Segundo pesquisa realizada este ano pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) 37,7 milhões de brasileiros são pessoas idosas, ou seja, que têm 60 anos ou mais. E pensando em soluções para melhorar a qualidade de vida dessa parcela da sociedade, que representa quase 20% da população, a advogada especializada em Direito de Família, Rose Ferreira criou o programa “Condomínio Amigo do Idoso”. A iniciativa visa envolver a administração e os moradores de outras faixas etárias, para que atuem em prol do bem-estar, da segurança e da autonomia do morador.
“As pessoas têm dificuldade de entender o processo de envelhecimento, e pensam sempre que velho é o outro. A consultoria que presto e as aulas do curso trazem orientações práticas e uma contextualização da participação do idoso em nossa sociedade”, pontua Rose que é sócia da consultoria RD Longevidade, empresa especializada em criar ecossistemas acolhedores para pessoas com 60 anos ou mais.
O programa, por meio de workshops e treinamentos, orienta a equipe condominial e os moradores de outras faixas etárias sobre ações preventivas como a correção de iluminação precária, o piso escorregadio, a ausência de rampas, a falta de sinalização adequada e de corrimãos,alguns dos maiores riscos percebidos em muitos condomínios residenciais. “Uma queda da própria altura pode representar um enorme risco para os idosos que em muitos casos chegam a fraturar o fêmur e acabam hospitalizados. No ambiente condominial, precisamos trabalhar de forma preventiva, para eliminar os obstáculos capazes de contribuir com a ocorrência de acidentes envolvendo pessoas idosa”, alerta a advogada já que acidentes nas áreas comuns podem resultar em processos judiciais contra os condomínios.
Experiência de quem implementou
A síndica Lucia Helena, do Condomínio Residencial Olímpia, em Niterói, percebeu que 48% dos condôminos dos seis blocos com 96 unidades que administra tinham 60 anos ou mais, e encontrou no programa “Condomínio Amigo do Idoso” um caminho para integrar todos os moradores. Entre as principais mudanças identificadas pela gestora estava, a de mobilidade, acessibilidade e qualidade de vida, para proporcionar um ambiente no qual o idoso é lembrado e respeitado. “A primeira coisa que fiz foi trocar toda a iluminação incandescente por LED, logo a claridade do ambiente proporcionou segurança. Inclusive teve idoso que trocou a iluminação de casa depois que viu o condomínio iluminado. Na sequência, realizamos melhorias na rampa de acesso interno, a manutenção de calçadas e fitas antiderrapante nos degraus da escada. Além disso, fizemos treinamento com a equipe de funcionários sobre a importância de ajudá-los a carregar as compras, abrir o portão e ouvi-los. Também repaginamos o jardim com participação de algumas senhoras, com objetivo de manter a ocupação mental, e promovemos a socialização deles, comemorando o Dia do Idoso – celebrado no dia 1º de outubro -, o que nunca havia acontecido aqui”, conta Lucia.