Ao investir em tecnologia, um síndico traz muito mais que inovação para a vida em condomínio: ele agrega segurança, prevenção contra a disseminação do Covid-19 e muita comodidade. E o reconhecimento facial desempenha esse papel muito bem. Tanto que em levantamento realizado pela consultoria IDC Brasil, a previsão dos gastos com recursos tecnológicos e telecomunicações no país no ano passado é de US$ 64,4 bilhões, um aumento de 7,1%.
Esse resultado reflete mais investimento em soluções de inteligência artificial para segurança, como o uso de câmeras termográficas, portarias remotas e monitoramento por câmeras. “Optamos pela portaria remota para a redução de custos e encargos do condomínio com pessoal e mais segurança. Apesar de certo estranhamento inicial por parte de condôminos mais idosos, a experiência tem sido positiva, principalmente no quesito segurança, pois diversas vezes pessoas não identificadas tentaram entrar no condomínio, mas tiveram o acesso negado pela portaria”, conta a síndica Mara Thereza di Salvo, moradora do bairro Jardim Paulista, em São Paulo, que contratou os serviços da Peter Graber.
Níveis de segurança para diferentes orçamentos
No Brasil, os condomínios residenciais possuem diferentes perfis de consumo e padrões para uso tecnológico, que dependem da receita média e diretrizes condominiais. Até mesmo nos complexos mais comuns, cuja taxa condominial é de R$ 350, há demanda por ferramentas como interfone, controle de acesso, senha, biometria e tags.
Além das tradicionais tags e biometria digital, as demandas atuais se interessam em tecnologias ainda mais refinadas de acesso, como sistemas de portaria remota, chaves virtuais e reconhecimento facial, que conseguem, inclusive, identificar o uso correto de máscaras e realizar o cadastro de visitantes com fotografia.
Entre os condomínios que aderiram ao movimento tecnológico está o Mais São Cristóvão, do Rio de Janeiro, que optou pela implementação da tag veicular e biometria. “Fizemos essas escolhas para melhorar a segurança do condomínio, otimizar os recursos humanos e melhorar os processos. E a experiência tem sido bastante satisfatória, apesar da dificuldade de implantação no sentido de não agradar alguns moradores, pois o controle da garagem ficou mais rigoroso”, explica Pedro Coelho, que atua como supervisor no complexo.
Hightech condominial
Soluções mais modernas com hardware e software de segurança integrados também registram automaticamente o horário de entrada/saída de pessoas e acompanham por vídeo o trajeto de terceiros no condomínio, tudo isso sem a necessidade de contato físico ou cartões de uso compartilhado que, neste momento, seriam contaminantes em potencial.
O leitor facial, solução mais procurada pelo mercado no último ano, identifica se o morador está ou não cadastrado no condomínio para abrir o portão de pedestres automaticamente, e a facilidade também se estende aos visitantes. “O morador pode criar uma ‘pessoa autorizada’ no aplicativo, incluindo dados como nome, dia e horário da visita. O cadastro vai gerar um link para ser compartilhado por aplicativos de mensagem com o visitante, que ao receber a chave, vai tirar uma foto. Essa selfie será enviada para o equipamento na portaria do residencial e, quando o visitante chegar no condomínio, o leitor irá reconhecer seu rosto e abrir a porta automaticamente para ele”, explica Thiago Paulo, COO da condotech Winker.
É importante lembrar que os condomínios também estão sujeitos à LGPD (Lei de Proteção de Dados), então, toda modernização deve considerar a lei.
Ao passo que as tecnologias de acesso foram ganhando ainda mais espaço no setor imobiliário, os projetos de investimento em segurança digital também voltaram a ser discutidos nas assembleias dos condomínios. Adalberto Bem Haja, CEO da integradora de segurança BHC Sistemas, percebeu aumento no interesse dos moradores por câmeras com melhor resolução e com tecnologias inteligentes como vídeo analítico, que usa inteligência artificial e visão computacional para “entender o que está sendo visto”.
O custo de novas tecnologias no mercado
Por padrão, as novas tecnologias sempre chegam primeiro nas grandes indústrias e empresas para depois serem adaptadas para os setores domésticos. Isso porque o custo dessas novas soluções é alto, e precisa de um tempo para otimização e redução do preço final para chegarem ao cotidiano das pessoas.
Um exemplo é a biometria digital, que já está há 15 anos no mercado, mas só foi amplamente utilizada em condomínios na última década. O mesmo acontece para o reconhecimento facial, tecnologia que chegou ao mercado com custo alto e baixa escala de produção. “Recentemente, a solução ficou mais barata por conta do volume ofertado e concorrência de fabricantes, o que possibilitou a aderência para o setor de moradia”, finaliza Adalberto.