Com a verticalização dos grandes centros urbanos, os prédios residenciais fazem mais do que parte da paisagem das grandes cidades: eles são o lugar que as famílias escolhem para chamar de lar. E a área de lazer tornou-se um dos principais atrativos na hora de escolher o seu condomínio ideal para morar, especialmente para os pais, que procuram um lugar que seja seguro, para que seus filhos possam brincar com liberdade e socializar com crianças de sua idade.
Mais que diversão, segundo a psicóloga especialista em terapia cognitivo-comportamental, Viviane Albuquerque, ter um espaço dedicado aos pequenos auxilia no desenvolvimento saudável, tanto físico como emocional da criançada, além de fortalecer o equilíbrio e a coordenação, desenvolvendo as habilidades socioemocionais – competência que ajudam a lidar com as emoções, como a empatia, o saber dividir e se socializar. “Sabemos que em função do confinamento do último ano, com a falta de atividades e socialização no futuro, as crianças podem tornar-se adultos desorganizados emocionalmente e com dificuldades de relacionamentos, por isso, é muito importante interagir e dedicar um tempo aos pequenos”, afirma.
Para a especialista, ter um ambiente lúdico e encantador faz toda a diferença, pois elas criam estórias, interagem e se divertem. “São diversos os tipos de brincadeiras e brinquedos que podem ser disponibilizados na brinquedoteca e playground, esses espaços proporcionam interação e diversão”, destaca.
Diversão e desenvolvimento cognitivo
A psicóloga Jully Maia Novaes, especializada em terapia familiar, reforça os benefícios do ato de brincar, para além da diversão: “a brincadeira é fundamental e deve fazer parte do desenvolvimento infantil, é através do brincar que as crianças traduzem e expressam seus sentimentos, vivências e possíveis dificuldades. Além de ajudar a desenvolver habilidades motoras, sensoriais, afetivas, cognitivas, sociais e culturais, além de promover a socialização e a inclusão”, pontua.
E para saber mais como aproveitar isso tudo nos espaços de lazer infantil, acompanhe nosso bate-papo com a especialista:
Qual a faixa etária das crianças que utilizam a brinquedoteca?
Jully Maia Novaes: Isso pode variar muito de acordo com a estrutura oferecida, como o tamanho do espaço até a escolha dos brinquedos que vão fazer a composição.
Ao longo do desenvolvimento infantil, que vai do zero aos 12 anos, as necessidades e interesses das crianças vão mudando, com isso o ambiente deve promover esse desenvolvimento cognitivo através do brincar. Não existe uma idade mínima para fazer a utilização, mas o ideal é que o ambiente proporcione os brinquedos apropriados.
Geralmente, aos 12 anos, as crianças vão gradualmente perdendo o interesse por atividades em locais fechados e procuram atividades ao ar livre.
Quais tipos de atividades você sugere para cada grupo etário de crianças?
Jully Maia Novaes: Na fase de 1 a 3 anos é importante que os brinquedos estimulem a coordenação motora e os sentidos, como objetos coloridos e com textura ou que emitam algum tipo de som ou ruído. Uma sugestão são os tapetes de EVA que permitem que as crianças também encaixem as letras, investir em jogos de montar e desmontar como lego.
Outra opção são os desenhos com tinta guache usando as pontas dos dedos e também o uso de giz de cera.
Nessa idade também já podemos começar a incentivá-los a recolher os brinquedos.
De 3 a 4 anos é uma fase marcada pela descoberta da criança do seu corpo e o começo do processo de individualidade. Por isso, ela vai precisar aprender a usar seu corpo de forma precisa, conforme a exigência de cada atividade. Sendo assim vai explorar a motricidade fina e também passará a interagir mais com outras crianças. Além disso, inicia-se a fase do faz de conta e as crianças mergulham no mundo de fantasias.
As sugestões são os fantoches, máscaras e fantasias, livros com ilustrações, casinha de boneca, ferramentas de brinquedo, caixa de areia e jogos de memória simples, com frutas ou com bichos.
Entre os 4 e 6 anos, a criatividade está muito presente e o principal foco é explorar o imaginário. Habilidades como estratégia e memória ficam cada vez mais aguçadas. É possível que os primeiros jogos como dominó e quebra cabeça estejam mais presentes.
Além disso, a criança estará cheia de energia e querendo movimentar-se, então brinquedos como carrinhos com cidades, aviões com pistas, casinha de boneca com móveis e também brinquedos que proporcione a criação de cenários.
A partir dos 6 anos, as crianças começam a desenvolver uma maior autonomia pois já estão em fase de alfabetização. Por isso, é importante estimular através do brincar a lógica e estratégia. Os jogos de competição ganham destaque.
As sugestões de brincadeiras são jogos de tabuleiro, os de cartas, como Uno, videogame, patins, skate, patinete e cama elástica.
Que dicas você dá para que a brinquedoteca seja inclusiva para crianças PcD?
Jully Maia Novaes: É importe que o ambiente promova para o PcD autonomia, independência e qualidade de vida, sendo assim primeiramente o espaço precisa ser criado de forma acessível a todos, respeitando as limitações de todos que ali frequentam, não necessariamente somente os PcDs. Precisa também de profissionais qualificados e preparados para acompanhar e promover a integração entre as crianças, além de acompanhar e adaptar as atividades propostas para cada tipo de grupo.
Pensando no projeto
Para saber como dar vida a um espaço de lazer de acordo com a faixa etária de cada pequeno membro da família, com segurança e diversão, conversamos com a designer de interiores, Natália Castello, do escritório Studio Farfalla. Acompanhe:
Como pensar um projeto de acordo com as diferentes faixas etárias infantis?
Natália Castello: Para os bebês sugiro, cercados estofados, espelhos com barras para ajudar a eles ficarem de pé, móbiles, circuitos espumados, que são seguros e não machucam os bebês. Outro item interessante são os painéis sensoriais, com portinhas, engrenagens, campainha e telefone que os bebês gostam e as crianças maiores também. Isso estimula a criatividade, a imaginação, os sentidos delas.
Para as crianças maiores, circuitos maiores com dois andares, com piscinas de bolinhas e certos desafios na passagem do brinquedo, como passagens secretas, ou que precisam subir ou abaixar, o que acaba desenvolvendo a coordenação motora da criança. Os balanços também são bons para trabalhar a coordenação motora, o lúdico.
Já a cama elástica é um excelente item para brinquedoteca de condomínio, porque consegue atender desde crianças pequenas de 2 a 3 aninhos, pois elas têm coordenação de pular sozinha, até crianças de 12 anos, que gostam dessa atividade. E se deixar até os mais velhos vão querer se divertir.
As lousas também são ótimas, já que é possível apagar e desenhar quantas vezes precisar, e é um brinquedo de manutenção – limpeza. E a amarelinha no piso é super simples, mas é super bacana, já que toda vez que a criança passar ela vai se sentir convidada a pular na amarelinha.
As casinhas são perfeitas para brincar de faz de conta e as mesinhas de atividades são um convite para o convívio social, além de estimulá-las a aprenderem a dividir. Enfim, há uma ampla gama de possibilidades para diversão em diferentes faixas etárias.
Quais cuidados devem ser tomados para que o espaço seja seguro?
Natália Castello: A brinquedoteca é um espaço que precisa ser planejado para a criança brincar sozinha, e é claro que as menores precisam estar sempre sendo supervisionadas. Mas, tem que ser um ambiente para ela explorar com segurança e livre. Para isso, não deve conter brinquedos com quinas, botões que possam machucar ou peças pequenas que possam ser engolidas.
Já as espumas em quinas de brinquedos são super indicadas, porque acabam protegendo de acidentes. O mesmo vale para circuitos espumados, colchonetes perto do escorregador, mas sem objetos pontiagudos.
Outra opção de segurança são quinas arredondadas, se for marcenaria, com desenhos orgânicos, ou sem quinas, para não causar acidente, já que a criança corre, brinca e pode se machucar.
Tudo em uma brinquedoteca deve ser pensando no lúdico, mas, principalmente, que seja seguro.
Que dicas você dá para que a brinquedoteca seja inclusiva para crianças PcD?
Natália Castello: Existem diversos brinquedos que são indicados, os mais coloridos, que tenham texturas diferentes, sons, luz e que ajudam no desenvolvimento cognitivo. Porém, as brinquedotecas devem abraçar todas as crianças.
O bacana é trazê-la para um mundo neutro, pois é no brincar que as crianças acabam sendo iguais, que elas não percebem as suas diferenças e delimitações. E é nesse convívio que ela se sentirá incluída.
Claro que a gente precisa pensar em acesso, por exemplo, ter rampas e circuitos que elas possam brincar sozinha. Isso é ter uma brinquedoteca que tenha esse pensamento de inclusão.
Os mais procurados do mercado
De acordo com Percila Paloma, gerente de novos projetos e marketing da Nogueira Brinquedos, o playground ou parquinho no condomínio é fundamental. “Sabemos que com as novas tecnologias, é difícil tirar a criançada da frente das telas do tablet, celular e computador, esses espaços são excelentes opções de diversão ao ar livre, sem contar que faz com que as crianças se movimentam, contribuindo para o domínio das habilidades físicas como força, equilíbrio e coordenação motora, proporcionando a elas desafios e interação”, afirma.
Paloma aponta que a brinquedoteca está entre os itens mais cobiçados pelas famílias, pois o espaço, por ser lúdico e encantador, oferece entretenimento aos pequenos e segurança aos pais. “Os brinquedos mais pedidos pelos administradores ou responsáveis por projetos nesta área, são Kid Play – brinquedão -, área baby, quiosques cenográficos e mesinhas interativas, que promovem diversão para garotada e tranquilidade aos pais”, destaca.
Já o salão de jogos é um local ideal para adultos e crianças porque estimula a convivência entre eles e pode ser aproveitado nos dias de chuva ou no finalzinho da tarde, após um dia cansativo e estressante de trabalho, proporcionando momentos de interação e entretenimento de familiares e amigos.
Neste tipo de ambiente costumam ficar eletrônicos como multijogos – fliperama com mais de 500 jogos clássicos, trio kids – air game, basquete e multijogos tamanho infantil, futirama e Pebolim – Arena Gol. Há ainda a opção de jogos de tabuleiro como dama, xadrez, dominó e outros.