mulheres em setores que, antes, eram mais ocupados apenas por homens: “No condomínio que eu moro, por exemplo, a maioria das controladoras de acessos são mulheres e a síndica atual também é mulher.”
Empresas e órgãos também têm estimulado a presença de mulheres no setor. Criado em 2018, o Programa Mulher, desenvolvido pelo Sistema Confea/Crea e Mútua, busca promover a equidade de gênero e fomentar a participação feminina.
Vídeo de apresentação do Programa Mulher, publicado pelo perfil institucional do Confea Crea
Satisfação profissional e recomendações para mulheres da área
Bezerra, que se considera uma pessoa lógica e objetiva, traçou sua carreira por identificação com a área. A realização se mostra tanto pelo tempo de atuação quanto pelo desejo de compartilhar seus conhecimentos em impermeabilização em um perfil nas redes sociais.
Para outras mulheres que desejam atuar na área e, assim, alcançar a realização profissional, a engenheira reforça: “a dica é sempre estudar e se especializar para ter um diferencial dentro da engenharia civil. E mais importante ainda é nunca desistir, mesmo enfrentando grandes desafios, como machismo, preconceito, maternidade.”
O caminho para a equidade de gênero na engenharia — e na sociedade — ainda é longo. Contudo, por fim, as conquistas de mulheres na área e as iniciativas institucionais, políticas e sociais têm fortalecido a presença cada vez maior que as mulheres enfrentam para a realização profissional na área.